Os membros do género Crinum são plantas herbáceasperenes que se desenvolvem a partir de bolbos grosso e curtos com até 15 cm de diâmetro. As plantas podem atingir os 80 cm de altura.
A maioria das espécies perde as suas folhas e sobrevive como geófito durante o período seco.
As folhas são planas e lineares, inteiras, sésseis e comparativamente longas. A morfologia da folha é em forma de espada e com nervação paralela. A margem da folha é lisa.
A filotaxia predominante é a formação de grandes rosetas basais a partir do bolbo. Embora a maioria das espécies desenvolva uma única roseta basal, algumas espécies apresentam duas ou mais rosetas em torno de um caule erecto central.
As flores muito vistosas e em forma de lírio são actinomorfas, trímeras e hermafroditas, dispostas em inflorescências do tipo umbelas plurifloras na extremidade de um longo escapo maciço e áfilo. Raramente as flores são solitárias. Antes da ântese, duas amplas brácteas florais envolvem a inflorescência. Frequentemente, a inserção dos pedicelos das flores é recoberta por brácteas alongadas, por vezes reduzidas a filamentos, membranosas e por vezes coloridas. Os pedicelos das flores são mais ou menos longos.
As flores podem apresentar simetria radial (nas espécies que pertencem ao subgénero Crinum) ou ser ligeiramente zigomorfas (nas espécies que pertencem ao subgénero Codonocrinum).
O perigónio é infundibuliforme ou rotado, composto por seis tépalas unidas na parte basal, formando um tubo cilíndrico, fechado ou aberto na parte distal. As tépalas são de formato igual, brancas em muitas espécies, embora colorações de rosa a púrpura também sejam comuns, por vezes de dois tons.
O androceu é composto por 6 estames, os quais podem ser mais curtos ou mais longos que as tépalas. Os estames são arqueados de forma desigual, dependendo da espécie, e apresentam filamentos filiformes e anteras versáteis e dorsifixas.
O gineceu é composto por um ovário ínfero, com os lóculos pauci- ou pluriovulares, por vezes uniovulares. O estilo é filiforme e por vezes longo e curvo. O estigma é subcapitado, pequeno, invertido ou levemente trilobado. Os três carpelos são fundidos para formar um ovário trilocular. Cada câmara de ovário contém dois ou mais óvulos anátropos.
A secreção de néctar ocorre no gineceu. Em algumas espécies, as flores são perfumadas de forma a atrair as borboletas nocturnas que as polinizam.
O fruto é uma cápsula que pode variar de ovaloide a quase esférica. As sementes são grandes e contêm múltiplas células ricas em óleos no seu endosperma. As sementes podem ser ápteras ou aladas.
O bolbo e folhas destas plantas são ricos em alcaloides, alguns dos quais tóxicos para humanos e outros mamíferos. Entre os alcaloides presentes contam-se as isoquinolina e a licorina.[2]
Utilização
As flores grandes e vistosas, com até 15 cm de diâmetro, produzidas pelas espécies deste género tornam algumas das espécies interessantes para utilização como planta ornamental de interior e em jardinagem e paisagismo e para cultura para produção de flores de corte. Existem espécies que produzem flores de coloração branco, rosado ou vermelho e capazes de produzir um agradável aroma doce.
A espécie híbrida conhecida como «lírio-do-cabo» (Crinum'' × ''powellii), um híbrido das espécies Crinum bulbispermum e Crinum moorei originário do sul da África, é frequentemente utilizada como planta de interior, suportando bem o ambiente interno de habitações e outros edifícios. Existem vários outros híbridos utilizados em jardinagem e decoração.[3]
O nome genérico Crinum tem como étimo o termo grego krinon usado para designar os lírios. Como sinónimos taxonómicos para Crinum <small<L. estão estabelecidos TanghekolliAdans., BulbineGaertn. nom. illeg., ScadianusRaf., CrinopsisHerb., LiriamusRaf., ErigoneSalisb., TaenaisSalisb.[6]
Na sua presente circunscrição, o género Crinum integra entre 65 a 130 espécies validamente descritas, com distribuição nos trópicos e subtrópicos de quase todo o mundo. Entre essas espécies incluem-se:[6][7]
