Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro

Arquivo Publico do Estado do Rio de Janeiro
Organização
Natureza jurídica Administração direta
Missão Implementar e gerir a política estadual de arquivos
Atribuições Arquivo público
Dependência Secretaria de Estado da Casa Civil e Governança
Localização
Sede Praia de Botafogo, 480 – Botafogo, Rio de JaneiroRJ
 Brasil
Histórico
Criação 25 de agosto de 1931
Sítio na internet
www.aperj.rj.gov.br

O Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro - APERJ, órgão integrante da estrutura da Secretaria de Estado da Casa Civil e Governança, do Governo do Estado do Rio de Janeiro, é responsável pela guarda e preservação da documentação produzida pelo Poder Executivo estadual e reúne importante acervo que vem desde o século XVIII até nossos dias. Conta com cerca de quatro mil metros lineares de documentos textuais, além de mapas, plantas, fotografias, filmes, fitas de áudio, fitas de vídeo e microfilmes.

A instituição dispõe de uma vasta biblioteca especializada nas áreas de legislação, história e arquivologia. O atendimento é realizado de segunda a sexta-feira, das 09:00 horas às 17:00 horas e o acesso aos documentos é franqueado a todo e qualquer cidadão ou pesquisador, que pode contar com um servidor para auxiliá-lo na leitura e identificação dos documentos.

Os usuários têm a disposição instrumentos de pesquisa impressos e eletrônicos, bastando, para isso, preencher a ficha cadastral com os dados pessoais sendo, então, registrado como pesquisador do APERJ. Somente poderão entrar na Sala de Consulta, portando lápis preto, borracha e folhas soltas para anotações. O uso de computadores portáteis é permitido. O prédio conta com rampas, elevador e banheiros para pessoas portadoras de necessidades especiais.

Histórico

Pelo Decreto nº 2.638, de 25 de agosto de 1931, foi criado o Arquivo Geral do Estado, subordinado à Diretoria do Interior e Justiça fluminense. Entre suas atribuições estavam as tarefas de receber, classificar, guardar e conservar os papéis e livros findos, pertencentes às Secretarias de Estado; organizar anualmente a coleção de Leis, Decretos e Deliberações para ser publicada em volumes; receber por recolhimento das diversas repartições do Estado todos os papéis, livros e documentos, à medida que deles não mais precisassem. Pelo Art. 2º do Decreto nº 3.004, de 16 de dezembro de 1933, o Arquivo Geral foi anexado à Biblioteca Pública do Estado do Rio de Janeiro, com as mesmas competências. Pelo Decreto nº 148, de 20 de março de 1936, foi transformado em Diretoria Geral do Arquivo Público e Biblioteca Universitária, ficando responsável pelos manuscritos administrativos e documentos oficiais do estado e de seus municípios.

Pelo Decreto nº 653, de 28 de dezembro de 1938, ocorreu a separação do Arquivo Público da Biblioteca Universitária. O Arquivo permaneceu vinculado à Secretaria do Interior e Justiça, ficando subordinado ao Departamento do Interior e Justiça, enquanto a Biblioteca passa a integrar a Secretaria de Educação e Saúde Pública. Esse Decreto ratifica as atribuições instituídas pelo Decreto nº 3.004, de 1933, ao Arquivo Público. A Lei nº 3.790, de 28 de novembro de 1958, criou a Secretaria de Administração Geral e, ao mesmo tempo, transferiu para este órgão recém criado o Arquivo Público. A sua principal competência passa a ser a conservação sistematizada dos documentos públicos estaduais e estava estruturado nas seções de Administração, de Referência e de Arquivo.

Com a fusão dos estados da Guanabara e do Rio de Janeiro e com a reformulação da estrutura administrativa, o Arquivo ganhou a sua atual designação. Pelo Decreto nº 241, de 16 de julho de 1975, o Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro (APERJ), retornou à esfera da Justiça, que passou a ser denominada, Secretaria de Estado de Justiça.Como um Departamento da Secretaria de Estado de Justiça, o APERJ tinha como competências: administrar a guarda, conservação e utilização dos documentos de valor permanente do estado, cabendo-lhe, ainda, a orientação normativa no que se refere aos arquivos estaduais, para realização do recolhimento racional de documentos; analisar a documentação permanente, sob o ponto de vista operacional, jurídico e histórico; efetuar recolhimento e avaliação de documentos, para fins de retenção ou descarte; receber ou propor a aquisição de arquivos particulares. Este Decreto torna o APERJ responsável pela normatização e pela prestação de orientação técnica aos serviços de arquivos dos órgãos estaduais.

