Carlos II de Espanha
Carlos II (Madrid, 6 de novembro de 1661 – Madrid, 1 de novembro de 1700), também conhecido como Carlos, o Enfeitiçado, foi o Rei da Espanha de 1665 até sua morte, sendo o último monarca espanhol da Casa de Habsburgo. Seus domínios incluíam os Países Baixos Espanhóis e o império espanhol de além-mar, indo das Américas até as Índias Orientais Espanholas. Segundo relatos históricos, Carlos II era portador de sérias limitações físicas e mentais. Só começou a falar aos quatro anos de idade, e a andar aos oito anos. Sofria de graves problemas de saúde, e morreu aos 39 anos, com aparência de velho e sem deixar herdeiros. Quando da morte de Carlos, em 1700, todos os potenciais sucessores Habsburgo haviam morrido. Ele nomeou em seu testamento seu sobrinho-neto Filipe, Duque de Anjou, como seu sucessor. Filipe era neto da meia-irmã de seu pai, Maria Teresa da Áustria, primeira esposa do rei Luís XIV de França. Já que as outras potências europeias viam a possível relação dinástica entre a Espanha e a França como uma perigosa mudança de equilíbrio de poder, a Guerra da Sucessão Espanhola começou pouco depois de sua morte. Infância e problemas de saúdeNascido em 6 de novembro de 1661 no Real Alcázar de Madrid, Carlos foi o último filho e único sobrevivente de Filipe IV da Espanha e sua segunda esposa, Maria Ana da Áustria. Apesar de fraco e doentio, seu nascimento foi recebido com grande alegria, já que os outros herdeiros de Filipe IV se encontravam mortos: Filipe Prospero, Príncipe das Astúrias, morrera aos 4 anos de idade, e antes dele haviam morrido Fernando Tomas e Baltasar Carlos, este em 1646, com dezessete anos de idade. Como consequência, Carlos tornou-se o único herdeiro legítimo de Filipe IV. A saúde da criança desde o nascimento era particularmente fraca, tanto que o embaixador francês na corte de Madri, apenas alguns meses após o nascimento da criança, relatou assim a Luís XIV:
Por causa de sua saúde particularmente precária, Carlos II não conseguiu falar até aos quatro anos de idade, nem andar até ter oito anos,[2] e foi tratado como uma criança pequena até os dez anos de idade: seus guardiões haviam evitado sujeitá-lo a qualquer esforço físico ou intelectual, a ponto de nem sequer considerar a higiene pessoal do garoto, tanto que seu meio-irmão João José de Áustria, enquanto valido, obrigou-o a lavar e cuidar do cabelo. Além disso, o rei era frequentemente atingido por ataques muito fortes de enxaqueca, epilepsia e doenças contínuas como gripe, que a crença popular atribuía a uma maldição. Por esse motivo, ele entrou para a história como O Enfeitiçado. Sobre essa crença, o próprio soberano disse:
Estudos médicos recentes mostraram que, por outro lado, a má saúde do rei era consequência principalmente da política endogâmica de casamentos da dinastia Habsburgo, como o casamento entre primos de primeiro grau ou entre tios e sobrinhos, cujo objetivo era não dispersar os territórios da família[2] mas impunha problemas do ponto de vista genético.[4] A mãe de Carlos, Maria Ana da Áustria era filha de Maria Ana da Espanha, que também era irmã de Filipe IV da Espanha, que, por sua vez, foi o pai de Carlos. Filipe IV e Maria Ana da Áustria, pais de Carlos, eram tio e sobrinha, respectivamente, enquanto Maria Anna da Espanha era simultaneamente tia paterna e avó materna de Carlos. Este último, portanto, tinha quatro bisavós em vez de oito e seis trisavós em vez de dezesseis. Segundo um estudo médico, seu coeficiente de consanguinidade era de 0,254, mais de 10 vezes o de Filipe I de Castela, pai do imperador Carlos V e fundador da dinastia.