Autoestrada da Morte
Autoestrada da Morte ou Rodovia da Morte é uma autoestrada de seis faixas que liga o Kuwait e o Iraque. Oficialmente, era chamada de Rodovia 80 ou Autoestrada 80. Sai de Cidade do Kuwait e atravessa as cidades fronteiriças de Abdali e Safwan, seguindo até Baçorá. Durante a ofensiva das Nações Unidas ocorrida na Primeira Guerra do Golfo, militares iraquianos em retirada foram atacados na Rodovia 80 por aviões e forças em terra na noite de 26-27 de fevereiro de 1991. O ataque causou a destruição de milhares de veículos, muitos ainda com ocupantes. As cenas chocantes da rodovia devastada tornaram-se as imagens mais conhecidas dessa Guerra e foram citadas como fator determinante que levou o presidente americano George H. W. Bush a declarar uma trégua nas hostilidades até o dia seguinte.[2] Muitos invasores iraquianos conseguiram de fato escapar atravessando o Rio Eufrates e a Inteligência americana estimou que entre 70 000 a 80 000 militares inimigos conseguiram chegar a Baçorá.[3] A autoestrada foi reparada ao final da década de 1990 e foi usada nos movimentos iniciais da Invasão do Iraque em 2003 pelas forças americanas e britânicas. Rodovias da MorteOs ataques americanos contra as colunas iraquianas ocorreram na verdade em duas diferentes rodovias: entre 1 400-2 000 veículos foram abandonados na Rodovia principal ou Rodovia 80 ao norte de Al Jahra e entre 400-700 na menos conhecida rodovia até Baçorá, a principal fortaleza militar do sul do Iraque. Rodovia 80Nesta estrada os fuzileiros navais norte-americanos haviam colocado minas anti-tanque e depois bombardearam a retaguarda de uma grande coluna de veículos do Exército Regular Iraquiano, causando um enorme congestionamento e tornando os fugitivos alvos fáceis para os ataques aéreos. Ao término de dez horas, aviões dos Fuzileiros, Marinha e Força Aérea haviam atacado o comboio usando uma variedade de armas e explosivos. Alguns sobreviventes dos ataques aéreos depois tiveram que enfrentar forças em terra. Os veículos que conseguiram sair do congestionamento e continuaram a seguir pelo norte, foram constantemente alvejados um a um. Os destroços encontrados ao longo da rodovia consistiam em poucos veículos militares (cerca de 28 tanques e outros blindados). A maior parte era de veículos civis como automóveis e ônibus. Dentro dos mesmos havia muitos produtos de saques no Kuwait. O número total de mortos pelos ataques é desconhecido e permanecem controvérsias sobre isso. Algumas estimativas independentes chegaram a 10 000 ou dezenas de milhares de baixas, mas isso é altamente improvável. De acordo com levantamentos de 2003 do Projeto para Pesquisa de Defesas Alternativas, provavelmente entre 7 500-10 000 pessoas formavam a principal caravana mas após o início dos ataques, acredita-se que a maior parte abandonou os veículos em pânico e escapou pelo deserto ou pântanos circundantes (450-500 caíram prisioneiros). A estimativa mais baixa do número de mortos no ataque, em torno de 200 a 300, foi noticiada pelo jornalista Michael Kelly, mas o mais plausível é que o número mínimo de mortos nesse ataque tenha ficado entre 500-600.[4] Rodovia 8Na Rodovia 8 indo para o leste, as forças iraquianas tinham se concentrado tentando se organizarem para a luta ou simplesmente fugirem. Ali estava a elite da Primeira Divisão Blindada da Guarda Republicana do Iraque (Divisão Hamurabi),[3] que deveria se espalhar por uma grande área para lutar contra pequenos grupos de americanos em terra, oriundos do Nono Batalhão de Artilharia e um batalhão de helicópteros AH-64 Apache comandados pelo general Barry McCaffrey. Centenas de veículos iraquianos, a maioria militar, foram sistematicamente destruídos em pequenos confrontos ao longo de 80 km, tanto na pista como em pontos de travessia do deserto. Esse confronto, conhecido pela Imprensa e público apenas duas semanas depois, ainda permanece obscuro e a maioria das imagens de devastação, atribuídas ao bombardeio da Rodovia 80, na verdade são da Rodovia 8.[5] O Projeto para Pesquisa de Defesas Alternativas estimou o número de mortos entre 300 a 400 ou mais, o que elevou o número total nas duas rodovias para 800 a 1 000 mortos.[4] Uma grande coluna remanescente da Divisão Hamurabi e que tentava recuar para Bagdá, também foi combatida e destruída poucos dias depois (2 de março), já dentro do território iraquiano, pelas forças do general McCaffrey, numa controversa ação pós-guerra conhecida como Batalha de Rumaila.[3] ControvérsiasA ofensiva da Coalizão na Rodovia 80 é questionada e ponto de controvérsia, com alguns observadores afirmando que as forças foram desproporcionais e que os iraquianos se retiravam do Kuwait (em atenção tardia a Resolução 660 do Conselho de Segurança das Nações Unidas de 2 de agosto de 1990), além do que as colunas traziam kwaitianos capturados (aparentemente para serem usados como reféns[6]) bem como civis refugiados que incluíam mulheres e crianças (a maioria de famílias pró-Iraque, militantes da Organização para Libertação da Palestina e colaboracionistas kwaitianos que tinham saído do país quando da Expulsão dos Palestinos do Kuwait no início de março). O procurador geral americano Ramsey Clark alegou que os ataques violaram a Terceira Convenção de Genebra, que determinou a ilegalidade de assassínios de soldados que não estão em combate.[7] A lei internacional determina expressamente que forças militares em retirada são alvos na guerra para evitar que se reagrupem e contra-ataquem (apenas militares que se rendem são protegidos pela Convenções da Haia (1899 e 1907)). Ainda foi denunciado que os veículos de combate americanos abriram fogo contra um grupo de mais de 350 soldados iraquianos desarmados que tinham se rendido a um posto avançado após escaparem do ataque na Rodovia 8, em 27 de fevereiro; essas afirmações foram publicadas por Seymour Hersh.[2] O general Norman Schwarzkopf Jr. comentou em 1995:[8]
De acordo com Colin Powell, chefe da junta de comandantes e futuro Secretário de Estado americano, as cenas da carnificina do tipo "galeria de tiro" foram a razão da interrupção das hostilidades da Guerra do Golfo após a Campanha da Liberação do Kuwait. Ele escreveu mais tarde em sua autobiografia My American Journey que "a cobertura televisiva começava a nos mostrar como açougueiros em um matadouro". De acordo com o Instituto de Pesquisa de Política Estrangeira, contudo, "aparências eram enganosas":[9]
O fotojornalista Peter Turnley publicou imagens de enterros em massa.[10] Turnley escreveu:
Revista Time concluiu:[6]
Cultura popular
Referências
Ligações externas |