Copa Intercontinental de 1969

Copa Intercontinental de 1969
Placar agregado
Primeira partida
Data 8 de outubro de 1969
Local San Siro, Milão
Árbitro França Roger Machin
Público 60,675
Segunda partida
Data 22 de outubro de 1969
Local La Bombonera, Buenos Aires
Árbitro Chile Domingo Massaro
Público 45,000

A décima edição da Copa Intercontinental ocorreu em 1969. Foi disputada em duas partidas entre o campeão europeu e o sul-americano. Pela primeira vez, não houve partida de desempate: o critério era o saldo de gols.[1] É considerado o jogo de futebol mais violento da história.[2]

Em 27 de outubro de 2017, após uma reunião realizada na Índia, o Conselho da FIFA reconheceu os vencedores da Copa Intercontinental como campeões mundiais.[3][4]

História

O Milan participava pela segunda vez na disputa, tendo perdido para o Santos em 1963. Já o Estudiantes, era o atual campeão da disputa, apresentava as melhores expectativas, buscando o bicampeonato.

O clube italiano vinha com uma goleada de 4–1 sobre o holandês Ajax de Amsterdã. O time argentino também vinha com boas vitórias: 1–0 e 2–0 sobre o Nacional.

A decisão

O primeiro jogo foi no Estádio San Siro. O jogador Eduardo Flores jogaria sua última partida antes da cirurgia que o afastaria dos gramados por um bom tempo. O time argentino vinha de uma sequência de jogos. O Milan aproveitou o cansaço do adversário e venceu por 3 a 0.

O segundo jogo foi na La Bombonera, lotada pela torcida em clima pesado. Os italianos entraram com bandeira argentina para tentar acalmar os ânimos. Apesar disso foram alvos de objetos jogados pela torcida e boladas dos jogadores argentinos no aquecimento.

Néstor Combin, jogador do Milan, ensanguentado após a final da Copa Intercontinental de 1969, contra a equipe argentina do Estudiantes.

A ditadura militar que a Argentina vivia contribuiu para a violência com o clima pesado e perseguição ao atacante do Milan, Nestor Combin. As vitórias no esporte eram usadas como propaganda pelo governo. O jogador transferiu-se para a Europa antes dos 20 anos e naturalizou-se francês, sendo acusado de ser desertor por não ter prestado serviço militar, obrigatório aos 20 anos na época. Desmaiou devido às agressões em campo, acordou preso pelo governo argentino por deserção, foi interrogado e passou a noite numa cela. Foi liberado após negociações entre a AFA e os militares quando a equipe já estava na aeroporto e voltou pra Itália com o rosto desfigurado. Em 2005, o próprio goleiro argentino Alberto Poletti comentou que antes do jogo, um coronel das Forças Armadas entrou no vestiário e disse "Ganhar ou morrer". Além disso, jogadores do Estudiantes foram presos pelas agressões e confusões. Alberto Poletti e o zagueiro Ramon Aguirre Suarez passaram um mês presos. O governo foi criticado pelas prisões pela imprensa e torcida por entenderem como um excesso.

O jogo foi duro e disputado, o espírito de vingança do Estudiantes resultou em faltas duras e agressões físicas aos jogadores do Milan. O atacante Pierino Prati sofreu uma concussão cerebral. Nestor Combin levou um chute no rosto de Poletti e uma cotovelada do Suarez deixando-o com o nariz quebrado e desmaiado. O Estudiantes terminou o jogo com dois jogadores expulsos e vencendo por 2 a 1. Porém a equipe não conseguiu reverter a desvantagem do primeiro jogo e o Milan se tornou campeão da Copa. Porém devido ao clima do jogo, teve que descer direto ao vestiário após a partida, não havendo cerimônia de entrega do troféu, o qual foi entregue avariado. O time foi recebido com muita festa na Itália.[5]

O caso repercutiu na imprensa nacional e internacional. Diversas vezes clubes europeus negaram-se a participar da Copa nos anos seguintes até a criação da Copa Toyota, como jogo em campo neutro.

Foi um massacre. Começaram a dar chute de todo jeito, queriam ganhar por força, batendo em todo mundo. Até deu medo. (...) Não tinha televisão como hoje, a bola estava de um lado do campo, e eles davam chute na gente do outro. (...) A gente estava preocupado porque sempre soubemos que era muito difícil jogar lá por causa da famosa garra argentina. Mas transformaram garra em ameaça.
 
Angelo Sormani, ex-ponta-direita do Milan.

