Andreas Stöcklein
Andreas Stöcklein (Alemanha, 1957 – Lisboa, 13 de julho de 2024) foi um artista plástico alemão, que trabalhou em Angola e Portugal. BiografiaArtista plástico, nascido na Alemanha, em 1957, aí viveu até a mãe se mudar com ele para Angola, onde trabalhava o pai, na instalação dos caminhos-de-ferro; até 1962, viveu em Luanda. Regressado à Alemanha, formou-se em escultura e pintura, de 1977 a 1982, na Academia de Belas Artes de Düsseldorf;[1] nesse último ano, no âmbito de duas viagens escolares de alguns meses, fez pesquisa sobre Land Art na serra da Arrábida e aí se exercitou na pintura explorando materiais naturais. No ano seguinte, inicia-se na aprendizagem de técnicas de azulejaria e estabelece-se em Portugal. Trabalha em restauro e reprodução de azulejo tradicional em Lisboa, na empresa Azularte. A par da execução de trabalhos de restauro – de que são exemplo os desenvolvidos nos jardins do Palácio de Queluz (primeiro trabalho), na igreja de Santa Maria do castelo de Sesimbra ou nas igrejas dos Cardaes e de Marvila -, explora as suas próprias formas de expressão através da arte azulejar, numa perspectiva contemporânea e conceptual, dominando materiais, cores, figurações, texturas, cores e ornamentação. Em 2005, numa entrevista à RTP afirma «gosto de adequar os materiais que uso àquilo que quero transmitir (…) o material tem peso na comunicação».[2] 1984 foi o ano de integrar uma exposição colectiva na Galeria Metrópole, em Lisboa; realizou uma exposição individual - Luz exterior - no Círculo Cultural de Setúbal e uma intervenção escultórica na praia de Odeceixe.[3] Participou na V Bienal de Vila Nova de Cerveira, em 1986. Em 1987, criou, na praia de Odeceixe, o marcante projecto temporário Membrana — Da Transparência do Solo, «uma estrutura construída em madeira, de 30 m de diâmetro, em forma de espelho parabólico, mas que aparenta ter o seu ponto focal no subsolo»,[4] que integrava instalações e objectos em azulejo no subsolo. A intervenção artística, que demorou 2 anos a concretizar, foi habitada por pessoas que iam à praia e foi criada com o fim de alterar os caminhos das pessoas que por aí circulavam. Em 1988, instala o seu atelier na Quinta do Vale da Rosa, perto de Setúbal e cria obras de pintura e cerâmica. A partir de 1990, passa a ser representado pela Galeria Ratton, e aí realiza a sua marcante exposição individual, nesse mesmo ano, Do Barroco à Subversão, na qual é clara a sua opção pela reinvenção do azulejo. Destacou do barroco, por exemplo, os querubins, recriados em diversos tondo. É artista residente da galeria, com a qual manteve forte vínculo, e onde expôs com regularidade e realizou projectos para diversas instituições privadas e públicas. Nesse ano realiza outra exposição na galeria de exposições temporárias do Museu de Setúbal/Convento de Jesus, intitulada Do azulejo... ao azulejo - Andreas Stöcklein, de 20 de Janeiro a 18 de Fevereiro; acerca esta iniciativa José Meco escreveu: «larga e diversificada amostragem de azulejos, desde os de aspecto mais tradicional e que absorveram maior número de motivos do passado, nomeadamente as diversas fontes (uma especialmente complexa e monumental), e outros adereços arquitectónicos, no início da galeria, até ao fundo, onde as criações mais ousadas, como as composições circulares e quadradas, de fundos marmoreados com citações pós-modernas de formas barrocas, formavam uma cenografia deslumbrante, criando um envolvimento bastante coerente, que incluía uma instalação, no pavimento.[5]» O mesmo historiador de arte, a propósito destas duas exposições de 1990, afirma: «Estamos na presença de um artista muito jovem, cuja obra se encontra no início, mas que poderá alcançar uma importância e originalidade cada vez mais acentuadas se continuar a desenvolver a sua manaira pessoal de sentir o azulejo que estas exposições já revelam.» e «As sugestões neo-barrocas, a ironia e a função arquitectónica são talvez os aspectos fundamentais destas criações.[6]» Dois anos depois, desenvolveu um projecto na Alemanha que «culmina com a apresentação da exposição 3,1416º K, Artcore, em Monchengladbach.»[7] Em 1996, expôs na Galeria COGITO na Feira de Arte Contemporânea Fórum '96, ao lado de Luiza Perienes, Carlos Dutra, Lázaro Lozano, entre outros.[8] Fez parte do júri da Bienal de Artes Plásticas da Festa do Avante, a partir de 1997. Prémios
ObrasDiversas obras na sua carreira, sobretudo em azulejo – em arte pública e em imóveis privados -, mas também em instalação, tela e desenho a carvão e tinta da China, merecem destaque:
Acerca da obra para a Estação de Campolide, onde se encontra um Ícaro contemporâneo, Stöcklein afirmou que o tema era a «viagem sem fim» e «O que eu queria era tornar esse “não-lugar” num lugar, torná-lo num espaço identificável, e penso que isso vai acontecer com o tempo. (…) O meu objetivo era partir de um espaço despersonalizado e dar-lhe um pouco mais de cor, ou melhor, dar-lhe um carácter lúdico.[17]» Em 2023, os 40 anos de presença do artista em Portugal, foram comemorados com duas exposições: a Sobre a Linha do Horizonte – Andreas Stöcklein na Colecção Ratton no Museu Nacional do Azulejo e, na Galeria Ratton, a exposição O Outro Lugar. Conversas Interiores. Andreas Stöcklein morreu em Lisboa, Portugal, a 13 de Julho de 2024. Era doutorando no Colégio das Artes da Universidade de Coimbra.[18] Referências
Bibliografia
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