A crusta continental ou crosta continental é a camada de rochas graníticas, sedimentares e metamórficas que forma os continentes e as zonas de baixa profundidade junto às suas costas, conhecidas como plataformas continentais. É menos densa que o material do manto e assim "flutua" sobre este. A crusta continental é também menos densa que a crusta oceânica, mas muito mais espessa; 20 a 80 km de espessura contra os 5 a 10 km da crusta oceânica. Cerca de 40% da superfície terrestre encontra-se coberta por crusta continental.
Como consequência da diferença de densidades, quando margens activas de crusta continental se encontram com crusta oceânica em zonas de subducção, a crusta oceânica é tipicamente subduzida em direção ao manto. Por causa da sua baixa densidade relativa, a crusta continental é raramente subduzida para o manto (um exemplo é a colisão de blocos continentais com grande espessamento local que pode causar a sua fusão a grande profundidade). Por esta razão, as rochas mais antigas do planeta situam-se nas zonas interiores dos continentes, os chamados cratões e não na repetidamente reciclada crusta oceânica. A rocha continental mais antiga é o gnaisse Acasta com 4.01 biliões de anos enquanto a rocha oceânica mais antiga é do Jurássico.
A elevação das cadeias montanhosas está geralmente relacionada com a espessura crustal. Este facto é consequência da isostasia associada com a orogenia (formação de montanhas). A crusta é espessada pelas forças compressivas produzidas pela subducção ou pela colisão continental. A flutuabilidade da crusta provoca o seu movimento ascendente e as forças de tensão colisional são equilibradas pela gravidade e erosão. Isto dá origem à formação de uma raíz sob as montanhas, que corresponde às zonas de crusta mais espessa.
As zonas mais delgadas da crusta continental situam-se nas zonas de rift onde a crusta é adelgaçada por estiramento e eventualmente rompida, sendo substituída por crusta oceânica. As orlas de fragmentos continentais formados desta forma (como por exemplo as margens do Oceano Atlântico) são chamadas margens passivas.
Discute-se se a quantidade de crusta continental ao longo do tempo aumenta, diminui ou se mantém. Um modelo sugere que até há 3.7 biliões de anos a crusta continental[1] constituía apenas 10% da actual quantidade. Há cerca de 3 biliões de anos essa quantidade seria 25% da actual e após um período de rápido desenvolvimento crustal seria 60% do actual há 2.5 biliões de anos (Taylor e McLennan, 1995). O desenvolvimento da crusta continental parece assim ter ocorrido ao longo de breves episódios de alta actividade, num total de 5 episódios de maior produção ao longo do tempo geológico (ver gráfico).
Saal, A.L., Rudnick R.L., Ravizza G.E. & Hart S.R., 1998. Re-Os isotope evidence for the composition, formation and age of the lower crust. Nature, 39317, 1998.
Taylor and McLennan, 1995, Model of growth of continental crust through time in John Victor Walther, 2005, Essentials Of Geochemistry, Jones & Bartlett, ISBN 0763726427
von Huene, R. and D.W. Scholl, 1991. "Observations at convergent margins concerning sediment subduction, subduction erosion, and the growth of continental crust." Reviews of Geophysics, 29, 279-316.