Além de escritor, Lévy é diretor de teatro e cineasta, empresário e editorialista de revistas e jornais. É uma personalidade conhecida e polêmica na cena pública francesa e internacional. Tornou-se em 1976, um dos líderes do movimento denominado «novos filósofos», constituído por filósofos e intelectuais engajados. Desde então, esta denominação ficou ligada a sua obra. Lévy nasceu em 1948 em Béni Saf, na Argélia, de uma família de judeus sefarditas. Poucos meses após seu nascimento, sua família volta à França, país onde seu pai, André Lévy, funda uma empresa de extração de madeira, se tornando multimilionário do ramo. Lévy estuda no Lycée Louis-le-Grand, em Paris e, em 1968, entra na École Normale Supérieure e se gradua em Filosofia no ano de 1971. Entre seus professores, se encontram intelectuais e filósofos franceses como Jacques Derrida e Louis Althusser.
Lévy se torna professor na Universidade de Strasbourgo, onde leciona no curso de epistemologia. Também é professor de filosofia na École Normale Supérieure. Considerado fundador da escola dos Novos Filósofos (Nouveaux Philosophes), um grupo de intelectuais que, desencantados com as correntes comunistas e socialistas, desenvolvem uma crítica moral aos "dogmas" marxistas e socialistas.
É considerado, por Pierre Bourdieu, como intelectualmente desonesto e cujo trabalho compromete o autêntico debate intelectual.[2]
Juventude
Após ter passado vários anos em Marrocos, sua família mudou-se para Neuilly-sur-Seine, França, em 1954. Seu pai, André, fundou La Becob, uma empresa de importação de madeiras africanas, comprada em 1997 pelo grupo empresarial Pinault-Printemps-Redoute. Bernard-Henri Lévy tornou-se acionista e administrador de várias sociedades comerciais, chefiando ou participando no conselho administrativo das empresas Finatrois, Les films du lendemain e Grasset et Fasquelle.
Começou a estudar no Lycée Pasteur de Neuilly-sur-Seine, depois no liceu Louis-le-Grand, onde fez um curso preparatório durante dois anos. Em 1968, ingressou na Escola Normal Superior da rua d’Ulm, onde foi aluno dos professores Jacques Derrida e Louis Althusser. Em 1969, após uma estadia no México, publicou na revista Les Temps modernes o artigo intitulado «México, nacionalização e imperialismo».
Os novos filósofos e "BHL"
Desde 1 de Junho de 1976, a revista Les Nouvelles littéraires publica um número especial intitulado «Os novos filósofos ». Bernard-Henri Lévy é o redator-chefe. Mas é a publicação do livro La Barbarie à visage humain (A barbárie com rosto humano) em maio de 1977 (Editora Grasset), que marca o início do "fenômeno BHL". A barbárie com rosto humano denuncia a tentação totalitária inerente a toda "ideologia progressista". Ele denuncia ao mesmo tempo o fascismo e o comunismo históricos, querendo mostrar-se como o representante de uma geração nascida após a dupla catástrofe do fascismo e do estalinismo, e desejosa de repensar a política fora dos esquemas totalitários.
De 1980 a 1993
Em 1980, participou com Marek Halter, Jacques Attali, Françoise Giroud e, alguns outros, à criação da associação «Ação contra a fome». No mesmo ano, BHL e Marek Halter criaram o Comité dos Direitos do Homem, que defendeu o boicote dos Jogos Olímpicos de Verão de 1980.
Ainda neste mesmo ano, casou-se com Sylvie Bouscasse, de cuja união nasceu seu filho Antonin.
Ele apoiou uma intervenção maior da França na Líbia e na Síria desde 2011 para uma mudança de regime.[3]
Críticas e polêmicas
Bernard-Henri Lévy é considerado um impostor intelectual por diversos jornalistas e filósofos.[4]
Alguns livros publicados na França se dedicam exclusivamente a confirmar a imagem de Lévy como impostor intelectual. É o caso de "Le B.A. BA du BHL" de Jade Lindgaard e Xavier de La Porte e "Une imposture française" de Nicolas Beau e Olivier Toscer, ou ainda "Un nouveau théologien" de Daniel Bensaid.
