A cienciometria (também denominada cientometria) é um ramo da sociologia das ciências e da ciência da informação que procura estudar aspectos quantitativos da ciência e da produção científica, quer como uma disciplina, quer como uma atividade econômica[1], o que permite uma maior compreensão de sua estrutura, evolução e conexões [2]O termo foi cunhado em 1966 pelo químico soviético Vasily Nalimov. Um dos principais pensadores a desenvolver a questão da cienciometria foi o britânico Derek de Solla Price.
Os resultados científicos, de modo geral, são comumente divulgados através de duas atividades[3]: (i) producões científicas e (ii) aplicacões técnológicas. Produções científicas se dão por meio de diversos canais de comunicações no meio acadêmico, tais como: resumos, resumos estendidos, relatórios técnicos, artigos cientificos, livros, etc. Em um âmbito mais informal (e.g., fórums de discussão, blogs) também é possível encontrar discussões e produções científicas. Aplicações com potencial tecnológico (e.g., produtos, processos) podem ser patenteadas a fim de garantir ao seu titular a proteção e exclusividade de seu produto ou processo[4]. O uso e depósito de patentes é definido através dos direitos de Propriedade Industrial, cujos normativos legais são em Portugal o Código da Propriedade Industrial e no Brasil a Lei da Propriedade Industrial.
As principais ferramentas da cienciometria são derivadas da bibliometria, através de medidas relacionadas à publicação de trabalhos científicos. Tem sido amplamente empregada na avaliação da qualidade de periódicos, instituições e cientistas; o que tem levantado uma série de críticas e questionamentos sobre a validade de tal uso e os métodos empregados.
Bases de Dados
Alguns exemplos de bases de dados que armazenam, indexam e analisam producões científicas pode-se listar:
Indicadores
Alguns dos principais indicadores na análise cienciométrica são[5]:
- Número de trabalhos. Quantidade de artigos, livros, capítulos de livros, relatórios, etc. produzidos pelo cientista ou instituição ou publicadas por um grupo editorial. É uma medida da produtividade do agente científico.
- Número de citações. Total de vezes que um trabalho de um cientista, instituição, país ou publicação em um periódico foi mencionado em outros trabalhos. É uma medida da relevância do trabalho.
- Co-autorias. Número de trabalhos realizados em colaboração com outros cientistas ou instituições. É uma medida da inserção do cientista ou da instituição no ambiente científico.
- Número de patentes. Quantidade de patentes registradas ou pedidas por cientistas, grupos ou instituições derivadas dos trabalhos desenvolvidos pelos agentes científicos. É uma medida dos resultados práticos dos trabalhos.
- Número de citações de patentes. Total de vezes que uma dada patente é mencionada no pedido de novas patentes. É uma medida da relevância da patente.
- Mapeamento de países e campos científicos. Permite a identificação do ranqueamento de diferentes países em relação a cooperação científica global.
Outros indicadores são: premiações, bolsas, número de orientações acadêmicas, citações em mídias tradicionais.
Temas de interesse para Cientometria
- Crescimento quantitativo da produção científica;
- Desenvolvimento de uma campo ou subcampo de conhecimento;
- Relacionamento entre produção de ciência e tecnologia;
- Obsolescência de paradigmas científicos;
- Rede de comunicação entre cientistas;
- Relacionamento entre desenvolvimento científico e crescimento econômico.·
Aplicação de Técnicas Cientométricas
- Identificação de tendências e crescimento do conhecimento em diferentes áreas;
- Investigar cobertura de uma publicação a partir de um núcleo e de fontes secundárias;
- Identificação dos atores de diferentes áreas;
- Estudar a utilidade do serviço para divulgação seletiva da informação;
- Prever tendências em publicações.
- Estudar a dispersão e obsolescência de literatura científica;
- Suporte ao processo de indexação, classificação e geração automática de resumos;
- Análise da produtividade de editores, autores individuais, organizações e países.
Programas para Análise Cientométrica
Alguns programas que auxíliam na atividade cientométrica[4]:
- Bibexcel[6]
- Sci2 Tool[7]
- CiteSpace II[8]
- NetworkWorkbench[9]
Ver também
Referências
- ↑ Macias-Chapula, Cesar A. (1998). «O papel da informetria e da cienciometria e sua perspectiva nacional e internacional». Ciência da Informação. 27 (2): nd–nd. ISSN 1518-8353. doi:10.1590/s0100-19651998000200005
- ↑ Gregolin, José Ângelo Rodrigues (2005). «Análise da Produção Científica a partir de Indicadores Bibliométricos» (PDF). FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Consultado em 25 de agosto de 2021
- ↑ Zitt, M; Bassecoulard, E (3 de junho de 2008). «Challenges for scientometric indicators: data demining, knowledge-flow measurements and diversity issues». Ethics in Science and Environmental Politics (em inglês). 8: 49–60. ISSN 1863-5415. doi:10.3354/esep00092
- ↑ a b Ruas, Terry Lima; Pereira, Luciana (Julho de 2014). «Como construir indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação usando Web of Science, Derwent World Patent Index, Bibexcel e Pajek?». Perspectivas em Ciência da Informação. 19 (3): 52–81. ISSN 1413-9936. doi:10.1590/1981-5344/1678. Consultado em 16 de Outubro de 2019
- ↑ Spinak, Ernesto (Outubro de 1998). «Indicadores Cientométricos». Ciência da Informação. 27 (2): 141-148. Consultado em 25 de Outubro de 2019
- ↑ Persson, O., R. Danell, J. Wiborg Schneider. 2009. How to use Bibexcel for various types of bibliometric analysis. In Celebrating scholarly communication studies: A Festschrift for Olle Persson at his 60th Birthday, ed. F. Åström, R. Danell, B. Larsen, J. Schneider, p 9–24. Leuven, Belgium: International Society for Scientometrics and Informetrics.
- ↑ Sci2 Team. (2009). Science of Science (Sci2) Tool. Indiana University and SciTech Strategies, https://sci2.cns.iu.edu.
- ↑ Synnestvedt, M. B., Chen, C., & Holmes, J. H. (2005). CiteSpace II: visualization and knowledge discovery in bibliographic databases. AMIA ... Annual Symposium proceedings. AMIA Symposium, 2005, 724–728.
- ↑ NWB Team. (2006). Network Workbench Tool. Indiana University, Northeastern University, and University of Michigan, http://nwb.slis.indiana.edu