Arapaçu, que compõe parte do seu nome popular, é uma designação comum para avespasseriformes das famílias dos dendrocolaptídeos (Dendrocolaptidae) e furnariídeos (Furnariidae). Originou-se no tupiarapa'su, que tem como sentido definido o nome destes pássaros. Seu primeiro registro ocorreu em 1949.[4]
Distribuição e habitat
O arapaçu-de-garganta-amarela está distribuído em duas grandes áreas disjuntas, desde o leste da Colômbia, passando pela Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa e nordeste da Amazônia brasileira; e em uma faixa costeira do leste do Brasil.[5] Habita sobretudo florestas úmidas de várzea, embora as preferências de habitat variem geograficamente, e em algumas áreas também pode ser encontrada em florestas semidecíduas e de galeria, pântanos de palmeiras, cerrados, manguezais maduros, clareiras com árvores dispersas e plantações. É mais abundante abaixo de 900 metros, embora ocorra em pequeno número em altitudes elevadas, como na Venezuela onde pode ocorrer em até 2 400 metros de altitude.[1][6]
Ecologia
O arapaçu-de-garganta-amarela mede entre 22,5 e 29,5 centímetros de comprimento e pesa entre 49 e 74 gramas.[5] Alimenta-se principalmente de artrópodes, mas também de pequenos vertebrados que recolhem bicando ou sondando fendas da casca, folhas mortas, aglomerados de musgo ou buracos. É um associado regular de bandos mistos que frequentam os níveis médios e subcopa.[1]
A espécie X. guttatus foi descrita pela primeira vez pelo naturalistaalemãoMartin Lichtenstein em 1820 sob o nome científico Dendrocolaptes guttatus; sem localidade tipo definida, assume-se: "Bahia, Brasil".[5] O nome genérico masculino Xiphorhynchus é composto pelas palavras gregas ξιφος (xiphos), "espada", e ῥυγχος (rhunkhos), "bico"; que significa "com bico em forma de espada";[10] e o nome específicoguttatus, vem do latim para "salpicado", "pontilhado".[11]
Taxonomia
A taxonomia é altamente complexa. O arapaçu-cacau (X. susurrans), uma espécie menor da América Central e do noroeste da América do Sul, foi anteriormente incluído nesta espécie, mas agora é normalmente considerado distinto.[12][13] Dos táxons restantes, o grupo guttatoides de bico claro e listras amareladas (incluindo dorbignyanus) e o grupo eytoni de bico escuro e listras esbranquiçadas (incluindo vicinalis e gracilirostris) têm sido frequentemente considerados espécies separadas, como o arapaçu-de-lafresnaye (X. guttatoides) e o arapaçu-de-bico-escuro (X. eytoni). Embora visualmente muito diferentes, esses dois grupos são agora conhecidos por formar um único clado (combinados sob um "amplo" arapaçu-de-lafresnaye, X. guttatoides) separado do grupo nominal (guttatus, polystictus e connectens) de X. guttatus, que em vez disso está mais próximo de X. susurrans. A biogeografia e dados moleculares sugerem que a relação entre as subespécies e os táxons agora incluídos em X. guttatoides e X. susurrans merece mais estudos.[14][15][16] Um estudo genético recente corrobora o exposto[17] e serve de base, juntamente com as diferenças morfológicas e de vocalização mais sutis, às classificações Birds of the World (HBW) e BirdLife International (BLI) tratando X. guttatoides (incluindo o "grupo eytoni") como uma espécie separada. Outras classificações, como o Congresso Ornitológico Internacional (IOC) e Clements checklist/eBird ainda consideram o "grupo guttatus/guttatoides/eytoni" como uma única espécie.[12][13]
Subespécies
De acordo com a classificação Birds of the World, três subespécies são reconhecidas, com sua distribuição geográfica correspondente:[5]
Xiphorhynchus guttatus connectens(Todd, 1948) – nordeste da Amazônia brasileira, ao longo da margem norte do rio Amazonas, do leste de Manaus a leste até o Amapá.
↑ abcdMarantz, C. A.; del Hoyo, J.; Collar, N.; Aleixo, A.; Bevier, L. R.; Kirwan, G. M.; Patten, M. A. (2020). «Buff-throated Woodcreeper (Xiphorhynchus guttatus), version 1.0». In: Billerman, S. M. Billerman; Keeney, B. K.; Rodewald, P. G.; Schulenberg, T. S. Birds of the World. Ítaca, Nova Iorque: Laboratório Cornell de Ornitologia. doi:10.2173/bow.butwoo1.01. Consultado em 4 de maio de 2022
↑Jobling, J. A. (2018). «Xiphorhynchus». In: del Hoyo; Elliott, A.; Sargatal; Christie, D. A.; de Juana, E. Handbook of the Birds of the World Alive. Barcelona: Lynx Edicions|acessodata= requer |url= (ajuda)
↑Jobling, J. A. (2018). «guttatus». In: del Hoyo; Elliott, A.; Sargatal; Christie, D.A.; de Juana, E. Handbook of the Birds of the World Alive. Barcelona: Lynx Edicions|acessodata= requer |url= (ajuda)
↑ abClements, J. F.; Schulenberg, T. S.; Iliff, M. J.; Billerman, S. M.; Fredericks, T. A.; Gerbracht, J. A.; Lepage, D.; Sullivan, B. L.; Wood, C. L. (2021). «The eBird/Clements checklist of Birds of the World: v2021». Consultado em 16 de abril de 2022
↑ abGill, F.; Donsker, D.; Rasmussen, P. (julho de 2021). «OC – World Bird List». Consultado em 14 de julho de 2021
↑Remsen, J. Van (2003). «32. Buff-throated Woodcreeper». In: del Hoyo, Josep; Elliott, Andrew; Sargatal, Jordi. Handbook of Birds of the World, Volume 6: Broadbills to Tapaculos. Barcelona: Lynx Edicions. p. 429-430, plate 35. ISBN84-87334-50-4