Crinum acaule Baker — nativa da região oriental de Maputalândia e do Cuazulo-Natal ao norte do rio Umfolozi, estendendo-se até ao sul de Moçambique. Ocorre no cinturão costeiro do Oceano Índico e nas savanas de clima árido, incluindo em planícies arenosas. Pelo menos na África do Sul, ocorreu grande perda de habitat devido à plantação de castanha de caju e florestas de produção de madeira. As populações da África do Sul estão em constante diminuição, levando a que a espécie fosse classificada como "Quase Ameaçado" na Lista Vermelha de Espécies de Plantas em Perigo na África do Sul.[6][8]
Asiatische Hakenlilie (Crinum asiaticum L.) — nativa das margens do Oceano Índico, das regiões tropicais e subtropicais da Ásia e das ilhas do sudoeste do Oceano Pacífico.[6]
Crinum bulbispermum (Burm. f.) Milne-Redh. & Schweick. — nativa do sul da África, onde se encontra ameaçada por perda de habitat.[6][8]
Crinum buphanoides Welw. ex Baker — nativa do sul da África até ao sul da África Tropical. Consta do Livro Vermelho das Espécies Ameaçadas da África do Sul como estável («least concern»).[6][8]
Crinum campanulatum Herb.[11] — endémica na região de Albany, entre Alexandria, Grahamstown, Bathurst e East London na Província do Cabo Oriental. Apenas se conhecm doze populações isoladas da espécie, estando o número de espécimes em recessão.[8]
Crinum crassicaule Baker — nativa do sul da África até ao sul da África Tropical. Consta do Livro Vermelho das Espécies Ameaçadas da África do Sul como estável («least concern»).[8].[6]
Crinum graminicola I.Verd. — ocorre desde a Namíbia até às províncias sul-africanas de Gauteng, KwaZulu-Natal, Limpopo, Mpumalanga e North West. Consta do Livro Vermelho das Espécies Ameaçadas da África do Sul como estável («least concern»).[8]
Crinum lineare L. f. — ocorre apenas na província sul-africana do Cabo Oriental entre Port Elizabeth e Peddie. Foi incluída em 2008 no Livro Vermelho das plantas ameaçadas da África do Sul como vulnerável («vulnerable».[8]
Crinum lugardiae N.E.Br. — consta do Livro Vermelho das Espécies Ameaçadas da África do Sul como estável («least concern»).[6][8]
Crinum macowanii Baker — nativa numa grande região que vai da Eritreia ao sul da África e nas Seicheles. Na África do Sul encontra-se em redução da população.[6][8]
Crinum minimum Milne-Redh. — Consta do Livro Vermelho das Espécies Ameaçadas da África do Sul como estável («least concern»).[8] Nativa desde a Tanzânia até ao sul da África Tropical.[6]
Crinum moorei Hook. f. — nativa do Cabo Oriental e de KwaZulu-Natal.[11] Foi incluída em 2008 na lista das espécias ameaçadas da África do Sul como «vulnerável» («vulnerable»).[8]
Crinum papillosum Nordal — Espécie incluída desde 2004 na Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas da África do Sul como «estável» (‘’least concern“).[8] Ocorre desde o sudoeste da Tanzânia até ao norte da Zâmbia.[6]
Crinum variabile (Jacq.) Herb. — ocorre apenas na Província do Cabo (África do Sul). Espécie incluída desde 2004 na Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas da África do Sul como «estável» (‘’least concern“).[8]
↑Gordon Cheers (2003). Könemann Verlagsgesellschaft, ed. Botanica. Das ABC der Pflanzen. 10.000 Arten in Text und Bild. ver pp. 266–267. [S.l.: s.n.] ISBN3-8331-1600-5
↑Christel Kasselmann: Aquarienpflanzen. 1999, p. 171.
↑ abcdeWalter Erhardt, Erich Götz, Nils Bödeker, Siegmund Seybold: Der große Zander. Enzyklopädie der Pflanzennamen. Band 2. Arten und Sorten. Eugen Ulmer, Stuttgart (Hohenheim) 2008, ISBN 978-3-8001-5406-7.
↑Christel Kasselmann: Aquarienpflanzen. 1999, p. 173.
Referências
Zhanhe Ji, Alan W. Meerow: Amaryllidaceae.: Crinum, S. 265 - textgleich online wie gedrucktes Werk, In: Wu Zheng-yi, Peter H. Raven (editor.): Flora of China. Volume 24: Flagellariaceae through Marantaceae, Science Press und Missouri Botanical Garden Press, Beijing e St. Louis, 2000, ISBN 0-915279-83-5
Walter C. Holmes: Crinum., p. 278, In: Flora of North America Editorial Committee (editor): Flora of North America North of Mexico. Volume 26: Magnoliophyta: Liliidae: Liliales and Orchidales, Oxford University Press, New York und Oxford, 2002. ISBN 0-19-515208-5
Dimitri, M. 1987. Enciclopedia Argentina de Agricultura y Jardinería. Tomo I. Descripción de plantas cultivadas. Editorial ACME S.A.C.I., Buenos Aires.
A. W. Meerow, D. J. Lehmiller & J. R. Clayton: Phylogeny and biogeography of Crinum L. (Amaryllidaceae) inferred from nuclear and limited plastid non-coding DNA sequences. In: Botanical Journal of the Linnean Society, vol. 141, 2003, pp. 349–363.