[2] A teoria mais seguida atribui seu raquitismo, sua fraqueza mental e esterilidade à síndrome de Klinefelter,[2] mas, além disso, o rei sofria de um acentuado prognatismo mandibular, presente em muitos membros da família e, por esse motivo, chamado Lábio Habsburgo,[5] que dificultava a fala e a mastigação. Finalmente, as características marcadas do rosto sugeriam a possibilidade de que ele sofria de acromegalia,[3] enquanto a gastrite e vômito frequentes remontam ao fato de que ele estava sofrendo de acidose tubular renal.[2] Descrição de Carlos IISuas precárias condições de saúde influenciaram muito sua aparência física, tanto que o núncio apostólico na Espanha, depois de conhecer o soberano com cerca de vinte anos, relatou:
Os historiadores americanos William e Ariel Durant acrescentaram: "Baixo, mancando, epilético, precocemente velho e completamente careca antes dos 35 anos de idade, ele estava sempre perto da morte".[7] Segundo o historiador Modesto Lafuente, ele era um rei religioso, tímido e que, com o tempo, tornou-se cada vez mais reflexivo, angustiado e entristecido pelos muitos problemas do reino; Antonio Castillo escreveu sobre seu comportamento:
ReinoRegência de Maria Ana da ÁustriaFilipe IV morreu na manhã de 17 de setembro de 1665, declarando seu filho Carlos, com apenas 4 anos de idade, como seu herdeiro. Dada a tenra idade de Carlos e suas precárias condições de saúde, com a cláusula 21 do testamento, Filipe IV confiou a regência à rainha Maria Ana da Áustria, que deveria ser assistida por seis outras autoridades, incluindo o arcebispo de Toledo e inquisidor-geral, o cardeal Baltasar Moscoso y Sandoval.
Filipe IV, então, com a disposição 37, reconheceu como seu filho João José de Áustria, que se distinguira como general na Flandres e como pacificador das revoltas em Nápoles e na Catalunha, recomendando esposa que promova a sua carreira. Juan Everardo Nithard como validoA rainha mãe, quando da morte do arcebispo de Toledo, atribuiu o cargo vago de inquisidor geral e presidente do conselho de regência ao seu confessor pessoal, o jesuíta austríaco Juan Everardo Nithard, a quem ela conferiu oficialmente o título de valido, excluindo João José, que logo começou a odiar a rainha e seu favorito, já que a nobreza desprezava Nithard por causa de sua influência excessiva sobre a rainha e, em segundo lugar, porque sua nomeação não havia sido aprovada pelo Papa Alexandre VII.[9] Nithard herdara uma situação política particularmente complexa, porque, por um lado, a derrota na guerra franco-espanhola abalara o poder e o prestígio espanhol na Europa, enquanto, por outro, a guerra de restauração portuguesa, que se arrastava desde 1640, absorveu as escassas energias do reino.[10] Durante o governo de Nithard, a situação portuguesa precipitou ainda mais, pois o exército espanhol mal equipado e mal dirigido se mostrou totalmente incapaz de defender as fronteiras e, regularmente, as tropas portuguesas conseguiam penetrar em Castela e Andaluzia, realizando saques. Incapaz de repelir o exército português, Nithard assinou desastroso Tratado de Lisboa em 1668, com o qual, em troca de Ceuta, a Espanha reconheceu a independência de Portugal e seus bens (Brasil e redutos comerciais na Índia e Indochina).[11] No mesmo ano, Luís XIV da França também empreendeu a guerra de devolução contra a Espanha, que somente graças à ajuda da Inglaterra, Suécia e Províncias Unidas, preocupadas com o expansionismo francês, conseguiu evitar, no Tratado de Aachen, graves perdas territoriais. O Tratado de Lisboa e a guerra da devolução desacreditaram seriamente o governo jesuíta à nobreza, enquanto o descontentamento das classes mais fracas havia crescido devido ao forte aumento dos impostos ordenados pelo jesuíta para financiar os dois conflitos. João José da Áustria tornou-se um intérprete desse descontentamento: em 1669 marchou para Madri e, ocupou a capital sem encontrar resistência, forçou a rainha-mãe a dispensar Nithard.