A educação financeira é uma área transversal e Interdisciplinar cujo propósito é auxiliar indivíduos na escolha de seus rendimentos, no consumo sustentável, em suas decisões sobre investimentos, e na prevenção de situações problemáticas; não deve ser confundida com a matemática financeira, enquanto a primeira se trata de uma área que comunica com as outras como a economia, biologia (meio ambiente e saúde), história, sociologia, geografia, etc., a segunda é específica da matemática.[1][2][3][4]
Desde o surgimento do sistema capitalista, as pessoas tiveram a necessidade de se adaptar ao novo conceito de dinheiro e a suas variáveis (mais complexas, comparativamente aos sistemas econômicos anteriores). As novas relações de troca, domínio e poder fundamentaram as bases econômico-sociais vigentes ainda nos dias de hoje.[5]
A educação financeira surge como resposta para orientar a tomada de decisões, informando sobre os serviços financeiros ofertados, sobre necessidades e desejos de consumo, de necessidades de poupança, financiamento e juros, investimentos e rendimentos. Pode ser entendida como o conjunto de informações que auxilia as pessoas a lidarem com a sua renda, com o gerenciamento do dinheiro, com gastos e empréstimos monetários, poupança e investimentos de curto e longo prazo.[5] A difusão da educação financeira permite que as pessoas aproveitem as oportunidades de produtos e serviços ofertados de uma forma consciente.
A área de finanças pessoais trata da forma como um indivíduo ou uma família administra sua renda, independente do tipo de renda: salário, mesada, bônus, abono. Diariamente, decisões financeiras são tomadas e estas terão impacto na vida pessoal dos indivíduos.
O estudo das finanças pessoais envolve conceitos e técnicas fundamentais para a existência de uma gestão eficiente da renda de uma família. A poupança pode produzir a segurança necessária para a vida do indivíduo, assim como os investimentos de uma pessoa podem ser mais precisos e planejados conforme as suas necessidades de curto e longo prazo, resultando em ganhos maiores para a vida financeira das pessoas. Poupar, não necessariamente, exige o adiamento do consumo presente, visando ao consumo de algo maior no futuro, ou até a redução de consumo de produtos e serviços. Dois objetivos motivam as pessoas a poupar: a possibilidade de consumir mais no futuro, e as adversidades causadas pelo envelhecimento e consequente queda na capacidade de gerar receitas suficientes para arcar com as despesas.[6]
O grande desafio nesse tema é ensinar a cultura do hábito do controle financeiro. Muitos erram precisamente nesse ponto, pois temem analisar os seus gastos mensais. O controle de gastos é algo muito difícil de se realizar, pois, é preciso identificar as questões de cunho emocional que também ofuscam a prática do consumo desordenado. Em pequenas despesas é que as pessoas não se dão conta das despesas no fim do mês, mas valores pequenos alteram definitivamente o orçamento de uma família.[7]
Os participantes no processo de educação financeira são as escolas, as empresas, o governo, as instituições financeiras, e outros, como as organizações não governamentais. Alguns autores afirmam que, se a criança desenvolve os moldes comportamentais e cognitivos antes de e durante a escola elementar, a educação financeira deve ocorrer durante os primeiros estágios de desenvolvimento comportamental e cognitivo.[8]
Para outros, a educação é a grande ferramenta para a redução de desigualdades sociais, evidenciando a importância da educação para o crescimento financeiro de uma pessoa, uma sociedade e um país. É notória esta relação quando se analisam grandes nações que despertaram para o crescimento econômico a partir da educação, o que possibilitou o aumento da renda da sua população.[9]
A educação financeira permite que você administre seus fundos com o objetivo de alcançar a satisfação pessoal.[10]
Educação financeira no território brasileiro
No Brasil, as mudanças trazidas principalmente pela estabilização da economia e a queda da inflação a partir do Plano Real (1994) alteraram como a população lida com seus recursos financeiros. A educação financeira pessoal é fundamental na sociedade brasileira, visto que influencia diretamente as decisões econômicas dos indivíduos e das famílias.[11]
Já pode ser observado o surgimento de iniciativas para a criação de um cenário que possibilite uma maior difusão de informações financeiras para a população. A alfabetização financeira é um processo de responsabilidade do país, das escolas, do governo e das instituições privadas, envolvendo vários atores sociais. A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) disponibiliza, à sociedade, com o seu Programa Educacional, conceitos sobre o tema "educação financeira" por cursos e palestras. Este programa difunde informações a respeito de hábitos de poupança, tipos de investimentos e planejamento de finanças pessoais, além de orientar sobre a importância destes conceitos para o desenvolvimento da economia do país.[12]
O Banco Central do Brasil (BACEN) desenvolveu o Programa de Educação Financeira para orientar melhor as pessoas sobre a importância do planejamento financeiro e também para auxiliar os indivíduos a entender melhor o funcionamento da economia, assim como de seus agentes e instrumentos. O Programa atua em vários níveis para a divulgação de informações financeiras para a sociedade, contendo programas para o ensino fundamental e médio, momentos importantes para a formação do futuro adulto.[13]
Educação financeira em Portugal
A Educação Financeira tem crescido de forma significativa em Portugal, depois dos elevados problemas financeiros que o país atravessou, onde podemos destacar o elevado nível de endividamento das famílias e o aumento do crédito mal-parado, que já atingiu 17,8% da população activa do país segundo dados de 2013 do Instituto Nacional de Estatística.
Está atualmente em estudo um Programa Nacional de Literacia Financeira, estudo liderado pelo Banco de Portugal e pelas principais associações ligadas ao sector financeiro, como a Associação Portuguesa de Bancos e a Associação Portuguesa de Companhias de Seguros, com o apoio de outras entidades relevantes.
A geração Z é a geração dos nascidos entre 1995 a 2010. Conhecidos por serem indivíduos hiperconectados, costumam adotar posturas mais realistas, então entendem e encaram como algo natural o fato de ir à luta para garantir sua independência financeira. [14]
Dentre os diversos desafios do amadurecimento dessa geração, está no fato de gerir seus próprios recursos, aprendendo a utilizar mais racionalmente seu dinheiro e gerir os riscos, criando bons hábitos e evitando impactos negativos em seus orçamentos.[14]
Segundo um estudo feito entre jovem da geração Z pelo CNDL/SPC Brasil, 47% não realizam o controle das finanças. Apesar que 78% possuem alguma fonte de renda, seis em cada dez contribuem financeiramente para o sustento de casa. Contudo, 39,7% daqueles que controlam suas finanças aprenderam a fazer a partir da internet.[14]
Com a homologação da base Nacional Comum Curricular(BNCC), a Educação Financeira passou a ser obrigatória, porém isso ainda não reflete na realidade atual, visto que quase 40% ainda utiliza recursos como a internet. Desse modo, é importante estimular iniciativas e políticas públicas que ajudem a indivídos a estarem mais aptos para lidar com finanças na vida adulta. [14][15]
↑ abMATTA, R. O. B. Oferta e demanda de informação financeira pessoal: o programa de educação financeira do banco central do Brasil e os universitários do Distrito Federal. 2007. 214 p. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) - Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciência da Informação, Universidade de Brasília, Brasília, 2007.
↑HALFELD, M. Investimentos: Como administrar melhor o seu dinheiro. São Paulo: Fundamental Educacional, 2004
↑MACEDO JUNIOR, Jurandir Sell Macedo. A árvore do dinheiro: guia para cultivar a sua independência financeira. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
↑SAITTO, A. T. SAVOIA, J. R. F. PETRONI, L. M. A Educação financeira no Brasil sob a ótica da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Rio de Janeiro: RAP, 2007.)