Constança Mendes de Sousa
Constança Mendes de Sousa (1245 - Santarém, antes de 10 de maio de 1298) foi uma senhora nobre do Reino de Portugal. Por morte de seu tio Gonçalo Garcia sem herdeiros, recebe a chefia da Casa. VidaPrimeiros anosConstança nasce em 1245, no seio de uma das mais importantes famílias aristocráticas de Portugal, os Sousas. Constança era filha de Mem Garcia de Sousa e Teresa Anes de Lima, e, na sua condição feminina, teria pouco relevo na história da família, pelo menos não antes do casamento. A chefia da Casa de Sousa recaíra no seu pai, Mem Garcia de Sousa, após a morte do tio deste, Gonçalo Mendes II sem descendência em 1243. O seu pai teve várias filhas, mas produziu também um varão, Gonçalo Mendes III de Sousa, que herdou o título após a morte daquele em 1255. O irmão exerceu cargos na corte, como tenente de Panóias (1256-1262) e Évora (1261-1262). Porém Gonçalo demonstrou desde cedo um comportamento muito violento e sobretudo desregrado, do qual é uma prova clara a violação de que foi vítima Maria Mendes de Sousa, entre outros episódios[1]. Desta forma, acaba exilado da corte em 1262, sendo simultaneamente deserdado e excluído da família, saindo do Reino. Não se sabe se alguma vez retornou. Com esta desonra, a chefia da Casa sai da linhagem de Constança e passa para a linhagem do terceiro filho de Mendo Gonçalves I de Sousa (após Gonçalo Mendes II e Garcia Mendes), João Garcia de Sousa O Pinto, que à semelhança de Garcia, estava morto (falecera em 1254) e portanto a chefia coube ao seu filho primogénito, Estêvão Anes de Sousa, cargo que terá possivelmente partilhado com o tio, Gonçalo Garcia de Sousa[2]. Por volta de 1270, Constança casa com Pedro Anes Portel (1246-c.1311), filho do mordomo-mor do rei Afonso III, João Peres de Aboim e de sua esposa Marinha Afonso de Arganil. Logo em fevereiro de 1271, surge, juntamente com o esposo e os sogros, a conceder à Ordem do Hospital o padroado da igreja de Santa Maria de Portel com todas as igrejas do termo da localidade[3]. A ascensão de ConstançaEm 1275, a sua irmã, Teresa Mendes de Sousa, abadessa do Mosteiro do Lorvão e que fora barregã do rei, doa-lhe todos os seus bens que lhe couberam na herança do pai. Constança reuniu desta forma em si duas partes de uma mesma herança, tornando-a talvez mais rica do que a sua irmã Maria, a única com quem partilhava agora os bens do seu pai (dado o exílio de Gonçalo Mendes III, a possível morte anterior de João Mendes, e a abdicação do seu lugar na herança por Teresa Mendes). Constança começou a ganhar maior destaque na política familiar quando Gonçalo Garcia falece sem herdeiros em 1285/86. O primo, Estêvão, falecera em 1272 e desde então Gonçalo Garcia era o chefe único da família, que procurou ascender na corte, tomando o título de Conde em 1276. Além de outros herdeiros, Constança era a herdeira mais beneficiada do tio, tendo herdado inclusivamente a chefia da Casa de Sousa[4]. A situação levou a confrontos entre os vários herdeiros, pelo que em conjunto apelaram ao rei, Dinis I, que arbitrasse a partilha. O rei, por seu lado, opunha-se ao grande poderio que a aristocracia revelava naquele período e por isso ordenou a realização de Inquirições Gerais, por forma a averiguar o património daquela e até que ponto ocorrera apropriação ilegal de propriedade. Apesar de não constituir primeira vez que tal acontece (Afonso II realizara Inquirições semelhantes em 1220 e Afonso III fizera o mesmo em 1258), Dinis realiza-as com maior vigor e intensidade. Desta forma, pensando apelar a um árbitro para resolver as querelas sucessórias do património dos Sousas, os herdeiros e a restante classe aristocrática viram-se a braços, não com uma simples averiguação, mas com uma séria tentativa régia de consolidar o seu poder e assentar definitivamente a sua superioridade face à aristocracia. Dinis promoveria Inquirições constantes nos anos seguintesː 1284, 1288, 1301, entre 1303-1304 e 1307-1311. Últimos anosConstança ter-se-á retirado para Santarém na década de 1290, onde fez testamento com selo, que oficializou a 8 de janeiro de 1297, no qual manifestou a sua vontade de se fazer enterrar no Mosteiro de São Domingos em Santarém (hoje Convento das Donas), ordenando a construção de uma capela e deixando ainda cerca de quinhentas libras para outras doações.[5]. A sua morte pode ter ocorrido antes de 10 de maio do ano seguinte, pois nesse dia (10 de maio de 1298) foi pedido o treslado do testamento.[5]. Casamento e descendênciaConstança casou por volta de 1270 com Pedro Anes Portel (1246-c.1311), filho do mordomo-mor do rei Afonso III, João Peres de Aboim e de sua esposa Marinha Afonso de Arganil, e rico herdeiro de várias propriedades da família[5]. O casal teve a seguinte descendênciaː
A falta de descendência dos herdeiros masculinos de Constança levou a que a sucessão recaísse nas filhas, e através delas na família real. O mesmo acontecia com a sua irmã Mariaː o casamento desta com Lourenço Soares de Valadares, e o casamento da filha mais velha do casal, Inês Lourenço de Valadares, com Martim Afonso Chichorro, filho natural de Afonso III de Portugal, levou todo o património de Maria para a família real. Desta forma a Casa de Sousa viu-se prolongada por duas mulheres, duas irmãs, Constança e Maria, que deram origem a dois ramos da Casa de Sousaː a Casa de Sousa-Arronches, descendente de Constança Mendes, e a Casa de Sousa-Prado, descendente de Maria Mendes. Referências
Bibliografia
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