Participantes

Localidade das equipes que disputaram a Copa Intercontinental 1969.
Confederação Equipe Classificação Participação
CONMEBOL Argentina Estudiantes Campeão da Copa Libertadores da América de 1969
UEFA Itália Milan Campeão da Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1968–69

Chaveamento

  A Classificação[NOTA] Copa Intercontinental
                     
 Itália Milan 4  
 Países Baixos Ajax 1  
   Itália Milan 3 1
   Argentina Estudiantes 0 2
 Argentina Estudiantes 1 2
 Uruguai Nacional 0 0
Notas

Finais

1° jogo
8 de setembro de 1969 Milan Itália 3 – 0 Argentina Estudiantes de La Plata San Siro, Milão (Itália)
21:00 h (UTC+1)
Sormani Gol marcado aos 8 minutos de jogo 8', Gol marcado aos 71 minutos de jogo 71'
Combin Gol marcado aos 45 minutos de jogo 45'
Público: 60,675
Árbitro: França Roger Machin
 
Cores do Time
Cores do Time
Cores do Time
Cores do Time
Cores do Time
Milan
Cores do Time
Cores do Time
Cores do Time
Cores do Time
Cores do Time
Estudiantes de La Plata
 
MILAN:
G Itália Cudicini
LD Itália Malatrasi
Z Itália Anquilletti
Z Itália Rosato
LE Alemanha Schnellinger
M Itália Lodetti
M Itália Fogli
A Itália Rivera (C)
A Itália Sormani
A Argentina Combin Substituído após 65 minutos de jogo 65'
A Itália Prati
Substituição:
M Itália Rognoni Entrou em campo após 65 minutos 65'
Treinador:
Itália Nereo Rocco
ESTUDIANTES DE LA PLATA:
G Argentina Poletti
LD Argentina Malbernat (C)
Z Argentina Aguirre Suárez
Z Argentina Medina
LE Argentina Madero
M Argentina Togneri
M Argentina Bilardo
A Argentina Echecopar Substituído após 59 minutos de jogo 59'
A Argentina Flores
A Argentina Conigliaro
A Argentina Verón
Substituição:
A Argentina Ribaudo Entrou em campo após 59 minutos 59'
Treinador:
Argentina Osvaldo Zubeldía


2° jogo
22 de outubro de 1969 Estudiantes de La Plata Argentina 2 – 1 Itália Milan La Bombonera, Buenos Aires (Argentina)
21:00 h (UTC−3)
Conigliaro Gol marcado aos 43 minutos de jogo 43'
Aguirre Suárez Gol marcado aos 44 minutos de jogo 44'
Rivera Gol marcado aos 30 minutos de jogo 30' Público: ≈45,000
Árbitro: Chile Domingo Massaro
 
Cores do Time
Cores do Time
Cores do Time
Cores do Time
Cores do Time
Estudiantes de La Plata
Cores do Time
Cores do Time
Cores do Time
Cores do Time
Cores do Time
Milan
 
ESTUDIANTES DE LA PLATA:
G Argentina Poletti
LD Argentina Manera
Z Argentina Aguirre Suárez
Z Argentina Malbernat (C)
LE Argentina Madero
M Argentina Romero
M Argentina Bilardo Substituído após 53 minutos de jogo 53'
A Argentina Togneri
A Argentina Taverna
A Argentina Conigliaro
A Argentina Verón
Substituição:
A Argentina Echecopar Entrou em campo após 53 minutos 53'
Treinador:
Argentina Osvaldo Zubeldía
MILAN:
G Itália Cudicini
LD Itália Malatrasi Substituído após 53 minutos de jogo 53'
Z Itália Anquilletti
Z Itália Rosato
LE Alemanha Schnellinger
M Itália Lodetti
M Itália Fogli
A Itália Rivera (C)
A Itália Sormani
A Argentina Combin
A Itália Prati Substituído após 38 minutos de jogo 38'
Substituição:
M Itália Rognoni Entrou em campo após 38 minutos 38'
Z Itália Maldera Entrou em campo após 53 minutos 53'
Treinador:
Itália Nereo Rocco


Copa Intercontinental de 1969

Milan
Campeão
(1º título)

Ver também

Referências

  1. Adams, Tony. «Rewind to 1969: Estudiantes Leave Their Mark». ESPN. Consultado em 13 de dezembro de 2012 
  2. espn.com.br/ Três presos, agressões e intervenção de embaixador: jogo mais violento da história, Estudiantes x Milan completa 50 anos
  3. «Fifa reconhece títulos mundiais de Santos, Flamengo, Grêmio e São Paulo». ESPN. Consultado em 27 de outubro de 2017 
  4. «Fifa reconhece Santos, Fla e Grêmio como campeões mundiais». Veja. Consultado em 27 de outubro de 2017 
  5. http://globoesporte.globo.com/futebol/mundial-de-clubes/noticia/2014/08/historias-incriveis-partida-com-sangue-de-desertor-difamou-america-do-sul.html

Ligações externas