[12] Fernando de Valenzuela como validoEm substituição de Nithard, Fernando de Valenzuela, marquês de Villasierra, cujo governo não seria mais eficiente que o de seu antecessor, foi indicado como valido.[13] Em termos econômicos, de fato, Valenzuela não tentou adotar reformas para tornar a arrecadação de impostos mais equitativa e eficiente, nem conseguiu reorganizar a circulação monetária, abalada pela cunhagem excessiva de moedas que ocorreu durante as últimas décadas do reinado de Filipe IV, mas, para resolver os sérios problemas financeiros, mais uma vez recorreu ao aumento de impostos diretos que pesava sobre as classes populares e reduziu o número de soldados do exército. Igualmente negativa foi sua política externa, pois ele foi o principal responsável pela entrada da Espanha na guerra na Guerra Franco-Holandesa de 1672. Nesse conflito, o exército espanhol fortemente enfraquecido falhou em defender o Franco-Condado, perdeu as fortalezas importantes de Namur e Charleroi e sofreu várias incursões na Catalunha, enquanto uma frota espanhola-holandesa travou algumas batalhas inconclusivas contra os Franceses e ingleses.[14] Depois disso, em 1674, ocorreu a revolta de Messina[15] na qual os habitantes da cidade italiana, expulsando a guarnição espanhola, pediram a ajuda das tropas francesas, enquanto a batalha naval de Palermo entre as marinhas hispano-holandesa e francesa terminou com uma importante vitória francesa. Em 1678, foi assinado o Tratado de Nimega, segundo o qual a França obteve o Franco-Condado e numerosas fortalezas flamengas em troca do retorno de Charleroi, Namur e da cidade de Messina. Furioso com a revolta, Carlos II declarou a cidade "morta civilmente", aboliu todos os privilégios, e destruiu o Palácio Senatorial, onde o Senado de Messina se reunia, ordenando também, como sinal de desprezo, espalhar sal sobre a cidade.[16] As sérias derrotas na guerra holandesa, no entanto, influenciaram bastante a situação política do reino: de fato, com a maioridade de Carlos II, tanto a rainha mãe quanto o seu meio-irmão João José empreenderam uma luta feroz para garantir posições de poder, dada a severa fraqueza física do soberano. Para esse fim, em 1677, a rainha, com o apoio de Valenzuela e grande parte da corte, decidiu enviar João José para a Itália, a fim de removê-lo da corte enquanto ela prolongava a regência por mais dois anos. Depois de uma briga violenta com a mãe, Carlos II desistiu, mas secretamente enviou mensagens ao seu meio-irmão Dom João José, levando-o a marchar para Madri: ele ocupou o Palácio do Escorial e convenceu o rei, que já era de maior desde 1675, a demitir Valenzuela e exilá-lo para as Filipinas, além confinar a rainha mãe, Maria Ana da Áustria, no Alcázar de Toledo e, finalmente, nomeá-lo como favorito.[13] Governo pessoalEm 1679, João José morreu e Maria Ana conseguiu retornar a corte. De fato, apesar de ter sido declarado adulto, o rei, devido à saúde debilitada, deixou sua mãe com considerável liberdade de ação, pois, consciente de suas fraquezas, preferiu delegar parte de seus poderes a vários validos como Juan Francisco de la Cerda, duque de Medinaceli (de 1680 a 1685), Manuel Joaquín Álvarez de Toledo, conde de Oropesa (de 1685 a 1691 e de 1695 a 1699) e ao arcebispo de Toledo Luis Manuel Fernández de Portocarrero (de 1699 a 1700).