Deuses ferreiros normalmente estão ligados (ou são os próprios deuses regentes) ao fogo, ao ferro e ao metal, ou algumas vezes aos deuses guerreiros, outros, posteriormente, viravam deuses da guerra, outros ainda foram convertidos por outras religiões em demônios.
Entenda-se deuses como deidades, podendo serem deuses, semideuses, entidades ou santos.
Desde os primórdios da humanidade o homem cultua as forças da natureza e através dos deuses ele as representava, bem como alguns elementos.
Apesar de o metal já ser conhecido, pois, muitos povos usavam o metal de meteoros ou sílex para fazer facas, pontas de flechas e instrumentos para perfurar, que eram tratados como a pedra, através da percussão e do polimento. O forno, o fole, a bigorna, o martelo e a técnica de fusão e tratamento do ferro revolucionaram o uso dos metais, possibilitando o surgimento da metalurgia, com a qual o homem passou a produzir a própria matéria de que serão feitas ferramentas. O ferreiro passou a ser o mestre e o fabricante de ferramentas e armas, adquirindo, em todos os povos que dominam a metalurgia, um papel de destaque. Com seus segredo, rituais e tecnologia, os ferreiros passam a influenciar a representação dos deuses de vários povos, além de criarem uma série de novos Tabus. Surgem os deuses ferreiros ou os deuses que usam o martelo, a bigorna ou mesmo o fogo, na forma de raio, para simbolizar o poder e a força. Surgem os tabus que afastam as oficinas das aldeias impedindo o acesso de pessoas estranhas à atividade metalúrgica e, principalmente, a presença de mulheres. Acreditava-se, em alguns povos, que se a mulher olhasse o trabalho do ferreiro, uma grande maldição ou praga cairia sobre ele. O poder do ferro, e consequentemente, do fole, do martelo e da bigorna, é tão grande que estas ferramentas passam a ser vistas como mágicas, atuando por conta própria.
Visando um sincretismo entre os diversos Panteões, povos e religiões, sem compará-los com relação às suas diferenças de entendimento (por exemplo: um Deus em uma religião pode ser interpretado como um demônio em outra), vamos listá-los abaixo de forma resumida.
Agni é o Deus do Fogo hindu. Atar, no Zoroastrismo, literalmente quer dizer fogo, símbolo de força radiante e criadora de vida de Aúra-Masda. No Budismo Indo-Tibetano, ele é um lokapala e guarda o Sudeste.
Bastet, Bast, Ubasti, Ba-en-Aset ou Ailuros (palavra grega para "gato"). Deusa egípcia com cabeça de gato. Filha de Rá. Deusa do lar, do fogo e das mulheres grávidas.
Brigit é uma deusa britânica celta e na irlanda. Três deusas associadas ao Fogo e ao trabalho com metais, à poesia e com a maternidade e o nascimento. É filha de Daghda. Na Bretanha prérromana, era a Deusa protetora da tribo Brigantes, e tem associações com rios como tantas deusas celtas. Era confundida na mitologia cristã com Bridget.
Camaxtli' era o deus da caça, da guerra, da esperança e do fogo (que havia inventado). Foi um dos quatro deuses criadores da terra. Os Chichimecas o consideravam seu deus tribal. Esse deus está ligado à mitologia Tlaxcalteca.
Credne, o artesão é um deus Irlandês (Celta). Um dos três Deuses-ferreiros. Artesão do metal trabalhado, em geral bronze, latão ou ouro. Os outros dois são Goibhniu e Luchta.
O Deus do Martelo não tem nome registrado ou escrito, só restaram alguns registros é um deus Gaulês Continental (Celta). Várias imagens e ícones ainda restam. Representado como homem barbudo de aspecto agradável e amistoso. Sempre traz um malho (martelo) grande em geral com cabo comprido. Quase sempre com uma caneca ou panela. Em várias imagens a cabeça é coroada de folhas, e costuma ser representado acompanhado por um cão. Restam ainda algumas inscrições; algumas lhe dão o nome de Sucellus (Bom Golpeador), ocasionalmente é confundido com Silvanus, deus romano; embora deva se observar que o Silvanus romano nunca é visto com um malho). Por seus atributos, também é identificado com Daghda. Parece ter várias funções: curandeiro, espírito que preside as colheitas, e, de modo especial, a vindima, protetor e espírito Silvestre.