Lévy foi criticado pelo sociólogo Pierre Bordieu por sua proximidade com homens influentes do mundo dos negócios e da mídia, como Jean-Luc Lagardère, poderoso empresário da indústria midiática e de armamentos. Lévy também foi criticado por sua atuação antiética em antigas colônias francesas na África. Ele administrou, entre 1995 e 1997, uma importante sociedade de exploração de madeira, chamada Becoob, que atua na Costa do Marfim, Gabão e Camarões. Tanto as críticas de Bordieu quanto a descrição da atuação de Lévy na África estão descritas no livro de Nicolas Beau e Olivier Toscer intitulado "Une imposture française", publicado pela editora Les Arènes em 2006 (p. 59).
Bernard-Henri Lévy também sofreu diversos ataques públicos em que recebeu tortas na cara.[5] Entre 1985 e 2015, Lévy recebeu oito tortas na cara em eventos públicos, o que lhe valeu uma canção cômica do cantor Renaud, intitulada "L'entarté".
Livros
1973 - "Bangla-Desh, Nationalisme dans la révolution" (Bengladesh, Nacionalismo na revolução), reeditado em 1985 com o título As Índias vermelhas
1977 - "La Barbarie à visage humain" (A barbárie com rosto human), Grasset, ISBN 2-246-00498-5
1978 - "Le Testament de Dieu" (O Testamento de Deus),
1981 - "L’Idéologie française" (A Ideologia francesa)
1983 - "Questions de principe I" (Questões de princípio I)
2001 - "Questions de principe VII", Mémoire vive (Questões de princípio VII, Memória viva)
2002 - "Réflexions sur la Guerre, le Mal et la fin de l’Histoire" (Reflexões sobre a guerra, o mal e o fim da História)
2002 - "Rapport au Président de la République et au Premier Ministre sur la participation de la France à la reconstruction de l’Afghanistan" (Relatório ao Presidente da República e ao Primeiro-ministro sobre a participação da França à reconstrução do Afeganistão)
2002 - "Ce grand cadavre à la renverse" (Este grande cadáver de costas)
2003 - "Qui a tué Daniel Pearl?" (Quem matou Daniel Pearl?)
2004 - "Questions de principe III,jours de colère", (Questões de princípio III, dias de cólera)
2004 - "Questions de principe IX Récidive" (Questões de princípio IX, Recidiva)
François Aubral e Xavier Delcourt : "Contre la nouvelle philosophie" (Contra a nova filosofia), Paris, Gallimard, 1977.
Guy Hocquenghem, "Lettre ouverte à ceux qui sont passés du col Mao au Rotary" (Carta aberta àqueles que passaram do colo de Mao para o Rotary), 1986, onde o autor descreve as carreiras e as traições dos ex-socialistas e esquerdistas durante o governo do Presidente François Mitterrand, entre maio de 1968 e maio de 1986. Segundo o autor, Bernard-Henri Lévy fez parte desse grupo de «renegados».
Jade Lindgaard et Xavier de la Porte, "Le B.A. BA du BHL : Enquête sur le plus grand intellectuel français" (O Ba.ba do B.H.L. : Inquérito sobre o maior intelectual francês),Paris, La Découverte, 2004.
Philippe Cohen, "BHL, une biographie" ( B.H.L., uma biografia), Paris, Fayard, 2004.
Philippe Boggio, "Bernard-Henri Lévy: une vie", (Bernard-Henri Lévy, uma vida), Paris, La Table ronde, 2005.
Nicolas Beau e Olivier Toscer, "Une imposture française" (Uma impostura francesa), Paris, Les Arènes, 2006, [1].
Daniel Bensaïd, "Un nouveau théologien : Bernard-Henri Lévy" (Um novo teólogo : Bernard-Henri Lévy), Nouvelles Éditions Lignes, 2008.
Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em francês cujo título é « Bernard-Henri Lévy ».