Displasia coxofemoral canina

 Nota: Para a doença em seres humanos, veja Displasia de desenvolvimento da anca.
Raio X de um cão Labrador com displasia coxofemoral bilateral

A displasia coxofemoral (português brasileiro) ou displasia de anca (português europeu) é uma afecção de cães e gatos definida como uma doença hereditária biomecânica, representada pela disparidade entre a massa muscular primária e o rápido crescimento ósseo, levando a uma instabilidade na articulação coxofemoral (conexão entre a cabeça do fêmur, ligamento e acetábulo).[1][2][3]

Características

A displasia coxofemoral é caracterizada por uma instabilidade na articulação coxofemoral (a conexão entre a cabeça do fêmur, ligamento e acetábulo) causando gradual perda da cartilagem e por consequência o desgaste e deformação da cabeça do fêmur e do acetábulo, causando dor e dificuldade de locomoção.[1] Pode ser hereditária ou adquirida.

Incidência

Esta afecção pode acometer cães de todas as raças, mas principalmente raças de porte grande e gigante com crescimento rápido. É muito improvável que cães de menos de 12 kg sejam acometidos. É uma doença rara em gatos. Algumas das raças com maior incidência de displasia coxofemoral são: Rottweiler, Pastor Alemão, Labrador Retriever, Golden Retriever, Pit Bull, Akita Inu e Akita Americano e Fila brasileiro.[4]

De acordo com censo da UNESP de cães radiografados num período de 8 anos, as duas raças mais diagnosticadas com a displasia foram o Rottweiler, em primeiro lugar, e o Pastor alemão, em segundo, correspondendo respectivamente a 28,19% e 19,69% de todos os 259 cães diagnosticados neste período.[5]

As raças com baixa incidência são os de tipo lebréu: Greyhound, Borzoi, Wolfhound irlandês, Afghan hound, Whippet e Saluki, pela alta relação entre a massa muscular e massa corporal.

Causas, profilaxia e sintomas

A etiologia ou causa é variada, incluindo:

  • Rápido desenvolvimento ósseo sem sincronia com o desenvolvimento muscular;
  • Excessiva alimentação resultando em peso excessivo;
  • Distrofia da musculatura, exercício intenso em filhotes;
  • Ossificação endocondral anormal.

Quando hereditária, geralmente os filhotes são normais na primeira semana de vida e apenas posteriormente vão desenvolvendo a doença de forma gradativa. Nestes casos, os sinais tardios podem começar até os 24 meses de idade.

Em caso de displasia adquirida, para preveni-la é importante evitar pisos lisos, realizar exercícios moderados visando fortalecer a musculatura da pélvis, e deve-se evitar ao máximo a obesidade.

A dor, com conseqüente claudicação e impotência funcional do(s) membro(s) pélvico(s), é causada inicialmente em (animais jovens) pela lassidão e instabilidade articulares e, na fase crônica da doença (animais adultos), pela degeneração da articulação devido à incongruência articular. Tal degeneração resulta em lesões na cartilagem, micro fraturas da cabeça do fêmur e do acetábulo e processos inflamatórios da cápsula articular.

Diagnóstico

O diagnóstico é feito pelos sintomas, avaliação clínica, e achados radiológicos.

Classificação da Displasia Coxofemoral em cães

O grau de displasia, segundo diagnóstico radiográfico, é classificado em 5 graus tomando como base o método de Norberg, conforme a tabela à baixo:[6][7]

Classificação
Grau Descrição Reprodução
HD- Sem sinais de displasia coxofemoral Apto à reprodução
HD+/- Articulações coxofemorais próximas do normal Apto à reprodução
HD+ Displasia coxofemoral de grau leve Ainda permitido
HD++ Displasia coxofemoral de grau moderado Não apto à reprodução
HD+++ Displasia coxofemoral de grau severo Não apto à reprodução

Os graus são nomeados com HD de Hip Dysplasia, em inglês "displasia de anca". Porém os mesmos graus de displasia podem também ser classificados da letra A à letra E, sendo o A equivalente ao grau HD-, e assim consecutivamente.[7]

Em algumas raças de cães, indivíduos com articulação coxofemoral classificadas como de grau HD+ já não são utilizados para reprodução. Em outros casos, quando permitido, cães HD+ só podem ser acasalados com cães HD-.[7]

Apesar de que o exame radiográfico possa ser realizado mais cedo, o diagnóstico definitivo só é dado aos cães à partir de 2 anos (24 meses) de idade.[8]

Tratamento

Displasia em rottweiler. Exame radiológico com uso do ângulo de Norberg

O tratamento da displasia coxofemoral pode ser conservativo com anti-inflamatórios não esteroides, analgésicos e condroprotetores, redução do exercício, controle do peso, fisioterapia; ou cirúrgico com pectinectomia, osteotomias corretivas, artroplastia das bordas acetabulares, osteotomia pélvica tripla, sinfisiodese, e denervação . Uma forma de evitar que os reprodutores transmitam esta doença aos filhotes, é diagnosticar todos os exemplares da raça através de radiografias e evitar o cruzamento dos animais afetados, já que é transmitida de forma hereditária. Um cão que tem displasia coxo-femoral pode viver uma vida normal, sempre que sejam levados a consideração os cuidados de controle de peso, exercícios e medicação. Portanto, na hora de comprar um filhote de cão, principalmente das raças mais sujeitas à displasia, lembra que por mais que peça ao criador que apresente o certificado de displasia dos pais, isto não pode garantir que seu filhote não tenha este problema (já que é uma doença (hereditária). E caso você já tenha um cão em casa, procure seu veterinário para realizar esse exame, a fim de evitar que a doença se espalhe. Atualmente já se pode ser feito tratamento com células-tronco.

Ver também

Ligações externas

Referências

  1. a b «Hip Dysplasia in Dogs | What is Hip Dysplasia? | petMD». www.petmd.com. Consultado em 21 de setembro de 2018 
  2. «Displasia coxofemural em cães: entenda porque o suplemento é fundamental – Vansil». vansil.com.br. Consultado em 21 de setembro de 2018 
  3. «Displasia coxofemoral». Veterinária Icaraí 
  4. «Displasia Coxofemural: O que É Isso? - Saúde Animal». Saúde Animal. 24 de novembro de 2015 
  5. «AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA DA ARTICULAÇÃO COXOFEMORAL EM CÃES SUBMETIDOS A EXERCÍCIOS FÍSICOS» (PDF). TABELA 2. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária. Janeiro de 2013. Consultado em 1 de março de 2018 
  6. SONAGLIO, FRANCIELE (2009). «ETIOPATOGENIA E DIAGNÓSTICO DA DISPLASIA COXOFEMORAL CANINA: REVISÃO DE LITERATURA» (PDF). Tabela 1 (SOUZA; TUDURY, 2003). UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÀRIDO. Consultado em 1 de março de 2018. Arquivado do original (PDF) em 2 de março de 2018 
  7. a b c Magaldi, Eliane. «A Displasia Coxofemural». rottrio.com.br. Consultado em 21 de setembro de 2018 
  8. «Displasia Coxofemoral, Normas da CBRV» (PDF). COLÉGIO BRASILEIRO DE RADIOLOGIA VETERINÁRIA. Consultado em 1 de setembro de 2018 

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