Domingos de Val
Domingos de Val ou del Val (Dominguito em castelhano e inglês; Domenico em italiano) foi um acólito de Saragoça, Espanha.[1][2] Segundo a lenda, teria sido um infante do coro da Catedral do Salvador de Saragoça, vítima de um assassinato ritual no dia 31 de agosto de 1250 supostamente feito por judeus.[3][4] As evidências acerca de sua história são incertas, além das lendas criadas em torno dele. Domingos de Val não é mais incluído no novo calendário litúrgico católico romano oficial, embora a capela dedicada a ele na Catedral de Saragoça ainda exista. A lendaA base histórica para a lenda é incerta. Não há referências medievais encontradas; o primeiro texto que conta a história é de 1583[5], ou seja, 333 anos após o suposto ocorrido. A história aparenta ter sido copiada da lenda do Pequeno Santo Hugo de Lincoln. De acordo com os relatos, Afonso X de Castela escreveu a capitulação original em 1250, dizendo: "Nós ouvimos que uns judeus muito cruéis, em memória da Paixão do Nosso Senhor na Sexta-feira Santa, sequestraram um menino cristão e o crucificaram". De acordo com a lenda, Domingos era filho de Sancho de Val, notário, e Isabel. Aos sete anos foi sequestrado por um judeu chamado "Albayuceto" (ou "Albay-Huzet", nome que, por "soar hebraico" mas não ser de fato um nome judaico existente, suspeita-se ter sido inventado pelo escritor da lenda) que, com outros companheiros judeus, trataram de repetir a Paixão de Cristo e o crucificaram em uma parede com três cravos, de braços abertos. Após isso o decapitaram e cortaram os pés, escondendo o corpo nas margens do Rio Ebro. Uns pescadores, vendo luzes estranhas, avisaram as autoridades, que encontraram o corpo enterrado no local de onde saíam as luzes.[2][4] Os restos mortais do santo teriam sido levados para a Igreja de São Gil e mais tarde para a catedral, onde existe a Capela de São Domingos de Val, local de veneração das relíquias. A lenda é muito parecida com várias outras que alegavam o assassinato de crianças cristãs nas mãos de judeus, como a "Santa Criança de La Guardia" (inspirada em um processo inquisitorial real de 1491). Durante a Idade Média, era muito comum surgirem estes tipos de lendas para fomentar medidas repressivas contra o povo judeu.[5] A veneraçãoDomingos foi canonizado e é considerado padroeiro dos acólitos.[3] Após o Concílio Vaticano II, seu culto foi suprimido, e sua festa removida do calendário litúrgico da Missa Nova, após não terem sido encontrados vestígios de sua existência. Também foi criada uma confraria de lavradores para celebrá-lo e comemorá-lo. A confraria foi renovada em 1496, ano em que os restos mortais do menino foram transladados da Capela de São Vicente para a sacristia. Mais tarde foram levados para a Capela do Espírito Santo, onde ficaram até 1671, ano de criação de sua própria capela, ainda hoje existente. Ver tambémReferências
Bibliografia
|