Cerco de Hatra
O cerco de Hatra ocorreu em 240-241 e foi conduzido pelo xá Sapor I (r. 240–270). Ele resultado na destruição e abandono de Hatra. AntecedentesHatra foi fundada no século III ou II a.C. pelo Império Selêucida e desde o tempo do Império Arsácida prosperou como capital do Reino de Araba. Tinha posição estratégica junto as rotas do comércio caravaneiro, o que permitiu sua prosperidade, e tornou-se importante centro religioso. Foi sitiada ao menos duas vezes pelo Império Romano, a primeira em 116/117 por Trajano (r. 98–117) e a segunda em 198/199 por Sétimo Severo (r. 193–211).[1] Seu último rei foi Sanatruces II (r. 200–240/241). Em seu tempo, ela ficou na órbita de influência dos romanos, que estacionaram tropas ali. Isso chamou a atenção do Império Sassânida, e em cerca de 226/227, o xá Artaxes I atacou-a sem-sucesso.[2] Em 240, segundo Tabari, quando Sapor I (r. 240–270) estava em campanha no Coração (esse episódio é hoje datado tempos depois), Sanatruces (chamado nas fontes árabes de Daizane e Satirune) atacou o Sauade. Isso enfureceu Sapor, que começou a sitiar Hatra.[3] Cerco e rescaldoA memória do cerco foi preservada na tradição árabe, que incorporou elementos lendários na narrativa. Hixame ibne Alcalbi afirmou que o xá cercou Hatra por 4 anos, completamente incapaz de destruí-la ou capturar Daizane, enquanto Alaxa mencionou em seu poema que Sapor sitiou a fortaleza por apenas dois anos:[4]
Segundo as fontes árabes, uma das filhas de Daizane chamada Nadira lhe traiu por se apaixonar por Sapor e permitiu que o xá entrasse na cidade. Segundo a tradição, ela estava menstruada, e como era costume, foi deixada no subúrbio externo. Ela entreolhou Sapor e eles se apaixonaram. Então lhe enviou uma mensagem na qual perguntou, "o que você me daria se eu lhe indicasse como você poderia trazer a destruição da muralha dessa cidade e como você poderia matar meu pai?", e ele respondeu, "o que escolhesse; e eu a elevaria sobre todas as minhas outras esposas e a faria minha esposa mais próxima com a exclusão delas." Nadira lhe disse, "Pegue uma pomba de colarinho prateado e escreva sobre sua perna com o sangue menstrual de uma virgem de olhos azuis. Então liberte-a e ela pousará sobre a muralha da cidade, que ruirá." Depois, continuou dizendo: "vou dar aos guardas vinho e quando eles forem colocados no chão [por seus efeitos espantosos], mate-os e entre na cidade". As defesas desmoronaram, Daizane foi morto, os grupos dissidentes de Cudaa foram aniquilados junto com alguns clãs dos huluânidas.[5] A cidade foi deixada em ruínas e Sapor levou Nadira, com quem casou depois em Aim Atamir.[6] Anre ibne Ilá, que estava com Daizane, disse:[7]
Referências
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