Ciclones extratropicais no sul do Brasil em 2023[nota 1] foram uma série de ciclones extratropicais que ocorreram entre os meses junho, julho e setembro nos estados da região sul do Brasil.
O ciclone extratropical no sul do Brasil em junho de 2023 atingiu os estados do Rio Grande do Sul (RS) e de Santa Catarina (SC). A maior intensidade foi observada entre a noite de 15 e a manhã de 16 de junho de 2023, principalmente na região nordeste do RS e sudeste de SC. O ciclone extratropical causou o "maior desastre natural relacionado últimas quatro décadas no estado" do RS.[5][6][7] O sistema começou a se formar no dia 13 de junho a partir de uma área de baixa pressão perto de São Paulo, que, conforme se deslocou para o sul, começou a ser organizar num ciclone, cujo centro, entre 15 e 16 de junho, se aproximou muito da costa entre a divisa do RS e SC.[8][9][10]
Na manhã de 15 de junho o INMET emitiu um alerta laranja, de "perigo", para chuvas intensas que poderiam chegar a 100 mm em 24h e ventos de até 100 km/h para áreas do Rio Grande do Sul (RS) e Santa Catarina (SC).[11] À tarde, esse alerta foi elevado para vermelho, de "grande perigo", sendo que o acumulado de chuva poderia "superar os 100 mm em 24h, com ventos de mais de 100 km/h".[12] O portal especializado Metsul chamava a situação de "perigosa". "Este ciclone será o mais forte a atuar junto ao Rio Grande do Sul e o Sul Catarinense desde a passagem em maio do ano passado da tempestade subtropical Yakecan", avisava a Metsul também.[9] Em 15 de junho o ciclone propriamente dito começou a se formar, causando chuvas intensas e ventania em toda região nordeste do Rio Grande do Sul e em algumas cidades mais a sudeste de Santa Catarina. Segundo o INMET, até o início da manhã do dia 16 havia chovido 206,2 mm em Teutônia, no RS, e ventos de 112 km/h em Bom Jardim da Serra (SC) e de 102 em Tramandaí (RS) haviam sido registrados.[13]
No dia 17, uma comitiva formada pelo governador Eduardo Leite, pelo ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, e pelo ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, vistoriou as áreas mais atingidas.[14] Dezesseis (16) pessoas morreram no RS, no chamado "maior desastre natural relacionado a chuvas intensas das últimas quatro décadas no Estado". 54 municípios tiveram danos ou pessoas atingidas, incluindo 15 mil pessoas desabrigadas e desalojadas. Cerca de 3 mil produtores rurais também tiveram perdas, numa região que é grande produtora de hortigranjeiros.[15][7][5] O total de perdas financeiras, segundo o governo estadual, girava em torno de R$ 91 milhões.[7] Em Santa Catarina um barco com 8 pescadores virou no mar no dia 16 devido à agitação marítima provocada pelo ciclone. Seis pessoas foram resgatadas e duas morreram.[16] No estado, a cidade de Praia Grande decretou Situação de Emergência ainda na sexta-feira, 16. Outros 20 municípios também foram atingidos.[17][18]
Julho
O ciclone extratropical no sul do Brasil em julho de 2023 atingiu os estados do Rio Grande do Sul (RS) e de Santa Catarina (SC). A região mais atingida por essa série de tempestades desde a última quarta-feira (12) foi o litoral do Rio Grande do Sul, onde ocorreram ventos de até 140 quilômetros por hora e granizo.[19]
No município de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, um idoso perdeu a vida quando sua residência foi atingida por uma árvore. Na cidade costeira de Itanhaém, no litoral do estado de São Paulo, uma idosa foi eletrocutada por fios derrubados devido à queda de galhos. Em São José dos Campos, no interior de São Paulo, outra mulher perdeu a vida após ser atingida por um tronco de árvore.[19]
Mais de um milhão de pessoas na região Sul do país ficaram sem energia elétrica devido aos fortes ventos, que também causaram a suspensão dos voos no Aeroporto Internacional de Florianópolis por quase 24 horas, afetando também as operações nos aeroportos de Congonhas e Guarulhos, na Grande São Paulo. Os portos nas regiões Sul e Sudeste também tiveram seu funcionamento prejudicado. Na Serra do Mar, no estado do Paraná, turistas ficaram presos por 10 horas em um trem devido às condições climáticas adversas.[19]
A formação de uma frente fria e de uma corrente de jato em baixos níveis junto ao ciclone agravou a situação meteorológica e provocou uma enorme quantidade de chuva, fortes rajadas de vento e queda de granizo no estado e em partes de Santa Catarina.[21][22][23][24][20] O desfecho mais impactante das severas condições meteorológicas combinadas foram as enchentes no Vale do Taquari, que deixaram cerca de 359 mil atingidos, 5 mil desabrigados e mais de 21 mil desalojados, além de 47 mortes e 10 desaparecidos,[25][26][27][28][29] o que tornou este o maior desastre natural no Rio Grande do Sul em mais de seis décadas e o segundo maior em número de mortes, atrás somente das enchentes de 1959.[30][31] Em Santa Catarina houve uma morte e registros de feridos.[32]