Convento de São Francisco (Alvito)
O Convento de São Francisco, igualmente denominado de Convento de Nossa Senhora dos Mártires, é um edifício histórico no Município de Alvito, em Portugal. Ocupa a localização de uma antiga villa romana.[1] DescriçãoO edifício está situado numa pequena elevação,[1] na Quinta dos Mártires, que originalmente se chamava de Herdade de Mujadarem.[2] Foi considerado pelo Ministério da Cultura como um dos mais importantes monumentos na região de Alvito, pela sua riqueza artística.[2] Este era o único convento fora da vila,[3] tendo existido um outro no interior da povoação, pertencente à Ordem da Santíssima Trindade de Alvito.[4] Era dedicado a Nossa Senhora dos Mártires.[3] O complexo é composto por três alas do antigo convento, onde se inclui a igreja, a sala capitular e o claustro, e um edifício residencial anexo ao lado Sul.[2] Nas alas destacam-se vários elementos do gótico final, principalmente as abóbadas, concentrando igualmente algumas influências renascentistas, como o portal de acesso à igreja.[2] A casa foi construída no estilo romântico, em voga nos finais do século XIX.[2] A igreja do convento é formada por uma só nave, com uma abóbada de nervuras, e pela capela-mor, que possui um retábulo ornamentado com talha dourada do século XVIII, embora já muito alterado.[2] Destaca-se também o claustro, com arcadas de gosto renascentista, e uma cobertura de abóbada semelhante à da igreja.[2] HistóriaA área em que se situa o convento foi habitada desde tempos muito remotos, devido à sua posição vantajosa, com terrenos férteis e proximidade a abundantes recursos aquáticos.[1] Foram encontrados vestígios dos finais do período calcolítico e dos princípios da Idade do Cobre, e depois da época romana, tendo o convento sido construído em cima de uma villa.[1] Na Herdade de Valameiros, situada junto ao antigo convento, foram descobertas as ruínas de um complexo termal, com hipocausto.[1] A ocupação continuou depois ao longo do período visigótico, como pode ser constatado pela presença de fragmentos de cerâmica em terra sigillata foceense tardia, correspondentes às formas 3F de Hayes, e portanto cronologicamente integradas entre os finais do século V e a primeira metade do VI.[1] O convento em si existe pelo menos desde meados do século XIII, embora a tradição aponte uma origem muito anterior, no século VIII.[1] Esta integrado inicialmente na Ordem de São Bento, sendo então já o centro de uma grande propriedade agrícola.[2] De acordo com a obra Album Alentejano: Distrito de Beja, publicada na década de 1930, o convento eram então denominado de Mujadarem, nome que teria a sua origem no termo vamos ver os monges d'além.[3] Porém, este nome poderá ter vindo igualmente de uma povoação nesta área, conhecida como Muya d'Arem, ou Mugia d'Arem, termo que surge nos documentos medievais relativos à doação de Alvito.[5] Este povoado poderá ter tido a sua origem numa villa romana, e teve alguma importância até meados do século XIII,[5] quando entrou em decadência com o desenvolvimento de Vila Nova da Baronia.[1] Segundo o Album, no convento teria vivido o Santo Eleutério, igualmente conhecido como São Neutel,[3] ao qual foi igualmente dedicada uma capela em Vila Nova da Baronia.[6] O edifício original desapareceu quase totalmente, e sobre as suas ruínas foi construído um novo convento, no século XVI.[1] O novo edifício estava intimamente relacionado com os Barões de Alvito, que colocaram o seu panteão familiar na igreja.[2] No século XVIII foi instalada a talha dourada no retábulo do altar-mor.[2] Na sequência da extinção das ordens religiosas,[2] foi construída uma casa no lado Sul do convento, nos finais do século XIX ou princípios do XX.[1] O imóvel foi classificado como monumento de interesse público pela Portaria n.º 573/2011, de 30 de Maio.[2] Foi alvo de trabalhos arqueológicos em 2000, no âmbito da Carta Arqueológica do Concelho de Alvito, em 2008 e 2015 como parte dos Blocos de Rega de Vale do Gaio, e em 2016 e 2018 devido ao plano de requalificação da Herdade de Mujadarém.[1] Ver também
Referências
Ligações externas
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