Avieiros
Avieiros (1975) é um filme documentário de longa-metragem de Ricardo Costa. É um dos filmes portugueses que, tal como certas obras de António Campos, Manoel de Oliveira ou de António Reis, segue a linha do chamado cinema direto, na prática da antropologia visual, género criado por Robert Flaherty e desenvolvido por Jean Rouch, na prática e na teoria. É um filme do mesmo ano e sobre um tema idêntico ao de Gente da Praia da Vieira, de António Campos. [1] É a primeira longa-metragem de Ricardo Costa e tem características que permitem enquadrá-la no movimento do Novo Cinema, no documentário. Foi filmada na aldeia da Palhota, na margem direita do rio Tejo, município do Cartaxo. Tem por homónimo o romance de Alves Redol, sobre o mesmo tema.[carece de fontes] Tem passagens ilustradas com música de Carlos Paredes. Na versão televisiva, divide-se em três partes: 1 – Ti Zaragata e a Bateira, 2 – Quem só muda de camisa, 3 – Nas voltas do rio (RTP, série Mar Limiar). SinopseTi Zaragata é um pescador do Tejo que vive na Aldeia das Palhotas (Palhota), grupo de construções de madeira suspenso sobre as águas, na região de Azambuja, ditas edificações palafíticas. A sua casa, como a dos outros avieiros, é feita de tábuas, tosca, pequena, mas tem o rio como paisagem: amplo, vivo, generoso. É ele todo o seu sustento e todo o seu futuro. O seu passado é a longínqua Praia da Vieira (Vieira de Leiria), de onde ele e muitos outros vieram, visto lá ser mais dura a vida. O seu modo é a bateira, essa fina barca de popa e ré erguidas, feita para romper as ondas do mar, mas que ali, na mansidão do Tejo, só serve para botar figura. É isso de que mais gosta, o Zaragata. A alcunha bem o ilustra. Bêbado dá que falar e sóbrio pesca. Vive com a poesia sem ser poeta, gosta de tocar gaita. Para ser poeta basta viver como os outros vivem. Basta correr o rio de cima abaixo, bater uma soneca debaixo de um choupo. Basta conviver, soltar a língua. Basta seguir o curso da Revolução de Abril e ter esperança. Basta também saber ficar calado a topar o que se passa. E ali está em cena nesse mesmo dia, num teatro ambulante, uma peça em que o bom povo contracena com o Movimento das Forças Armadas, o MFA. Era valente o espetáculo. E bom para continuar. Mas a vida é a vida. E por ali fica o Zaragata, a mulher e os outros … a ver no que vai dar a peça.
ProduçãoÉ uma co-produção de Ricardo Costa com a RTP. O filme foi inserido no programa de sua autoria Mar Limiar, série de vinte e nove filmes documentários sobre a vida dos pescadores da costa de Portugal. A participação da RTP nestes filmes consistia no fornecimento de película, laboratório, montagem e misturas. Havia uma pequena participação financeira nos custos de produção. Tudo o resto era assumido pelo produtor.[carece de fontes] Na realização deste filme foram usadas duas câmaras leves de 16mm (Paillard-Bolex e Beaulieu), gravador de som síncrono, microfones, tripé raramente. Duas luzes a ajudar, era tudo e uma só pessoa. Por vezes havia um operador de som.[carece de fontes]
Durante cerca de uma década se manteve este modo de colaboração, que se mostrou digna (1975-1985). Foram assim produzidas para a RTP, por um número representativo de realizadores de cinema da época, e com distintos modos de produção, algumas obras que valem tanto pelo seu interesse histórico como artístico, ficando como património.[carece de fontes] Festivais
Referências
Ver tambémReferênciasLigações externas
|