Goibhniu, o ferreiro é um Deus celta da antiga Irlanda seu nome deriva de Goban (Ferreiro). Deus da arte da ourivesaria, forma uma trindade com Credne e Luchta, que além do seu ofício de ferreiro mágico também é conhecido como promotor do Fled Goibnenn, um Banquete Sagrado. Associado também à preparação de bebidas fermentadas (também era o deus da cerveja), algumas lendas contam que ele formulou e possuía uma poção da imortalidade, o elixir da vida eterna; Hefaistos (grego) era um deus ferreiro que também preparava cerveja. Seu nome preservou-se em Abergavenny (rio de Goibhniu). Na mitologia galesa, seu equivalente é Govannon.
Hadúr, algumas vezes grafado Hadur ou Hodur, era a princípio o Deus do Fogo e posteriormente o Deus da Guerra na religião nativa dos húngaros, anterior ao cristianismo. Ferreiro dos Deuses, tem como seu metal sagrado o cobre. Supostamente forjou a lendária Espada de Deus (Isten Kardja), que foi encontrada por Átila, o Huno, e que possibilitou a ascensão dos Hunos (Império Huno). Era costume sacrificar garanhões brancos para ele antes de uma batalha.
Huracán é um dos três principais deuses da mitologia maia, deus dos ventos, das tempestades e do fogo que depois se incumbia da perene construção e destruição na natureza.
Temido, era chamado o de uma só perna por vezes representado como uma serpente. A ele se atribuiu uma grande inundação depois que os homens se rebelaram contra os deuses, e após fazer cessar as chuvas torrenciais que provocara, evocou repetidamente terra, terra até que a terra emergiu dos oceanos.
É seguro afirmar que seu nome deu origem ao vocábulo "furacão" na língua portuguesa.
Kotar, Kautar ou Chusor — deus canaanita da metalurgia, senhor de feitiços e encantamentos. Construiu um palácio para o deus Baal e forjou as armas para a luta contra o deus-mar Jamm.
Manco Capac foi o primeiro rei da cidade de Cuzco nascido no século XI, havendo várias lendas que recontam sua história.
Estima-se que Manco Capac morreu em 1107. Ele reinou antes de ser criado o título Supa Inca, tanto que seu nome incorpora o título Capac que até então usava e que grosseiramente pode ser traduzido como senhor da guerra.
No mito da Lenda Inty, Manco Capac é tido como filho de Inty, o deus do sol e irmão de Pachacamac. Ele e seus irmãos foram enviados pelo deus sol e emergiram neste mundo nas cavernas de Pacaritambo trazendo um povo dourado chamado de tapac-yauri.
Ele teria sido instruído a construir um templo para o deus Sol no lugar onde emergiram da terra mas o lugar não era apropriado e então eles viajaram por túneis subterrâneos até Cuzco onde erigiram um templo em honra ao pai deles, Inti, o deus Sol.
Durante a viagem para Cuzco, um irmão (e também uma das irmãs) de Manco Capac se transformou em pedra (Huaca).
Numa outra versão, os irmãos de Manco Capac emergiram no Lago Titicaca.
Ogum (Candomblé, Santeria e Culto Tradicional Iorubá)
Ogum (em iorubá: Ògún) é, na mitologia iorubá, o orixáferreiro,[8] senhor dos metais. Segundo algumas lendas, certo dia Ogum estava caminhando por uma estrada quando viu uma bola de fogo descer do céu, ouviu um barulho estrondoso e foi ver onde aquela bola de fogo havia caído. Ao chegar lá, viu na cratera um metal desconhecido e que após algum tempo se endureceu, e era muito forte, e o usou para forjar suas ferramentas, tanto para a caça, como para a agricultura, e para a guerra. Na África seu culto é restrito aos homens, e existiam templos em Ondô, Equiti e Oió. Era o filho mais velho de Odudua, o fundador de Ifé.
