Apagão no Brasil em 2023O apagão no Brasil em 2023 teve início às 08h31min (UTC-03:00) de 15 de agosto, uma terça-feira, em decorrência da abertura da interligação Norte-Sudeste, a qual gerou uma interrupção de 16 mil MW de carga em todo o país.[1][2] Essa abertura era uma manobra proposital, porém não era previsto um desabastecimento na escala em que ocorreu.[3] O blecaute foi observado em todas as unidades federativas do país, exceto Roraima[4] (pois o estado não participa do Sistema Interligado Nacional[5]), porém a Região Norte foi a mais atingida e o Sul a menos afetada.[6] No Acre a falta de energia começou a ser relatada antes do apagão nacional.[7] Pelo menos 29 milhões de pessoas foram afetadas.[8] A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) classificou a crise como um "evento de grande porte".[9] Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), houve uma perda de 25,9% da energia do Sistema Interligado Nacional em 10 minutos. Na Região Norte a queda nesse período chegou a 83,8% de sua normalidade, no Nordeste 44,4%, no subsistema Sudeste-Centro-Oeste 19% e no Sul 15,5%.[6] A carga começou a ser restabelecida dez minutos depois, às 08h41min, mas uma hora após o início da crise ainda não havia se recomposto totalmente.[6] Às 10h51min, o Ministério de Minas e Energia afirmou que a totalidade das cargas das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste havia sido retomada.[6] Às 12h30min, estavam recompostas 41% da carga da Região Norte e 85% do Nordeste, com situação normalizada em todas as capitais nordestinas.[10] O ministério afirmou que o sistema de energia foi restabelecido às 14h30min, porém ainda havia relatos de localidades sem energia nas regiões Norte e Nordeste e em Santa Catarina após as 15 horas.[11] O motivo dado pelo ministro de Minas e Energia Alexandre Silveira em coletiva de imprensa é que as empresas distribuidoras demoram um pouco para transformar a energia de alta tensão em energia de baixa tensão.[12] ConsequênciasLinhas de trem e metrô foram paralisadas em cidades como Belo Horizonte, Salvador e São Paulo,[4] enquanto o comércio das áreas atingidas teve o atendimento prejudicado. O Metrô de Salvador foi paralisado e precisou ser evacuado, com suas operações suspensas. Empresas que não possuem geradores particulares precisaram suspender o atendimento. Engarrafamentos de trânsito em capitais do Norte e do Nordeste foram atribuídos ao apagão, em função dos semáforos desligados. No Amapá e no Piauí escolas e faculdades suspenderam as aulas devido à falta de energia.[7] O blecaute também prejudicou o abastecimento de água no Amapá e no Pará.[11] Também foram relatadas falhas de sinal em celulares,[13] com lapsos nos serviços de telefonia. As redes da Claro, da TIM Brasil e da Vivo ficaram fora do ar em parte do Brasil, de acordo com relatos publicados nas redes sociais e na plataforma DownDetector.[14] Em nota divulgada na manhã do acontecimento, o Operador Nacional do Sistema Elétrico ainda desconhecia a causa exata do apagão e estava investigando.[9] A Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) foi acionada para auxiliar nas investigações.[15] O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, criou um gabinete de crise para acompanhar a situação[15] e no final do dia concedeu uma coletiva de imprensa a respeito dos fatos. Na ocasião, alegou que foi pedido à Polícia Federal que também se envolva na apuração do caso.[12] No dia seguinte, o ministro Alexandre Silveira afirmou que o apagão se iniciou com uma falha em linha de transmissão no sistema da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), que é controlada pela Eletrobras, mas que este fato isoladamente não explicaria o desligamento na proporção que ocorreu.[16] Após o ocorrido atores políticos, como Janja da Silva e o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), relembraram a privatização da Eletrobras, ocorrida no ano anterior, durante o governo Jair Bolsonaro.[17][18] O MAB criticou a falta de controle do governo sobre o sistema energético nacional, causado pela privatização e consequentemente pela operação das usinas e linhas de transmissão serem de responsabilidade do Operador Nacional do Sistema (ONS), um órgão privado.[19] No dia 17, as ações da Eletrobras que ainda estão sob controle do governo foram retiradas do Programa Nacional de Desestatização em decreto assinado pelo presidente Lula.[17] Ver tambémReferências
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