[3] Problemas econômicos e declínio políticoOs anos em que Carlos II reinou foram difíceis para a Espanha, que agora entrou em uma fase de declínio. A crise política e militar piorou devido às derrotas na Guerra dos Trinta Anos e às contínuas guerras contra a França. Esses conflitos, embora não tenham comprometido seriamente o imenso império espanhol (exceto, é claro, a perda de Portugal e as colônias do Brasil e das Molucas), no entanto, arruinaram a economia e enfraqueceram as conexões entre as várias províncias. Na realidade, a situação econômica espanhola já fora enfraquecida pela política imperialista de Filipe II e seus sucessores Filipe III e Filipe IV, por problemas estruturais como uma administração descentralizada e fraca, um sistema tributário que pesava principalmente sobre as classes mais baixas e isentava a nobreza e da Igreja Católica da cobrança de impostos além falta de uma burguesia dinâmica que pudesse ativar circuitos produtivos vitais. Os problemas econômicos foram ampliados pela forte importância assumida pela nobreza e pelo clero, não apenas pelas deduções fiscais, mas também pelo simples fato de a maioria das propriedades fundiárias estar concentrada nessas classes. Como consequência disso, os latifúndios não foram explorados, exceto pelo pastoreio ou por uma agricultura extensiva e pouco produtiva, confiada nas mãos dos trabalhadores, enquanto os proprietários livres, esmagados pela carga tributária ou emigraram para as cidades, mas com pouca possibilidade de encontrar trabalho ou para as colônias, causando um grande déficit demográfico. Em tais condições, os efeitos da expulsão dos mouriscos, ocorrido em 1609 por ordem do duque de Lerma, o favorito de Filipe III, tornaram-se ainda mais graves. Os muçulmanos que após a Reconquista haviam permanecido na Espanha sob a condição de se converterem ao cristianismo constituíam, precisamente porque eram considerados indignos de serviço religioso ou militar, uma força de trabalho de alta qualidade na indústria da seda, assim como na produção agrícola. No entanto, esses méritos foram insuficientes para salvá-los: na verdade, a pressão do clero, sob o pretexto de que os muçulmanos poderiam ter facilitado um ataque turco, induziu Filipe III e o duque de Lerma a exilá-los, privando o país de 200 000 homens, igual a 3,5 % da população; outras estimativas também indicam 275 000 e 300 000 expulsos para o norte da África. Com esse ato, a economia andaluza ficou seriamente comprometida e ficou sem os melhores agricultores e artesãos.[17] A conseqüência natural disso foi que a Espanha, principal importadora de metais preciosos das Américas, reteve apenas uma pequena quantidade e usou o restante como meio de pagamento aos comerciantes italianos (especialmente República de Gênova|genoveses), flamengos e holandeses. O que foi dito é ainda mais evidente no testemunho de Alonso Núñez de Castro escrito em 1675:
Por fim, a influência do clero impediu qualquer desejo de reforma cultural e seu papel é atestado pela importância assumida pela corte inquisitorial que em 1680 celebrou, na presença da família real e da corte, o maior auto de fé da história da Inquisição espanhola: 120 prisioneiros foram julgados e um livro ricamente decorado foi publicado para comemorar o evento. Os excessos do clero, no entanto, assustaram Carlos, que criou uma comissão especial para investigar a Inquisição Espanhola, mas, embora o relatório fosse claramente contrário à inquisição, a influência do clero foi de induzir o governo a esconder e , de acordo com alguns, de fato, quando posteriormente Filipe V solicitou o documento, nenhuma cópia foi encontrada. SucessãoCasamentosDesde a morte de Filipe IV, o trono da Espanha havia sido objeto de intensas relações diplomáticas entre Luís XIV de França e o imperador Leopoldo I de Habsburgo, primos e cunhados de Carlos II, a fim de impedir que uma eventual morte do soberano sem herdeiros legítimos levasse a uma guerra. Essas negociações levaram em 1668 à estipulação de um tratado, que nunca entrou em vigor, o que previa a divisão do império espanhol nos seguintes termos:
