Deep Throat (The X-Files)
"Deep Throat" é o segundo episódio da primeira temporada da série de ficção científica The X-Files. Ele foi exibido pela primeira vez nos Estados Unidos pela Fox no dia 17 de setembro de 1993. Escrito pela criador e produtor executivo Chris Carter e dirigido por Daniel Sackheim, o episódio apresenta vários elementos que se tornariam as bases da mitologia da série. No episódio, os agentes Fox Mulder e Dana Scully investigam uma possível conspiração dentro de uma base da Força Aérea dos Estados Unidos, e Mulder encontra um misterioso informante que o aconselha a ficar longe do caso. Irredutível, ele segue em frente e chega o mais próximo da verdade sobre vida extraterrestre do que antes, porém todo o seu progresso é apagado de sua memória. O episódio apresentou o personagem Garganta Profunda, interpretado por Jerry Hardin, que serve como o informante de Mulder durante a primeira temporada. O personagem foi inspirado no histórico Garganta Profunda, e tinha o propósito de servir como uma ligação entre os protagonistas e os conspiradores que eles iriam investigar. O episódio em si se foca em elementos comuns da ufologia, se passando em um lugar semelhante a Área 51 e a Nellis Air Force Base. Ele contém vários efeitos especiais que Carter posteriormente descreveu como "bons, em função das restrições [da série]"; apesar de ter destacado como mal feita a cena com as luzes piscando. "Deep Throat" foi assistido por aproximadamente 6.9 milhões de domicílios e 11 milhões de telespectadores em sua primeira exibição, recebendo boas críticas. EnredoNo sudoeste de Idaho, perto da Base Aérea Ellens, a polícia militar invade a casa do Coronel Robert Budahas, que roubou um veículo militar e se escondeu dentro da casa. Eles encontram Budahas no banheiro, tremendo e coberto por erupções cutâneas. Quatro meses depois, os agentes do FBI Fox Mulder e Dana Scully se encontram em um bar de Washington, D.C. para discutir o caso de Budahas. Mulder explica que Budahas, um piloto de testes, não foi visto desde a invasão e que o exército não comenta sobre sua condição; o FBI se recusou a investigar. Mulder afirma que outros seis pilotos da base estão desaparecidos, que é o centro de rumores sobre aeronaves experimentais. Enquanto vai ao banheiro, Mulder é abordado por um misterioso informante chamado "Garganta Profunda", que o aconselha a ficar longe do caso. Ele afirma que Mulder está sendo vigiado, o que mais tarde prova-se verdade. Mulder e Scully viajam até Idaho e encontram-se com a esposa de Budahas, Anita, que afirma que seu marido demonstrou comportamento errático antes de desaparecer. Ela os leva até a casa de uma vizinha, cujo marido, também piloto de testes, está se comportando de forma similar. Scully consegue marcar um encontro com o Coronel Kissell, o diretor da base, porém ele se recusa a falar quando os dois vão até sua casa. Os agentes posteriormente conhecem Paul Mossinger, um repórter local, que os indica a um restaurante local; lá, eles discutem OVNIs com a dona, que acredita ter visto vários na região. Ao visitar a base durante a noite, os dois testemunham uma misteriosa aeronave realizar manobras impossíveis no céu. Eles fogem quando um helicóptero se aproxima, aparentemente perseguindo o casal adolescente Emil e Zoe. Em uma lanchonete, os jovens contam aos agentes sobre as luzes e como eles acreditam que OVNIs são lançados da base. Enquanto isso, Budahas volta para casa sem lembrar do que aconteceu. Depois de saírem do restaurante, Mulder e Scully são confrontados por agentes vestidos de preto, que destroem as fotografias que eles tiraram e mandam que os dois deixem a cidade. Mulder, sem se abalar, entra na base com a ajuda de Emil e Zoe. Ele vê uma aeronave triangular voar baixo, e logo em seguida é capturado por soldados que apagam sua memória. Enquanto isso, Scully reencontra Mossinger, que é na verdade um agente da base. Scully o força a levá-la até a base e o troca por Mulder. Sem a verdade sobre a base, os dois voltam para Washington. Dias depois, Mulder encontra Garganta Profunda enquanto corre em uma pista de atletismo. Mulder pergunta se os alienígenas estão realmente na Terra; Garganta Profunda afirma que "eles estão aqui há muito, muito tempo".[1][2] ProduçãoDesenvolvimentoEste episódio marcou a primeira aparição de Jerry Hardin como Garganta Profunda. Chris Carter, criador da série, afirmou que o personagem foi baseado no Garganta Profunda histórico,[3] um informante que vazou informações sobre as investigações do FBI sobre o caso Watergate para os jornalistas Carl Bernstein e Bob Woodward.