Carlos de Ornellas
Carlos de Ornellas Lopes Banhos (Angra do Heroísmo, 4 de março de 1897 — Lisboa, 15 de agosto de 1963), mais conhecido por Carlos d'Ornellas, nome com que assinava as suas publicações, foi um jornalista, escritor e empresário da imprensa escrita. Sargento do Exército Português, integrante do Corpo Expedicionário Português que combateu na frente ocidental da Primeira Guerra Mundial, abandonou a vida militar para se dedicar ao jornalismo e à escrita.[1][2][3] BiografiaNasceu na cidade de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira (Açores),[4] onde o seu pai, o general Guilherme Carlos Lopes Banhos,[5] ao tempo no posto de major de Artilharia, se encontrava colocado como inspector do material de guerra do Comando Militar dos Açores. Com a transferência do pai para a ilha de São Miguel, estudou no Liceu de Ponta Delgada,[4] sem contudo concluir o ensino secundário.[1] Assentou praça como voluntário no Regimento de Infantaria n.º 1, frequentando a Escola Central de Sargentos do Exército, cujo curso concluiu.[4] Foi depois integrado no Corpo Expedicionário Português,[4] como sargento do Regimento de Infantaria n.º 7, durante a Primeira Guerra Mundial.[6] Distinguiu-se pela sua conduta durante os combates em França[4] e na Flandres.[7] Aderente do movimento integralista monárquico, participou na tentativa de golpe de Janeiro de 1919, e na Revolução de 28 de Maio de 1926,[4] e manteve-se ligado ao general Gomes da Costa, tendo sido seu secretário logo após o golpe de 28 de Maio de 1926.[1] Terminada a carreira militar, passou a trabalhar como jornalista, tendo passado por vários jornais diários de Lisboa, e fundado a revista Viagem.[8] Fez parte da equipa dos jornais A Capital, O Século, A Noite, A Monarquia, Correio da Manhã, A Vanguarda, Diário dos Açores, Correio dos Açores, A Época, A Voz, Diário da Manhã, Acção Nacional, Reacção e A Monarquia Nova.[4] Em 4 de Novembro de 1920, empregou-se como funcionário na editora da Gazeta dos Caminhos de Ferro, da qual se tornou proprietário e director cerca de três anos depois.[9] Foi o enviado da Gazeta dos Caminhos de Ferro ao V Congresso Internacional da Imprensa Técnica, na cidade de Barcelona, em 1929, e ao Congresso Internacional dos Caminhos de Ferro, em Madrid, em 1930, e ao Congresso Internacional dos Caminhos de Ferro, em Paris, em 1937.[9] Colaborou igualmente na organização de várias instituições, como a Casa da Imprensa, em Lisboa, onde foi tesoureiro, e a Caixa de Previdência dos Profissionais da Imprensa de Lisboa. Desempenhou outras funções directivas[4] em agremiações relacionadas com os profissionais da imprensa e foi um dos fundadores do agrupamento dos Combatentes da Grande Guerra,[10] percursor da Liga dos Combatentes. Também foi fundador e colaborador da associação onomástica Os Carlos, do Grémio dos Açores,[10] e da Associação da Imprensa Técnica e Profissional.[4] Trabalhou igualmente como secretário na Sociedade de Geografia de Lisboa.[4] Defensor da tauromaquia[8], criou o Grupo Tauromáquico Sector I[11] e a tertúlia intitulada Festa Brava, à qual presidiu por 17 anos.[11][12] Participou em diversos congressos sobre a temática dos caminhos de ferro, na Bélgica, Espanha, França e Suíça.[4] Esteve no congresso ferroviário realizado em Madrid em setembro de 1958.[10] No âmbito das suas fuções como dirigente de associações ligadas ao jornalismo, conseguiu que a Câmara Municipal de Lisboa colocasse o nome do jornalista Leonildo de Mendonça e Costa num largo daquela cidade, cuja cerimónia teve lugar no dia 1 de março de 1933.[9] Em 1952, participou, junto com outros antigos combatentes portugueses da Primeira Guerra Mundial, numa romagem aos antigos campos de batalha na França, Bélgica e Alemanha, com especial destaque para a Flandres.[13] No ano seguinte, organizou, junto com Agostinho Sá Vieira e o general Luís Augusto Ferreira Martins, a III Romagem dos Antigos Combatentes Portugueses, na qual participou, para visitar as sepulturas dos soldados portugueses da Primeira Grande Guerra, em França e na Bélgica. Nessa viagem aproveitou para assistir, em representação da revista Viagem e da Gazeta dos Caminhos de Ferro, ao XI Congresso da Imprensa Periódica, que, naquele ano, se realizou em Bruxelas.[14] Em 1955, publicou o livro Espanha, sendo o segundo volume da série Viajando pela Europa.[15] Também publicou as obras Madeira e Açores, O Último Dia do Condenado, Contos Amargos da Guerra, Manual do Viajante em Portugal, O Açoriano na Grande Guerra, e Petit Guide de Conversation Français-Portugais Adoeceu logo após o seu regresso de Madrid, em setembro de 1958, tendo conseguido resistir com cuidados médicos durante cerca de cinco anos.[10] No entanto, acabou por falecer na madrugada do dia 15 de Agosto de 1963, na sua residência da Rua da Horta Seca, em Lisboa.[4] O funeral teve lugar no dia seguinte, na Igreja da Encarnação, tendo o corpo sido enterrado no talhão dos combatentes da Primeira Guerra Mundial, no Cemitério do Alto de São João.[4] Estava casado com Fernanda Pereira da Silva de Ornellas, com quem teve uma filha, Maria Carlos da Silva Pereira de Ornellas.[4] Um ano após a sua morte, os membros da direcção das organizações Os Carlos e Festa Brava lideraram uma procissão, em que participou um grande número de pessoas, para depositar ramos de flores na sua campa.[10] Também foi homenageado pelo general Afonso Botelho, no âmbito das comemorações do aniversário do armistício da Primeira Guerra Mundial.[6] Foi condecorado com as medalhas militares da Campanha do Exército 1914-1917, das nações aliadas, de de Bons Serviços, e da Cruz Vermelha de dedicação e agradecimento.[4] PublicaçõesPara além de uma vasta obra dispersa pelos periódicos em que colaborou, é autor das seguintes monografias:[1]
Referências
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