Para evitar o desmembramento do reino, era necessário dar uma esposa ao rei, para que ele pudesse gerar um herdeiro o mais rápido possível e, assim, manter a casa dos Habsburgos da Espanha no trono. Após muita negociação, a corte de Madri escolheu uma princesa francesa e, em 1679, Carlos II casou-se com Maria Luísa de Orleães , filha de Filipe I de Bourbon-Orleães (irmão de Luís XIV) e sua primeira esposa Henriqueta Ana da Inglaterra. No entanto, nenhum filho nasceu do casamento: embora o casal fosse muito unido, a saúde precária do soberano provavelmente causou uma forma de infertilidade, conforme observado pelo testemunho do embaixador francês em Madri que, depois de conversar com a rainha ele escreveu:
Como consequência disso, a rainha foi submetida a uma pressão muito forte de toda a corte para tentar procriar um herdeiro, mas estes não só não tiveram o efeito desejado, mas contribuíram para prostrar a fibra do soberano, que caiu em uma forte crise de melancolia. Em 12 de fevereiro de 1689, a rainha Maria Luísa de Orleães morreu de peritonite, causada por uma queda de um cavalo; o rei ficou tão chateado que se disse que "o último sorriso do rei repousou nos lábios de Maria Luísa d'Orleans"; mas a ameaça cada vez mais próxima de extinção da dinastia o convenceu a um novo casamento. Tendo descartado a ideia de casamento com a neta Maria Antónia da Áustria, filha de sua irmã Margarida Teresa de Habsburgo e do imperador Leopoldo I, a atenção do tribunal voltou-se para as princesas Ana Maria Luísa de Médici, única filha de Cosme III de Médici, Grão-duque da Toscana e para Maria Ana de Neuburgo, uma das filhas de Filipe Guilherme de Neuburgo. Em parte seguindo o conselho de Leopoldo I e em parte porque a noiva veio de uma família extremamente fértil (os pais tiveram dezessete filhos), o rei acabou por se casar em 1690 com Maria Ana de Neuburgo, cujo caráter colérico e autoritário, no entanto, logo extinguiu todo o entusiasmo do rei por ela, eliminando definitivamente a esperança do nascimento de um herdeiro e abrindo o problema da sucessão. De fato, dois partidos foram criadas na corte: o primeiro, que contou com o apoio da rainha Maria Ana, apoiou-se nas reivindicações do ramo austríaco de Habsburgo, representado pelo arquiduque Carlos, filho do imperador Leopoldo I e Leonor Madalena de Neuburgo e, portanto, sobrinho de parte do pai de Fernando III e de Maria Ana da Espanha e, ao mesmo tempo, primo de Carlos II. O partido francês, no entanto, apoiado na Espanha pelo clero e pelo arcebispo de Toledo Luis Fernández de Portocarrero, depositou suas esperanças em Filipe, duque de Anjou, sobrinho de Luís XIV e Maria Teresa de Espanha, filha de Filipe IV da Espanha e Isabel de Bourbon e, consequentemente, meia-irmã de Carlos II. No entanto, esse partido era mais fraco que o austríaco, uma vez que Maria Teresa renunciou aos seus direitos de sucessão no contrato de casamento com Luís XIV, em troca de um dote. Porém o dote que acompanhou essa promessa não havia sido pago e, portanto, Luís XIV alegou que nesse caso, a renúncia de Maria Teresa não era válida. As potências européias tentaram chegar a um acordo, mas as tentativas sempre fracassaram. Em 1696 , com o apoio da Holanda e da Inglaterra, Carlos II decidiu nomear como herdeiro José Fernando da Baviera, filho de Maria Antónia da Áustria, que por sua vez era filha do imperador Leopoldo I de Habsburgo e Margarida Teresa de Habsburgo, irmã do rei. Em 1º de outubro de 1698 , um segundo tratado entre Luís XIV e Leopoldo I foi estipulado em Haia com a mediação do rei da Inglaterra, que planejava atribuir:
