Corça de Cerineia

Hércules e a Corça Cerínia. Fonte em bronze romana, séc. I a.C.

A corça de Cerineia (ou Cerineia, ou Cerínia), também conhecida como corça cerinita, era um animal lendário da mitologia grega, com chifres de ouro e pés de bronze, que corria com assombrosa rapidez sem se cansar. Habitava o monte Cerineu, na Arcádia, escondendo-se num templo da deusa Ártemis, a quem era consagrada. Na verdade, a corça era a ninfa Taígete, que, para fugir a perseguição de Zeus foi transformada por Ártemis no magnífico animal. [1][2]

Em um dos famosos doze trabalhos de Hércules, o rei Euristeu exigiu de Héracles que capturasse o animal. Querendo evitar ferir a corça e desagradar à deusa, Héracles perseguiu-a incansavelmente durante um ano, passando por muitas regiões da Grécia e mesmo além. Finalmente a corça, de volta à Arcádia, procurou refúgio no monte Artemísio. Ainda com Hércules em seu encalço, tentou atravessar o rio Ladão, onde foi alcançada pelo herói. Exausta, foi ferida levemente por uma flecha que ele disparou. Héracles colocou-a nos ombros e levou-a até o reino de Euristeu. No caminho, porém, ao atravessar a Arcádia, Héracles encontrou Ártemis e Apolo, que quiseram tomar o animal que lhes pertencia, acusando-o de sacrilégio. Héracles explicou-lhes que, para expiar a culpa de haver matado seus filhos com Mégara, estava condenado a realizar trabalhos para Euristeu, a quem atribuiu a responsabilidade pelo ocorrido. Desta forma convenceu-os a deixá-lo levar a corça ao palácio do rei, em Micenas, com a condição que este a libertasse assim que a tivesse visto. Além disso o herói ofereceu sacrifícios expiatórios a Ártemis, para apaziguar os resquícios de sua ira.

Em outra versão, Héracles deveria capturar a corça, mas sem machucá-la. Ele a perseguiu durante um ano, até conseguir pegá-la com uma rede, porém ela acabou se ferindo nesta tentativa.

Píndaro apresenta ainda uma outra versão do mito, onde Héracles persegue a corça em direção ao norte, passando pela Ístria até chegar ao país dos Hiperbóreos, nas geladas regiões do Ártico. Lá, Ártemis os acolhe com benevolência.

Referências

  1. Dicionário de Mitologia Greco-latina, Tassilo Orpheu Spalding , ed. Itatiaia
  2. Dicionário da Mitologia Grego e Romana, Pierre Grimal, ed. Bertrand Brasil
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