Campo Gálico ou Campo Gaulês (em latim: Ager Gallicus) é uma expressão que define o território conquistado pela República Romana após a derrota dos sênones, no começo do século III a.C., na Batalha de Sentino (295 a.C.). Corresponde à porção da moderna região de Marcas ao norte do rio Esino (Esis à época romana) e é delimitada, ao norte, pelo rio Rubicão, a leste pelo mar Adriático e ao sul pelo Esino. Devido a presença dos picentinos, uma das várias tribos itálicas que viveu na área entre os séculos X e IV a.C., por vezes foi chamado de Campo Gálico [e] Piceno.[1][2]
História
O território de Campo Gálico foi povoado por diferentes grupos étnicos, principalmente picentinos, etruscos e gaulesessênones, enquanto na costa os gregos da Sicília fundaram Ancona. Em 283 a.C., após uma série de vitórias sobre os gauleses, incluindo a Batalha do lago Vadimo, os sênones foram expulsos da zona costeira pelos romanos, que ocuparam o território até Ancona, então renomeado como "Gália Togada" (em latim: Gallia Togata; lit. "Gália com toga"). Em 268 a.C., os picentinos foram derrotados na Gália Togada por dois exércitosconsulares, embora sejam incertas as razões do conflito; sugere-se uma rebelião no ano anterior.[3]
De modo a controlar a população e as atividades mercantis dessa região, os romanos fundaram as colônias costeiras de Sena Gálica (Senigália), Arímino (Rimini) Pisauro (Pesaro) e Fano de Fortuna (Fano).[4] Sua administração foi regulada em 232 a.C. pela Lei Flamínia para divisão por homem do Campo Gálico e Piceno (em latim: Lex Flaminia de agro Gallico et Piceno viritim dividendo) do tribuno da plebeCaio Flamínio, que fracionou o país em lotes a serem distribuídos a agricultores falidos em decorrência de guerras anteriores,[5] bem como criou uma rede de prefeituras (praefecturae),[6] para algumas das quais, em meados do século I a.C., foram conferidas o estatuto de município: Esis (Jesi), Suasa, Ostra e Fórum Semprônio (Fossombrone).[7]
Mais tarde, sob o imperadorTeodósio(r. 378–395), o território foi dividido novamente (desta vez de Piceno, que tornar-se-ia a província de Piceno Suburbicário), e tornar-se-ia parte da província de Flamínia e Piceno Anonário.[10] Com este novo nome, que foi o primeiro a incluir a palavra Piceno, alguns viram o reconhecimento (embora tardio) pelos romanos do povo itálico conhecido como picenos, que viveu na área entre os séculos X e IV a.C..[2]
Alfieri, Nereo (1983). «Le Marche e la fine del mondo antico». Deputazione di Storia Patria per le Marche. 86
Blake, Emma (2014). Social Networks and Regional Identity in Bronze Age Italy. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN1107063205
Boatwright, Mary T.; Gargola, Daniel J; Talbert, Richard J.A. (2004). The Romans: From Village to Empire. Nova Iorque, Oxford: Oxford University Press. ISBN0-19-511876-6A referência emprega parâmetros obsoletos |coautor= (ajuda)
Braccesi, Lorenzo (2001). Hellenikòs Kòlpos: supplemento a Grecità adriatica (em italiano). [S.l.]: L'erma di Bretschneider. ISBN8882651533
Grant, Michael (1986). A Guide to the Ancient World: A Dictionary of Classical Place Names. [S.l.]: H.W. Wilson. ISBN0824207424
Medri, Maura (2008). Sentinum 295 a.C.: Sassoferrato 2006 : 2300 anni dopo la battaglia : una città Romana tra storia e archeologia. [S.l.]: L'ERMA di BRETSCHNEIDER. ISBN8882654672
Sebastiani, Stefania (1996). Ancona: forma e urbanistica. [S.l.]: L'ERMA di BRETSCHNEIDER. ISBN8870629503