Dulce Whitaker

Dulce Consuelo Andreatta Whitaker
Conhecido(a) por referência em sociologia rural no Brasil
Nascimento 21 de dezembro de 1934
Curitiba, Paraná, Brasil
Morte 28 de janeiro de 2023 (88 anos)
Araraquara, São Paulo, Brasil
Residência Brasil
Nacionalidade brasileira
Alma mater
Prêmios Prêmio Heleieth Saffioti (2019)
Orientador(es)(as) Aparecida Joly Gouveia
Instituições
Campo(s) Sociologia
Tese Ideologia e práticas culturais: o controle ideológico do trabalhador da cana (1984)

Dulce Consuelo Andreatta Whitaker (Curitiba, 16 de setembro de 1934Araraquara, 28 de janeiro de 2023) foi uma socióloga brasileira, professora emérita da UNESP, conhecida no Brasil por seus trabalhos em sociologia rural.

Biografia

Dulce nasceu em Curitiba, em 1934. A família morou por um breve período no Rio de Janeiro e depois mudou-se para a cidade de Pirapozinho, no estado de São Paulo. Ainda criança, gostava de brincar no quintal de terra batida da casa e na mata atrás da residência, porém lembra-se de ver a mãe infeliz por morar no interior, longe dos confortos da cidade grande.[1]

Seu pai era o alfaiate Honório Andreatta, que acabou ensinando à filha o pensamento científico. Sua mãe, Helena Marques Porto Andreatta, lhe ensinou o apreço pela arte, especialmente o piano. Sua mãe foi grande inspiração em sua carreira científica, pois no agradecimento especial que fez à ela no livro Mulher x Homem: o mito da desigualdade (1988), Dulce a agradece por nunca ter ensinado os trabalhos domésticos.[1][2]

Casou cedo e já com as filhas adolescentes, Dulce ingressou no curso de Ciências Sociais da Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus de Presidente Prudente, em 1967.[3] Por muitos anos foi professora de piano e professora de história na rede estadual de Presidente Prudente. Sob a orientação de Aparecida Joly Gouveia, defendeu na Universidade de São Paulo (USP) sua dissertação de mestrado em 1979, com o título O vestibulando e a cultura legítima: análise do estudante brasileiro dentro do processo de urbanização, que posteriormente foi publicada em forma de livro pela Editora Semente com o título A Seleção dos Privilegiados, livro de referência no país para a compreensão das teorias de Pierre Bourdieu no Brasil.[1][4]

Em 1984, defendeu o doutorado, também pela USP e com orientação da professora Aparecida, com a tese Ideologia e práticas culturais: o controle ideológico do trabalhador da cana. Utilizando-se de redações escritas por filhos de trabalhadores rurais, Dulce buscava compreender os processos de controle ideológico aos quais os mesmos estavam submetidos pela usina de cana de açúcar.[1]

Quando a unificação dos campi criou a Universidade Estadual Paulista, na década de 1970, Dulce ingressou na instituição como professora, transferindo-se então para o campus de Araraquara. Em 1986, foi para a Universidade de Oxford realizar estágio de pós-doutorado com o sociólogo Hermínio Martins. Obrigada a se aposentar no final dos anos 1980, continuou ativa na pesquisa e na pós-graduação da UNESP.[1]

É membro do Núcleo de Pesquisa e Documentação Rural (NUPEDOR).[1] Com as professoras Vera Lúcia Silveira Botta Ferrante e Sonia Maria Pessoa Pereira Bergamasco, liderou um pioneiro estudo sobre assentamentos de reforma agrária no Estado de São Paulo. Atualmente atua também na Universidade de Araraquara, orientando mestrandos e doutorandos nos programas de pós-graduação em Educação Escolar da FCL/AR/UNESP e de Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente.[5]Referência

Em 30 de junho de 2018, Dulce recebeu da UNESP o título de Professora Emérita no campus da Faculdade de Ciências e Letras.[6] Em 18 de abril de 2019, Dulce foi premiada pela Câmara Municipal de Araraquara com o 8º Prêmio “Heleieth Saffioti", em reconhecimento ao seu trabalho social na cidade e no Brasil.[7]

Faleceu em 28 de janeiro de 2023, na cidade de Araraquara.[8]

Publicações selecionadas

  • WHITAKER, D. C. A.; Envelhecimento e Poder: a posição do idoso na contemporaneidade. 1. ed. Campinas: Alínea, 2007. v. 1. 180p;
  • WHITAKER, D. C. A.; Sociologia Rural: Questões Metodológicas Emergentes. 1. ed. Presidente Venceslau: Letras à Margem, 2002. v. 1. 256p;
  • WHITAKER, D. C. A.; Memória viva: a história de Borborema. São Paulo: Moderna, 2000;
  • WHITAKER, D. C. A.; Censo de Assentamentos Rurais do Estado de São Paulo: Araraquara. Araraquara-SP: UNESP, 1995. 138p;
  • WHITAKER, D. C. A.; Mulher - Homem: O Mito das Desigualdades. São Paulo: Moderna, 1988. 96p;
  • WHITAKER, D. C. A.; A Escolha da Carreira. São Paulo: MODERNA, 1985;
  • WHITAKER, D. C. A.; A Seleção dos Privilegiados. São Paulo: Semente, 1980. 132p.

Referências

  1. a b c d e f CNPq (ed.). «Dulce Whitaker». Pioneiras da Ciência. Consultado em 12 de março de 2020 
  2. Whitaker, Dulce (1988). Mulher x Homem: o mito da desigualdade. São Paulo: Moderna. p. 150. ISBN 9788516002718 
  3. «Dulce Consuelo Andreatta Whitaker - BV FAPESP». FAPESP. Consultado em 23 de junho de 2018 
  4. Whitaker, Dulce (1981). A seleção dos privilegiados: um estudo sobre a educação brasileira. São Paulo: Editora Semente. p. 132 
  5. Whitaker, Dulce; Kato, Danilo Seithi (20 de fevereiro de 2013). «Educação, sociologia e cursinhos populares: entrevista com Dulce Whitaker». Cadernos CIMEAC. 3 (1): 5–12. ISSN 2178-9770. doi:10.18554/cimeac.v3i1.1446. Consultado em 23 de junho de 2018 
  6. «Dulce Whitaker recebe título de Professora Emérita na Unesp». Jornal Imparcial. Consultado em 12 de março de 2020 
  7. Rita Motta (ed.). «Socióloga Dulce Whitaker é homenageada com Prêmio Heleieth Saffioti». Ponto de Vista Urbano. Consultado em 12 de março de 2020 
  8. g1 São Carlos e Araraquara (ed.). «Dulce Whitaker, socióloga e professora emérita da Unesp, morre aos 88 anos em Araraquara». g1. Consultado em 29 de janeiro de 2023