Castelo de Alpalhão
O Castelo de Alpalhão (desaparecido) localizava-se na povoação e freguesia de Alpalhão, no atual Município de Nisa, Distrito de Portalegre, em Portugal.[1] Fundado por D. Dinis em 1300, fez parte da Ordem do Templo e da Ordem de Cristo, iniciando-se a sua extinção em 1704, aquando da Guerra de Sucessão Espanhola. HistóriaÀ época da Reconquista cristã da Península Ibérica, a povoação integrou os domínios da Ordem dos Templários em Portugal, que aí teriam feito erguer um castelo em algum momento entre os meados do século XII e os do XIII. À época de D. Dinis (1279-1325), com a extinção da Ordem, a povoação e seu castelo passaram para os domínios da Ordem de Cristo (1319), época em que o castelo terá sido reedificado. Sob o reinado de D. Manuel I (1495-1521), encontra-se figurado por Duarte de Armas (Livro das Fortalezas, c. 1509). Era seu alcaide, à época, Fernão da Silva (1492-1511), responsável por grandes reformas na fortificação, nomeadamente uma nova cerca, que por volta de 1509 tinha já 9 covados de altura e 5 de espessura, com três cubelos nos três cantos, rasgados por bombardeiras, uma sala sobradada, junto à torre de menagem, uma nova cozinha com 5,5 x 3 varas, uma nova estrebaria, com 18 varas de longo, e uma casa para aposentadoria de homens, do tamanho do celeiro, com portal de cantaria. Na sequência da Guerra da Restauração, Alpalhão integra a segunda linha de defesa e D. João IV terá mandado proceder a obras de modernização da fortificação da vila que, segundo Pinho Leal, só terão ficado concluídas no reinado de D. Afonso VI, em 1660. A Guerra da Sucessão Espanhola é responsável pela destruição de parte do castelo, em 1704. As tropas franco-espanholas causa muitos estragos nas regiões fronteiriças, incluindo em Alpalhão, onde permanecem durante 18 dias sob o comando de James Fitz-James, 1.º duque de Berwick, quando estas se dirigiam de Castelo Branco para Portalegre. Segundo o pároco local, nas Memórias Paroquiais de 1758, "pello terremmoto foi so o que padeceu nesta villa perder hua pequena parte la do alto da mesma face offendida; que as outras tres se conservao inteiras". Ao que tudo indica, o que restava do castelo foi desmantelado pela população para aproveitamento e comercialização das pedras, acabando pela malha urbana. Em 1940 a Direção-Geral da Fazenda Pública, do Ministério das Finanças, manda organizar um inquérito, e consegue apurar que: uma parte das antigas muralhas serve de suporte à torre do relógio tendo sido requerido o seu registo a favor do Estado na Conservatória do Registo Predial, aceitando a Câmara a sua cessão, a titula precário; outra parte está usurpada e incluída em prédios privados resolvendo-se proceder à sua desamortização; e a restante parte do antigo prédio militar não é possível identificar por não haver vestígios. Características (descrição)Castelo terrestre que se implantava em zona privilegiada, permitindo controlar a via militar romana que ligava Santarém a Cáceres, passando por Gavião e Castelo de Vide. A descrição no Tombo da Ordem de Cristo e os desenhos de Duarte de Armas, ambos da primeira década do séc. XVI, permitem definir o Castelo de Alpalhão como um castelo da primeira fase da arquitetura militar de transição, com grande regularidade planimétrica e algumas soluções de adaptação à artilharia pirobalística. Possuía planta sub-quandrangular, integrando a antiga torre de menagem medieval num ângulo e tendo nos restantes torres circulares abobadados, adaptadas ao tiro flanqueado com armas de fogo, tendo três níveis de tiro, o inferior com troneiras cruzetadas, as quais surgiam também nos vários panos de muralha. A torre de menagem tinha características residenciais, com boa iluminação, por amplas janelas conversadeiras, chaminé de aquecimento em cada um dos pisos e forro de madeira, comunicando com ampla sala de aposentamento, acedida por escada exterior. Descrição no Tombo da Ordem de CristoNo Tombo da Comenda de Alpalhão, elaborado por frei Francisco capelão do rei, notário e escrivão da visitação, em 1505, procede-se à seguinte descrição do castelo:
Desenho de Duarte de ArmasSegundo os desenhos de Duarte de Armas, o Castelo de Alpalhão possuía planta quase quadrangular, regular, com torre de menagem integrada no ângulo sudoeste e nos restantes ângulos três cubelos circulares, com paramentos aprumados. A torre de menagem media 4,5 x 6 varas, e 12 varas de altura, tendo dois sobrados, o superior sobrelevado, com acesso por aposento disposto a norte, e iluminado por amplos vãos e troneira cruzetada. Cada um dos cubelos tinha 3 varas de largo e 8 de altura, eram abobadados e tinham três níveis de tiro, com três troneiras num nível inferior, três a meio e três seteiras em cima. Os panos de muralha, sem remate, tinham 4,5 de altura e 1 vara e 1 pé de espessura, duas troneiras rasgadas inferiormente, fazendo-se o acesso ao interior por portal a sul. No interior as dependências, térreas ou sobradadas, desenvolviam-se à volta das muralhas, criando pátio central. ReferênciasLigações externas
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