Cesáreo Fernández Duro
Cesáreo Fernández Duro (Zamora, 25 de fevereiro de 1830 — Zamora, 5 de junho de 1908) foi um oficial naval da Armada Espanhola, escritor, erudito e historiador,[1] que se notabilizou pela sua vasta obra sobre a história naval de Espanha. BiografiaIniciou os seus estudos em Zamora, a sua cidade natal, transferindo-se para Cádis aos 15 anos de idade, ao ingressar na Escuela Naval Militar de San Fernando, onde continuou a sua formação. Terminado o curso, em 1847 embarcou como guarda-marinha na fragata Isabel II (navio que iniciara serviço em 1836), e durante três anos navegou pelas Antilhas. Em 1851 embarcou no navio Villa de Bilbao que navegou para as Filipinas, onde integrou a guarnição do bergantim Ligero no qual tomou parte na "jornada de Joló" contra os piratas que operando a partir do Sultanato de Jolo infestavam os mares em torno de Mindanao. Pelo seu valeroso comportamento foi agraciado com a Cruz Laureada de San Fernando.[2] Regressou a Espanha, e com o posto de guarda-marinha-de-primeira foi colocado na Comissão Hidrográfica das Canárias. Naquelas ilhas, apesar da sua idade e posto, foi admitido como membro de honra da Real Academia Canaria de Bellas Artes a 10 de Novembro de 1852.[3] Em 1853, com o posto de segundo-tenente (alférez de navío) foi integrado na guarnição da corveta Ferrolana (de 1848), com a qual navegou pelo Mediterrâneo, visitando diversos portos de França e Itália. Em 1857 foi nomeado professor da Escuela Naval Militar (o Colegio Naval), ficando encarregado do ensino da disciplina de Cosmografia. Em 1860 foi nomeado comandante do vapor de hélice El Ferrol, com o qual tomou parte na batalha de los Castillejos da campanha de África, com acção que lhe valeu ser condecorado com a Cruz de la Diadema Real de Marina e o posto honorífico de Comandante de Infantería.[2] Em 1862 voltou às Antilhas, para participar na expedição contra o México comandada pelo general Juan Prim i Prats, organizada em cooperação com o Reino Unido e a França para cobrar dívidas do estado mexicano após a ruptura do Tratado Mon-Almonte de 14 de dezembro de 1859. Contudo, depois de estar mobilizado para ser enviado ao México na base naval de La Habana, foi mandado regressar a Madrid, onde foi colocado no Ministério da Marinha. Em 1869 e 1870, com o posto de capitão-de-mar-e-guerra (capitán de navío) esteve colocado em Cuba onde prestou serviço como Secretário do Governo Superior de Cuba. Após o seu regresso a Madrid dedicou-se essencialmente à investigação histórica, em particular ao estudo e divulgação da história naval espanhola. Participou em congressos, organizou expedições, como a que investigou a situação da antiga possessão espanhola de Santa Cruz de la Mar Pequeña (Ifni), efectuou estudos sobre Colombo e os seus feitos, sobre a nau Santa María e sobre os galeões. No campo da História, escreveu múltiplas obras sobre a história da Armada Espanhola, de Castilla e da cidade de Zamora, entre outros temas. Participou no estudo arqueológico sobre a caravela Santa María realizado por ocasião do quarto centenário do descobrimento da América, e coordenou a construção de uma réplica de dita nau.[4] Foi ajudante de campo do rei Alfonso XII. Pelo seu prestígio, conhecimentos e experiência em matéria geográfica, foi designado árbitro na determinação dos limites entre a Colômbia e a Venezuela, entre o Chile e o Peru e na delimitação dos então territórios espanhóis na Guiné Equatorial. A 13 de março de 1881 ingressou como sócio numerário na Real Academia de la Historia, lendo um discurso titulado Vida do ilustre marino Mateo de Laya,[5] e em 1898 foi nomeado Secretário Perpétuo daquela academia. Com o posto de capitão-de-mar-e-guerra, passou à reforma em 1888, terminando uma carreira militar que iniciara em 1845. Pouco antes de falecer, já gravemente doente, recebeu o prestigioso Premio al Mérito de la Real Academia de la Historia, que se veio juntar às múltiplas condecorações que já recebera. Faleceu na sua localidade natal de Zamora a 5 de junho de 1908. Por decreto, foi ordenada a trasladação dos seus restos mortais para o Panteón de Marinos Ilustres, donde receberam sepultura a 14 de fevereiro de 1963. Obras publicadasDeixou uma vasta obra publicada, já que se lhe devem mais de 400 publicações, entre livros, monografias, informes e memórias, em particular sobre três eixos temáticos: a história da Marinha espanhola, a conquista da América e a história de Zamora. Sobre este último tema compôs uma Colección bibliográfico-biográfica de noticias referentes a la provincia de Zamora o materiales para su historia (Madrid: Manuel Tello, 1891), que foi premiada em 1876. A obra é dividida em três secções: uma bibliografia regional das obras que tratam de Zamora; uma tipobibliografia sobre a imprensa em Zamora; e uma biobibliografia das personalidade célebres oriundas daquela cidade. Quanto aos seus trabalhos sobre a história da Marinha Espanhola, merece relevo a sua Historia de la Armada española desde la unión de Castilla y de Aragón (1895-1903), publicada em nove volumes, e a obra Disquisiciones Náuticas (1876-1881), em seis volumes, trabalhos que se mantém actuais.[6] Entre as suas obras mais conhecidas contam-se as seguintes:
Notas
Ligações externas
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