[4] O verdadeiro Garganta Profundo foi revelado como sendo W. Mark Felt, vice-diretor do FBI.[5] Outra influência foi X, o personagem interpretado por Donald Sutherland no filme de 1991 JFK.[3] Carter criou o personagem para estabelecer uma ligação entre Fox Mulder e Dana Scully com os conspiradores que eles enfrentam, descrevendo Garganta Profunda como um homem "que trabalha em um nível do governo que nem sabíamos que existia".[3] Hardin chamou a atenção de Carter no filme The Firm,[6] que descreveu a escolha como "muito fácil". O ator voou para Vancouver a cada algumas semanas para gravar suas cenas. Carter disse que a interpretação dele era "muito, muito boa".[7] De acordo com Carter, ficou evidente durante esse episódio que The X-Files era uma "série em desenvolvimento". "Deep Throat" foi inspirado na ufologia comum. Pessoas que acreditam em alienígenas acham que a Área 51 e a Nellis Air Force Base em Nevada capturaram tecnologia extraterrestre no caso Roswell em 1947. O nome Base Aérea Ellens foi tirado de uma namorada colegial de Carter, cujo último nome era Ellens. A história do projeto militar foi inspirada pelo rumor de que a Força Aérea dos Estados Unidos havia começado um projeto chamado Projeto Aurora. Carter disse lembrar-se das pessoas falando sobre esse rumor e que sua inclusão no episódio foi uma referência. O sobrenome Budahas veio de um antigo amigo de Carter. Duchovny e Anderson nunca haviam segurado uma arma antes, e acabaram recebendo treinamento especial para saberem como usá-las adequadamente.[7] FilmagensAs cenas em que Mulder se infiltra na base aérea foram filmadas em uma base real da força aérea. Com um orçamento limitado e o cronograma de uma série de televisão, Carter disse que os efeitos pareciam "bons, em função das limitações" que enfrentaram. O OVNI foi construído digitalmente baseado no que Mat Beck, supervisor de efeitos visuais, descreveu como "uma espécie de plataforma circular de luz".[8] Carter comentou a direção de Daniel Sackheim, dizendo que o episódio foi "filmado muito bem". No final das gravações das cenas noturnas, o Sol já estava começando a nascer, forçando o diretor de fotografia John Bartley a preparar seus ângulos e iluminação para tentar manter a cena o mais escura possível.[7] A cena em que Mulder entra na base já havia sido reescrita para acontecer de noite e não à tarde; o Sol fez a cena ser filmada como havia sido originalmente escrita.[3] A casa usada para os planos exteriores do lar da família Budahas foi reusada na série seguinte de Carter, Millennium, como a casa do protagonista Frank Black. O dono da casa era um comissário de bordo que frequentemente encontrava membros do elenco e da equipe quando eles viajam para Vancouver.[9] A cena inicial com Duchovny e Anderson no bar foi gravada em um restaurante de Vancouver chamado The Meat Market. O lugar era o único bar que a equipe conseguiu encontrar que não havia sido reformado por causa da Expo 86 e ainda tinha um visual "bem usado". Ele apareceu novamente em "Piper Maru", da terceira temporada.[10] O restaurante de beira de estrada usado para os interiores do "Restaurante Disco Voador" era tão isolado das outras locações que um ônibus foi disponibilizado para transportar a equipe e economizar dinheiro. Apenas Al Campbell, o iluminador, fez uso do ônibus, fazendo os produtores abandonar essa ideia até "Herrenvolk", da quarta temporada.[11] O ator convidado Seth Green afirmou que apesar de ter sido escolhido para fazer o "garoto maconhado" Emil, e de já ter "conquistado o mercado como o afável maconhado em TV e cinema", ele nunca usou maconha. Green disse que seu primeiro dia de gravações começou pouco depois de Duchovny ter terminado sua última cena; Green ficou impressionado pela postura e habilidade de improvisação de Duchovny, dizendo que os dois ficaram "brincando o tempo todo".[12] Pós-produção