Este acordo não entrou em vigor devido à forte oposição de Carlos II, que, em 11 de novembro do mesmo ano, a conselho de sua mãe e do arcebispo de Toledo Portocarrero, reiterou sua disposição em impedir a partilha de sua herança:
Sua vontade, no entanto, foi frustrada em 6 de fevereiro de 1699 pela morte, por varíola, do príncipe da Baviera, em Bruxelas, onde morou com seu pai Maximiliano II Emanuel da Baviera, governador da Holanda. A crise dinástica então recomeçou: Luís XIV e Leopoldo I tentaram um acordo novamente e, com o apoio da Inglaterra e da Holanda, decidiram no Tratado de Londres, de 25 de março de 1700, dividir a herança espanhola. Esse acordo também recebeu o duro protesto do rei da Espanha, pois o tratado dividia dessa forma os territórios espanhóis:
Morte e testamentoA essa altura, a saúde de Carlos II piorou e as pressões do ambiente da corte sobre o rei se multiplicaram, chegando até a exorcizarem Carlos. O soberano deteriorava-se constantemente e ficava quase cego; sofria de febres contínuas, hidropisia, astenia, fraqueza intestinal, enquanto ataques e espasmos epiléticos aumentavam de intensidade. Em setembro de 1700, o rei escreveu ao papa Inocêncio XII pedindo-lhe conselhos sobre o assunto de sua sucessão, obtendo uma resposta favorável às reivindicações francesas. Então, ciente de seu fim iminente, deu ordens para abrir os sarcófagos de seus ancestrais e, vendo o corpo, que permaneceu intacto, de sua primeira esposa Maria Luisa de Orleães, ele ficou lá chorando por uma noite inteira. A partir de 20 de setembro, o rei ficou confinado em sua cama, incapaz de se levantar e, em 3 de outubro, quando recebeu o testamento que os editores haviam compilado de acordo com sua vontade, para assiná-lo, exclamou «Somente Deus é quem dá os reinos, pois somente eles lhe pertencem» e depois suspirou «Já não sou nada» Em 30 de outubro, ele perdeu a consciência e, de acordo com suas diretrizes, foi estabelecido um conselho de regência liderado pela rainha Maria Ana de Neuburgo e pelo cardeal Portocarrero. Carlos morreu em 1 de novembro às 2h49, de um derrame apoplético. Abaixo estão os resultados da autópsia, realizada pouco antes de o rei ser levado para seu lar eterno, na Cripta Real do Mosteiro do Escorial:
Em seu testamento, tornado público em 2 de novembro, reconhecendo as razões francesas com a cláusula 13, ele nomeou como herdeiro e sucessor universal Filipe de Anjou, neto do rei da França Luís XIV e Maria Teresa da Espanha, irmã mais velha de Carlos, com a única condição de que Filipe renunciasse a todas as reclamações contra a coroa da França em nome dele e de seus filhos. Se Carlos habilmente impediu que as coroas da França e da Espanha se unissem à sua vontade, os atos de Luís XIV foram na direção oposta: o Rei Sol, de fato, imediatamente rompeu os acordos com Leopoldo I e aproveitou o relacionamento com o novo rei espanhol para enviar suas tropas na Holanda espanhola. A Áustria se opôs ao projeto hegemônico de Luís XIV, e isso determinou o início da Guerra da Sucessão Espanhola que terminou com a paz de Utrecht e de Rastadt, respectivamente em 1713 e 1714: Filipe V foi reconhecido como rei de Espanha, mas este foi forçado a ceder todas as possessões italianas e os Países Baixos espanhóis à Áustria e à Inglaterra Gibraltar e Minorca. Árvore genealógica de Carlos IIReferências
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