Centro Histórico de Olinda
O Centro Histórico de Olinda, também chamado de Cidade Alta, abrange a área histórica do município brasileiro de Olinda, no estado de Pernambuco. Quase um terço da área total do município é tombado. A preservação desse sítio histórico começou na década de 1930, quando os principais monumentos foram protegidos por tombamento. A partir daí foram promovidas várias ações no sentido de preservar todo o patrimônio histórico, cultural e arquitetônico ainda existente no município. O sítio foi declarado Monumento Nacional pelo Congresso Nacional em 1980, e em 1982 foi reconhecido como patrimônio mundial pela UNESCO.[1] Olinda foi a urbe mais rica do Brasil Colônia entre o século XVI e o início do século XVII de acordo com escritores da época como Pero de Magalhães Gândavo, chegando a ser referida como uma "Lisboa pequena", dada a opulência só comparável à da Corte portuguesa. Foi sede do Brasil colonial entre 1624 e 1625 por ocasião da primeira das invasões neerlandesas: Matias de Albuquerque foi nomeado Governador-Geral, administrando a colônia a partir de Olinda. A vila manteve-se próspera até a invasão holandesa à Capitania de Pernambuco, quando os neerlandeses, após retirar os materiais nobres das edificações para construir suas casas na capital da Nova Holanda (Recife), incendiaram Olinda. Com o término da Insurreição Pernambucana, Olinda voltou a ser a sede da capitania, porém sem a influência de outrora, o que ocasionou conflitos como a Guerra dos Mascates. Em meados do século XIX, a cidade deixou de ser a capital de Pernambuco.[2][3][4][5] Em que pesem a descaracterização de parte do seu casario histórico e a perda de diversos exemplares da arquitetura quinhentista com o ataque holandês, Olinda abriga dezenas de igrejas e conventos barrocos de inestimável valor histórico, e mantém o seu traçado urbano colonial. É uma localidade de grande relevo na história do Brasil.[2][3][4][5] HistóriaFundada em 1535 por Duarte Coelho, primeiro donatário da Capitania de Pernambuco, em um sítio elevado que favorecia a defesa da povoação e controle da região, Olinda se tornou a capital pernambucana e o principal polo econômico do Brasil Colônia no século XVI, enriquecida com a cana-de-açúcar. Em 1612 a vila centralizava a produção de todos os engenhos de Pernambuco, e tanta riqueza motivou a invasão dos holandeses em 1630. Um ano depois, sendo considerada mal localizada pelos invasores, a vila foi abandonada e incendiada, e a capital transferiu-se para Recife, o antigo porto de Olinda.[6][7][8][9][10] Depois da expulsão dos holandeses em 1654, Olinda começou a ser reconstruída. Das edificações originais quase nada restara, destacando-se entre as que escaparam do incêndio a Igreja de São João.[1] Porém, desenvolveu-se intensa rivalidade com Recife pela supremacia política. Os fazendeiros e a Igreja desejavam o retorno da capital para sua antiga sede, mas os comerciantes preferiam Recife como capital por ter um porto. Vencendo os primeiros, voltou Olinda à condição de capital. Em 1676 foi erigida ali a Diocese de Pernambuco e a vila subiu à condição de cidade, passando os próximos cem anos envolvida na reconstrução e tornando-se importante centro cultural.[6][1] No século XVIII, com o declínio da economia açucareira, e enfrentando a constante competição de Recife, que se mostrava cada vez mais próspera, a cidade mudou seu perfil, tornando-se um refúgio de aristocratas, religiosos, estudantes e pessoas em busca de suas praias para banhos medicinais.[11] Em 1827 Recife voltou a ser capital.[1] Ao longo do século XIX é visível a estagnação da cidade, que continua do mesmo tamanho que tinha no século anterior. O seu renascimento só ocorreu no século XX, quando seu potencial turístico começou a ser explorado.[12] A cidade tem um traçado irregular, de influência medieval, adaptando-se de forma orgânica às curvas do terreno. Os monumentos históricos são realçados pela abundante vegetação tropical que sobrevive entre a malha urbana. Há grande número de igrejas, muitas delas com rica ornamentação barroca no interior, e seu casario atesta a transformação dos hábitos de edificação civil ao longo dos séculos, mas preservou-se a harmoniosa integração com a paisagem e ainda restam expressivos trechos com a antiga urbanização colonial do século XVIII, com suas casas de tradição portuguesa, com sacadas em pedra ou madeira, fachadas contíguas e grandes quintais, adaptadas ao clima tropical do local.[6][1] Segundo descrição da UNESCO, que o declarou Patrimônio Mundial, "as qualidades únicas do Centro Histórico surgem do equilíbrio preservado entre os edifícios, públicos ou privados, e os jardins organizados desde a primitiva divisão dos lotes. É uma cidade de vistas surpreendentes: uma das numerosas igrejas ou conventos barrocos, ou uma das várias capelas dos passos, vai aparecer a cada vez que dobramos uma esquina. Os refinamentos elaborados da decoração das principais estruturas arquitetônicas contrastam com a charmosa simplicidade do casario pintado de cores vivas ou com as fachadas revestidas de azulejos".[1] Entre as construções existentes atualmente, se destacam a antiga capela do colégio jesuíta, hoje denominada Igreja da Graça,[1] a Catedral Sé de Olinda, a Basílica e Mosteiro de São Bento, o Convento de São Francisco, a Igreja de Nossa Senhora das Neves, a Igreja do Carmo de Olinda, Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e o antigo palácio episcopal, hoje o Museu de Arte Sacra de Pernambuco.[6][13] Nos últimos anos a administração municipal, o IPHAN e o Programa Monumenta têm realizado muitas obras de conservação, restauro e revitalização de estruturas e espaços, com preocupação com a acessibilidade e a circulação, a organização dos artesãos e comerciantes locais e o aproveitamento das vistas panorâmicas que podem ser desfrutadas de cima das colinas do centro histórico.[11][14] Grande parte do interesse que Olinda desperta vem de suas manifestações da cultura popular, sendo conhecida pela sua cerâmica e sua talha artesanal, pelo seu carnaval e outras festas típicas da região, onde se dança o frevo e o maracatu.[6]
Ver também
Referências
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