—Chris Carter[13] Carter afirmou que as cenas com as luzes no céu foram os "piores efeitos que já fizemos", em função do orçamento e tempo; ele também comentou que os efeitos especiais ainda estavam em sua infância. Mat Beck foi o supervisor e produtor de efeitos especiais durante a primeira temporada; ele e Carter tentaram, sem sucesso, fazer os efeitos especiais parecerem tridimensionais e "melhores". De acordo com Carter, o resultado parecia um "tipo de Pong de alta tecnologia".[7] "Deep Throat" marca a estreia de Mark Snow como o compositor solo da trilha sonora da série. Carter afirmou que ele e a equipe de produção estavam "temerosos" em usar música de mais no episódio, e na primeira temporada como um todo. A narração de Anderson perto do final foi inserida após reclamações dos executivos da Fox, que desejam um encerramento maior. Eles acharam que o público não deveria ficar "confuso" após assistir o episódio e que eles deveriam ter pelo menos uma vaga ideia do que estava acontecendo. As narrações tornaram-se uma técnica comum pelo restante da série.[7] TemasAcadêmicos citaram a fala de Garganta Profunda para Mulder sobre algumas verdades devem ser mantidas em segredo do público como representando a dificuldade de fazer grandes organizações se responsabilizarem por transgressões; Richard Flannery e David Louzecky, escrevendo no livro The Philosophy of The X-Files, comparam a vontade de Garganta Profunda de esconder a verdade sobre a vida alienígena com o encobrimento do Massacre de My Lai e os julgamentos do caso Enron.[14] A revelação final de que os alienígenas estão na Terra "há muito, muito tempo" foi citada como um traço do pós-futurismo estabelecido pelo cinema de ficção científica da década de 1980. Esse traço substituiu os tradicionais tópicos da ficção científica, como exploração espacial, por temas inspirados pelo caso Watergate e teorias da conspiração.[15] Repercussão"Deep Throat" estreou na Fox no dia 17 de setembro de 1993, atraindo aproximadamente 6.9 milhões de domicílios e 11 milhões de telespectadores.[16][17] Ele teve um índice Nielsen de 7.3 com uma participação de 14 pontos, significando que 7.3% de todos os domicílios com televisão e 14% dos domicílios com televisões ligadas estavam assistindo ao episódio.[16] Em uma retrospectiva da primeira temporada, a Entertainment Weekly deu uma nota B+ ao episódio, elogiando a interpretação "cansada da vida" de Hardin, mas percebendo que o "tom impertinente e sinistro" do episódio foi "um pouco incómodo, mas prometendo coisas que estão por vir".[18] Adrienne Martini do The Austin Chronicle afirmou que o episódio era "divertido de assistir", descrevendo como "televisão excelente",[19] e o San Jose Mercury News chamou Garganta Profunda de "o personagem novo mais interessante da televisão" e o episódio de "estranho, mas maravilhoso".[20] Mike Antonucci, escrevendo para o Toronto Star, disse que "Deep Throat" demonstrou que Carter "consegue misturar elementos sutis e complicados com ação de tirar o fôlego", afirmando que "Nada é óbvio sobre The X-Files, exceto sua qualidade".[21] Para o The Beaver County Times, Michael Janusosis foi mais crítico, dizendo que o episódio "meio que vacilou no final", faltando "uma resolução completamente satisfatória".[22] Escrevendo para a The A.V. Club, Keith Phipps avaliou o episódio com uma nota A–, achando que era "quase uma extensão do piloto". Ele achou que a cena do sequestro de Mulder foi "um dos momentos mais assustadores do primeiros dias da série, tanto pelo que sugere quanto pelo que mostra".[23] Para o website Den of Geek, Matt Haigh avaliou "Deep Throat" positivamente, elogiando a decisão de não responder todas as perguntas que faz. Haigh percebeu que "o fato de nos deixarem sem pistas, como Mulder e Scully, sobre o que realmente aconteceu apenas engrandece a experiência", achando que mistérios assim são "uma coisa realmente rara" em uma série de canal aberto.[24] Robert Shearman e Lars Pearson, no livro Wanting to Believe: A Critical Guide to The X-Files, Millennium & The Lone Gunmen, deram cinco estrelas de cinco ao episódio, achando-o "muito mais confiante em seu rítmo e tom" do que "Pilot". Os dois acharam que o episódio foi "uma história sobre acobertamento e paranóia habilmente escrita", notando que "ele estabelece muito bem os temas gerais da série, quase parecendo uma cartilha".[25] "Deep Throat" foi citado como o começo dos "conflitos centrais" da série.[26] Dan Iverson da IGN achou que o episódio "abriu as portas das possibilidades desta série".[27] enquanto que Meghan Deans do Tor.com disse que "apesar do piloto ter apresentado a ideia da conspiração governamental, foi 'Deep Throat' que expandiu as bordas da tela".[28] A introdução de Garganta Profunda foi listada pelo Entertainment Weekly como o número 37 na lista dos "100 Maiores Momentos da Televisão" na década de 1990.[29] Referências
Bibliografia
Ligações externas |