Ogum é considerado o primeiro dos orixás a descer do Orum (o céu), para o Aiê (a Terra), após a criação, um semideus visando uma futura vida humana. Em comemoração a tal acontecimento, um de seus vários nomes é Oriqui ou Ossim Imolê, que significa o "primeiro orixá a vir para a Terra".
Ogum foi provavelmente a primeira divindade cultuada pelos povos iorubás da África Ocidental. Acredita-se que ele tenha wo ile sun, que significa "afundar na terra e não morrer", em um lugar chamado 'Irê-Equiti'.
Na Santeria cubana – Oggun: Orisha do ferro e dos minerais, gosta da guerra, por isso não é bem-vindo entre os outros santos. É simbolizado pelos machados, martelos e outros instrumentos feitos de ferro e metal. Seus colares e suas cores são o preto e o verde e seu número é o 7. (Ver: Religião em Cuba)
Ptá, Tanen, Ta-tenen, Tathenen ou Peteh. O deus do fogo egípcio. Os egípcios deram à sua terra o nome do deus do Fogo e da Alquimia. Hete-Cá-Ptá: "A Terra do Corpo Sutil de Ptá", ou simplesmente Egito. Criador do mundo e patrono dos artífices.
Santo Elígio (Santo Elói) — comemorado em 01/12 - Protetor dos ourives, mecânicos, pelos que trabalham com metal, ferreiros, seleiros, ferradores, carroceiros e garagistas.
Comemorado em 20/01 - Protetor dos presos, dos arqueiros, de pessoas com feridas, pestes e doenças contagiosas. Sincretizado em alguns Candomblés com Ogum.
Tor (Nórdico/viquingue)
{{Artigo principal|[[Tor (deus)}}
O deus da batalha e da forja, da guerra da vitalidade e do trabalho. Filho de Odim. Senhor dos Trovões e mestre dos trabalhos nos metais. Grande construtor.
Varuna era um deus arquiteto e ferreiro, devido a isso possuía um conhecimento infinito. Organizou os ciclos do Sol, colocou cada rio em seu caminho, ordenou as fases da Lua, estruturou o relevo da Terra e se encarregou de nunca deixar o oceano cheio demais. Por tudo isso ele tornou-se o rei dos deuses e assim pôde dominar também sobre o destino dos homens; sustentando a vida e a protegendo do mal. Porém um grande monstro desafiou os deuses e também Varuna. E uma profecia revelou que Varuna não poderia vencê-lo. O único capaz de vencer o monstro seria Indra, que ainda nasceria, e após vencer, tomaria o lugar de Varuna. Varuna tentou impedir o nascimento de Indra, mas foi impossível, o jovem deus nasceu e tendo poder sobre os raios e tempestades venceu o monstro e se tornou o novo rei dos deuses. Varuna então se tornou o rei dos oceanos e senhor da Noite, dividindo o céu com Surya, o deus do Dia.
Kinyras — Um deus reverenciado em Chipre, mas originário da Síria onde além de ser o deus da fundição de ferro é também o criador da magia e da música.
Kurdalaegon — Para os povos da Ossétia, no Cáucaso, é o deus dos ferreiros e ao mesmo tempo o porteiro do outro mundo, pois é ele que coloca as ferraduras nos cavalos dos homens mortos para que façam a última jornada. Por isso exerce papel essencial nos ritos fúnebres dessa etnia.
Shossu — Deus dos ferreiros entre os abecazes, do Cáucaso. Sua imagem era representada pela própria bigorna e sobre ela eram celebrados os juramentos e as promessas.
↑Lindemans, Micha F. «Encyclopedia Mythica». Qaynan (em inglês). Pantheon.org. Consultado em 17 de agosto de 2009. Arquivado do original em 8 de junho de 2010