O Decreto nº 427, de 24 de outubro de 1975, transferiu a Superintendência de Documentação da Secretaria de Administração para a Secretaria de Estado de Justiça, dando-lhe a denominação de Departamento Geral de Documentação (DGD), com as mesmas competências do Arquivo Público, ou seja, orientar, coordenar, controlar, supervisionar as atividades de documentação do Estado, além de estabelecer normas e fiscalizar sua aplicação. Essa situação conflitante permaneceu por 4 meses, quando a Resolução nº 21, de 21 de janeiro de 1976, determinou que ao Departamento Geral de Documentação caberia a normatização das atividades de documentação do Estado, a recuperação da informação dos atos oficiais, e ainda, divulgar a legislação estadual. Ao Arquivo Público caberia o recolhimento da documentação dos antigos estados e do novo estado resultante da fusão. O Decreto n º 2.030, de 11 de agosto de 1978, atribuiu ao DGD o papel de “órgão central do sistema de Documentação do Estado”, passando a controlar e orientar as atividades de gestão dos documentos produzidos pelo Estado e ao APERJ a função de recolhimento dos documentos de valor permanente. O Decreto nº 8.096, de 22 de maio de 1985, extinguiu o Departamento Geral de Documentação, passando as suas atribuições ao APERJ, que recebeu inclusive, o seu patrimônio, a biblioteca especializada em legislação e direito. Estava incluída, ainda, a responsabilidade de exercer o papel de órgão central do sistema de Documentação do Estado, aprovando as tabelas de temporalidade e mantendo sua participação nas comissões de avaliação de documentos.

Em 6 de março de 1997, o Decreto nº 22.989, ratificou o disposto no artigo 103 do Decreto nº 2.030, de 1978, que determinava o recolhimento ao APERJ da documentação de valor histórico, probatório e informativo produzida pela Administração Pública Estadual. No ano de 1999, o APERJ teve suprimidas suas responsabilidades de expedir atos normativos, de orientação técnica, bem como a aprovação das tabelas de temporalidade, com a publicação do Decreto nº 25.166, de 1º de janeiro e do Decreto nº 24.828, de 14 de dezembro, os quais conferiram à Secretaria de Administração e Reestruturação do Estado (SARE) o poder de atuar na gestão de documentos da Administração Pública Estadual, como órgão central do Sistema de Comunicações Administrativas e Documentação (SICAD). Posteriormente, com a publicação do Decreto nº 29.010, de 14 de agosto de 2001, a SARE editou e aprovou a Tabela de Temporalidade dos Documentos da Atividade-Meio do Poder Executivo fluminense, a ser aplicada nos órgãos da Administração Direta e Indireta.

Pelo Decreto nº 31.896, de 20 de setembro de 2002, a participação do Arquivo nas Comissões Permanentes de Avaliação de Documentos (CPAD) não é mais obrigatória, ficando a critério das Secretarias de Estado e dos demais órgãos subordinados ao Governador do Estado, a opção em escolher um representante de instituição arquivística pública para integrá-la. Por esse Decreto a aprovação das tabelas de temporalidade de documentos elaboradas pelos órgãos estaduais passa a ser uma competência exclusiva da Procuradoria Geral do Estado (PGE).

Durante o período compreendido entre 1975 e 2006, a Secretaria de Justiça passou por diversas denominações, tendo incorporado órgãos e funções de várias Secretarias: Secretaria de Estado de Justiça e Interior; Secretaria de Estado de Interior e Justiça; Secretaria de Estado de Justiça e Sistema Penitenciário; Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos e Secretaria de Estado de Justiça e de Defesa do Consumidor. O APERJ permaneceu, nesse período, no âmbito dessas Secretarias. Ainda, durante esse período, foi criado o Conselho Estadual de Arquivos (CONEARQ), por meio do Decreto nº 29.387, de 15 de outubro de 2001. Por esse ato, o Arquivo Público torna-se o responsável pela assessoria técnica e administrativa do Conselho e volta a desempenhar funções de gestão, organização, preservação e acesso aos documentos oriundos do Poder Executivo Estadual.

Pelo Decreto nº 40.628, de 1º de março de 2007, passa a integrar a estrutura básica da Secretaria de Estado da Casa Civil, com os efeitos contados a partir de 1 de janeiro de 2007, mantendo suas competências e atribuições. Pelo Decreto Nº 42.002, de 21 de agosto de 2009, fica responsável por apresentar, proposta de revisão do Plano de Classificação e Tabela de Temporalidade para atividades-meio. Pela Lei nº 5562, de 20 de outubro de 2009, fica determinado que o APERJ tem como competência, a implementação da política estadual de arquivos, além da gestão, transferência, recolhimento, processamento técnico, preservação e divulgação dos documentos produzidos e recebidos pelo Poder Executivo Estadual, garantindo pleno acesso à informação, visando apoiar as decisões governamentais de caráter político-administrativo, o cidadão na defesa de seus direitos e incentivar a produção de conhecimento científico e cultural.

