Calliphoridae
Calliphoridae constitui uma família de insetos da ordem Diptera, com cerca de 1900 espécies conhecidas, chamadas popularmente de moscas-varejeiras ou moscas bicheiras. Espécies desta família possuem grande importância econômica, forênsica e médica. Elas utilizam-se de substratos orgânicos em putrefação como carcaças de animais e fezes (inclusive humanas) como substrato para oviposição e desenvolvimento de suas larvas. São especialmente úteis em investigações criminalísticas a partir da entomologia forense, servindo para a estimava do Intervalo Pós Morte (IPM) de um cadáver encontrado.[1] Algumas moscas da família Calliphoridae como Cochliomyia hominivorax podem ser ectoparasitas de humanos e outros animais e causadoras de miíase, sendo desta forma importantes também para a medicinina e agropecuária. Esta espécie foi extinta nos Estados Unidos e outros países por causar enormes danos ao gado.[2] A monofilia deste táxon ainda é discutida. DescriçãoCaracterísticasOs adultos de Calliphoridae são geralmente brilhantes com coloração metálica, muitas vezes com tórax e abdómen azuis, verdes ou pretos. As antenas são de três segmentos e aristadas. As aristas são plumosas em todo o comprimento e o segundo segmento antenal é nitidamente estriado. Os membros de Calliphoridae têm veias Rs 2 ramificadas, suturas frontais estão presentes e os calípteros são bem desenvolvidos. As características e disposições de cerdas semelhantes a pelos são utilizadas para diferenciar os membros desta família. Todas as moscas varejeiras possuem cerdas localizadas no meron. A presença de duas cerdas notopleurais e de uma cerda pós-umeral mais posterior localizada lateralmente à cerda pré-sutural são características que devem ser procuradas para identificar esta família. O tórax apresenta sutura dorsal contínua ao meio, juntamente com calos posteriores bem definidos. O pós-cutelo é ausente ou pouco desenvolvido. A costa é intacta e a subcosta é aparente.[3][4] Alimentação e desenvolvimentoEspécies da família Calliphoridae usualmente estão associadas ao ectoparasitismo, pois suas larvas se alimentam de tecido animal, em decomposição ou não. É possível classificar os hábitos alimentares das larvas em: saprófago, normalmente vivendo em matéria orgânica em decomposição, mas também pode ocorrer a invação secundária de infestações ocorrentes, como em áreas necrosadas; ectoparasitismo facultativo, no qual é possível viver tanto como saprófago quanto iniciar uma miíase e viver como ectoparasita; parasitismo obrigatório, caracterizado pela alimentação exclusiva do tecido de hospedeiros vivos.[5] As espécies parasitas obrigatórias possuem tanto hospedeiros vertebrados quanto invertebrados. EvoluçãoOrigem e diversificaçãoCom base em dados de datação molecular a partir de genoma mitocondrial, estima-se que o grupo surgiu a cerca de 22,4 milhões de anos, próximo a transição entre Oligoceno e Mioceno, e sofreu uma grande e rápida diversificação até o tempo presente[6], ocupando todos os continentes (exceto Antártida). Acredita-se que sua diversificação foi estimulada por processos evolutivos e geológicos que possibilitaram a ocupação de novos nichos ecológicos, principalmente a expansão e sucesso evolutivo de grandes mamíferos herbívoros pastadores, a partir do aumento dos biomas de prados, ocasionado por mudanças de clima globais no Mioceno.[6] ParasitismoDiversas espécies da família desenvolveram parasitismo obrigatório e a capacidade de se alimentar de tecido vivo de vertebrados superiores independentemente ao longo de sua história evolutiva.[5] Este fato é um dos maiores exemplos de convergência evolutiva em insetos, e faz do grupo um dos mais interessantes para o estudo de evolução molecular. Galeria
Referências
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