O condado foi criado pela legislatura do Alabama em 9 de fevereiro de 1818, desmembrado do condado de Montgomery. Integrava parte das terras cedidas pelos creeks no Tratado de Fort Jackson, de 9 de agosto de 1814. O condado ganhou o seu nome do Secretário do Tesouro Americano Alexander J. Dallas da Pensilvânia.
O condado está localizado no que é conhecido como a região do Black Belt, na parte central do estado. O nome se refere à área de solo fértil na qual se desenvolveu uma larga área de cultura de algodão com trabalho predominantemente de mão-de-obra escrava afro-americana no período pré-guerra. Após a emancipação que se seguiu à Guerra Civil, muitos afro-americanos que permaneceram na região trabalhavam como fazendeiros arrendados e em regime de parceria rural. A população do condado é majoritariamente negra desde de antes da guerra, devido ao numeroso número de escravos nas plantations.
O condado de Dallas produziu mais algodão do que qualquer outro condado do Alabama na década de 1860, o que requeria, portanto, uma mão-de-obra abundante. Os senhores de escravos do condado possuíam em média 70 trabalhadores escravos (comparados a 10 do condado de Montgomery, e.g.); os proprietários de escravos consistiam em 16% da população branca do condado, porém, se adicionados os seus familiares, ao menos um terço da população estava ligada a uma família escravagista, de acordo com o historiador Alston Fitts.[4]
Dos mais conhecidos escravagistas locais, está incluído Washington Smith, dono de uma grande plantation em Bogue Chitto, próximo à sede do condado, Selma, e fundador do Banco de Selma, que, mesmo após à emancipação, continuou a exercer grande influência sobre a população afro-americana do condado.[5] Smith foi o comprador de Redoshi, a quem ele forçou o nome de Sally Smith, uma mulher de Benin que foi sequestrada aos doze anos e vendida após ser transportada no navio negreiro Clotilda, que operou o tráfico de escravos para a América durante 50 anos até a abolição.[6]
Originalmente, a sede do condado era Cahaba, que também serviu de capital ao estado durante um breve período. Em 1865, a sede foi transferida à Selma, devido a mudança de seu centro populacional.
Do século XX em diante
A produção de algodão sofreu uma queda no início do século XX devido a uma infestação do bicudo-do-algodoeiro, que invadiu as áreas de cultura por todo o sul. Na virada do século, a legislatura do estado privou de direitos a maioria dos negros e também uma parcela de brancos pobres a partir de provisões na nova constituição estadual que requeriam o pagamento da poll tax e a aprovação em um teste de alfabetização para o registro como eleitor.
O período de 1877 a 1850 (e especialmente entre os anos de 1890 e 1930), assistiu ao auge dos linchamentos ao longo de todo o sul, enquanto a população branca ansiava em impor a sua supremacia e a aplicação das leis de Jim Crow. De acordo com a terceira edição de Lynching in America, o condado de Dallas contou com 19 linchamentos nesse período, o segundo maior número no estado, somente atrás do condado de Jefferson.[7] As multidões que tomavam parte nos linchamentos matavam suspeitos de supostos crimes, mas também por comportamentos que eram ditos ofensores à classe branca.[8][7] Entre o começo e a metade do século, um total de 6,5 milhões de negros saíram do sul na Grande Migração, com o objetivo de escapar a essas condições opressivas.
No período pós-guerra, entre 1950[8] e 1960, afro-americanos, incluindo veteranos, começaram novos esforços pelo Sul com o objetivo de habilitar o exercício de seus direitos constitucionais como cidadãos de registro e de voto. De 1963 até 1965, Selma e o Condado de Dallas foram os locais do reavivamento das campanhas pelo direito ao voto. Elas foram encabeçadas pelos locais do Dallas County Voters League (DCVL) e integradas por ativistas do Student Nonviolent Coordinating Comittee (SNCC). Nos finais de 1964, eles solicitaram a ajuda da Conferência da Liderança Cristã do Sul (SCLC); com a participação do presidente da SCLC, Martin Luther King Jr., a campanha atraiu a atenção das notícias nacionais e internacionais em fevereiro e março de 1965. Eles planejaram uma marcha de Selma à capital do estado, Montgomery. Dois ativistas foram mortos durante as demonstrações antes da marcha se realizar.
Em 7 de março, centenas de manifestantes pacíficos foram espancados pelas forças estatais e pelotões do condado após cruzarem a ponte Edmund Pettus e dentro da área do condado, por intentarem marchar até Montgomery.[9] Os eventos foram reportados pela mídia nacional. Os protestantes renovaram sua marcha em 21 de março, unindo milhares de simpatizantes por todo o condado e ganhando proteção federal, completando as marchas de Selma a Montgomery. Com as pessoas que se uniram à marcha, o número de manifestantes que atingiu a capital no último dia de março chegou próximo dos 25000. Em agosto do mesmo ano, o congresso aprovou a Lei dos Direitos de Voto, assinada pelo presidente Lyndon B. Johnson;[10] assim se permitiu à população afro-americana do sul o acesso cidadão na participação política.
Em 5 de março de 2018, Selma comemorou essas marchas. Além disso, a cidade coordenou um Projeto de Memória Comunitária (Community Remembrance Project), inaugurando um marco histórico como memorial aos 19 afro-americanos linchados no condado durante as ondas de terrorismo racial entre os séculos XIX e XX. O marco foi feito em cooperação com a Equal Justice Initiative (EJI), organização que em 2015 publicou um relatório documentando cerca 4000 linchamentos em todo o território americano.[11]
Geografia
De acordo com o censo,[1] sua área total é de 2.574 km², destes sendo 2.535 km² de terra e 39 km² de água. O condado é atravessado pelo rio Alabama, que corre do nordeste ao sudoeste do seu território.