Fechamento de prédio por negligência

Em 6 de janeiro de 2025, o diretor da APERJ, Victor Travancas, anunciou à imprensa o fechamento do prédio da instituição em Botafogo devido ao "risco iminente de desabamento e incêndio".[1] Grande parte do acervo do arquivo é digitalizado, mas não está disponível on-line ou ao público; em vez disso, os arquivos ficam em discos rígidos dentro do prédio.[2] Travancas identificou adicionalmente 26 funcionários fantasmas, constituindo cerca de 70% da força de trabalho da instituição, e relatou isso ao Ministério Público do Rio de Janeiro.[2]

Dois dias depois, em 8 de janeiro, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, demitiu Travancas e a maioria dos funcionários do arquivo sem aviso prévio, e ordenou que ele fosse reaberto.[2][3][4] No mesmo dia, Travancas convidou a imprensa a visitar o prédio para relatar as condições "críticas" em que se encontrava.[2] Durante a visita, três carros de polícia apareceram.[2] O governo de Castro disse mais tarde aos repórteres que o prédio estava em condições de funcionar e que seu fechamento foi uma decisão unilateral do ex-diretor,[2] embora tenha negado pedidos de outros veículos de imprensa para visitar e inspecionar o prédio.[4]

Acervo

O acervo é formado por documentos de diversos gêneros e suportes, como textuais, audiovisuais, cartográficos, bibliográficos, eletrônicos, micrográficos, além de objetos, relevantes para o estudo da história e da sociedade fluminense, a partir da segunda metade do século XVIII. Esses documentos são originários de órgãos do poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro e de arquivos privados e possibilitam a pesquisa sobre diversos temas, como agricultura, anistia, campanhas políticas, comunismo, crime/contravenção, educação, escravidão, espionagem, índios, indústria e comércio, integralismo, militares, movimentos sociais, obras públicas, polícias, saúde, terra, transporte e tributos.

Os documentos mais procurados para a pesquisa são os produzidos pelas Polícias Políticas do Rio de Janeiro (POL), Delegacia Especial de Segurança Política e Social (DESPS), Departamento Autônomo de Ordem Política e Social do Estado do Rio de Janeiro (DAOPS-RJ), Departamento de Ordem Política e Social do Estado da Guanabara (DOPS-GB), Divisão de Polícia Política e Social (DPPS), além de Presidência da Província do Rio de Janeiro, Presidência do Estado do Rio de Janeiro, Departamento de Educação, Casa de Detenção do Rio de Janeiro, Conselho Ultramarino – Brasil/Capitania do Rio de Janeiro, Movimento Feminino pela Anistia e Liberdades Democráticas (MFALD), Secretaria de Governo do Estado do Rio de Janeiro. O APERJ possui, ainda, arquivos pessoais, considerados de interesse coletivo, como é o caso das coleções Ângela Borba, Daniel Aarão Reis Filho, Jair Ferreira de Sá, Jean Marc von der Weid, Silas Ayres de Mattos, Robespierre Martins Teixeira e Vera Silvia de Magalhães.

Endereços e sedes

Desde sua criação, em 1931, este órgão passou por diversos endereços. Inicialmente, sua sede localizava-se em Niterói, então capital do estado, à Rua Doutor Celestino nº 1, dividindo o mesmo prédio com a Biblioteca Pública do Estado. A partir de 1985, a Direção e os setores de pesquisa e acesso à legislação foram concentrados na cidade do Rio de Janeiro, nas instalações do extinto Departamento Geral de Documentação. As seções responsáveis pelo processamento técnico e consulta ao acervo arquivístico foram mantidas em Niterói.

Em 1989 o Arquivo cedeu suas instalações próprias para a Biblioteca Estadual de Niterói, e parte de um andar do prédio da Avenida Erasmo Braga, na cidade do Rio de Janeiro para a Secretaria de Administração, instalando-se no prédio pertencente ao Tribunal de Contas do Estado, na Rua Jansen de Melo, em Niterói, reunindo todas as atividades da instituição e permanecendo neste endereço até o ano de 1995. Naquele ano foi transferido para um edifício de propriedade da Companhia Estadual de Águas e Esgoto (CEDAE), na Rua do Riachuelo, Centro da cidade do Rio de Janeiro. Em 1998, o APERJ foi transferido e instalado em um prédio na Praia de Botafogo, nº 480, Rio de Janeiro, onde permanece até hoje.

Referências

  1. Dal Piva, Juliana (7 de janeiro de 2025). «Governo Cláudio Castro fecha arquivo que guarda dados de crimes da ditadura». pt. Consultado em 9 de janeiro de 2025 
  2. a b c d e f Dal Piva, Juliana (8 de janeiro de 2025). «Diretor denuncia situação de arquivo com dados da ditadura e é exonerado por Castro». pt. Consultado em 9 de janeiro de 2025 
  3. Dias, Carmélio (9 de janeiro de 2025). «Em meio a denúncias de risco de desabamento e incêndio, prédio do Arquivo Público do Estado é interditado e reaberto em 48 horas». O Globo. Consultado em 9 de janeiro de 2025 
  4. a b Teixeira, Mônica (10 de janeiro de 2025). «Crise no prédio do Arquivo Público do RJ coloca em risco registros da ditadura sobre Rubens Paiva, diz ex-diretor exonerado esta semana». G1. Consultado em 10 de janeiro de 2025 

Ligações externas