Anandi Gopal Joshi
Anandibai Gopalrao Joshi (Marata: आनंदी गोपाळराव जोशी) (Kalyan, 31 de março de 1865 - 26 de fevereiro de 1887, em Pune, Índia britânica) foi a primeira mulher indiana e sul-asiática[1] a obter uma graduação universitária em medicina ocidental, em 1886. Acredita-se também que ela é a primeira mulher hindu a pisar em solo norte-americano.[2] Vida pessoalAnandi nasceu em Kalyan, no distrito atual de Maarastra, de uma família hindu ortodoxa. Sua família era dona de terras em Kalyan, mas perdeu toda a fortuna. Como era costume da época, ela se casou aos nove anos com Gopalrao Joshi, um viúvo vinte anos mais velho que ela, devido à pressão da família. Depois do casamento, ela mudou seu nome de nascimento, Yamuna, para Anandi.[3] Gopalrao trabalhou como funcionário dos correios, em Kalyan. Depois, se transferiu para Alibag, em seguida e finalmente para Calcutá. Era um progressista, que apoiou a educação da esposa, o que não era comum na Índia da época. Era comum para os brâmanes serem fluentes em sânscrito, mas Gopalrao preferiu aprender inglês, que era um idioma mais útil e pragmático. Percebendo o interesse de Anandi, ele a incluiu nas aulas de inglês.[3] Aos 14 anos, Anandi deu à luz um menino, mas a criança viveu apenas dez dias, pois o atendimento médico necessário para sua sobrevivência era inacessível. Este momento foi um ponto de virada para Anandi, que decidiu tornar-se médica.[3][4] Carreira na medicinaGopalrao encorajou Anandi a estudar medicina. Em 1880, ele enviou uma carta ao missionário norte-americano, Royal Wilder, declarando o interesse de Anandi em estudar medicina nos Estados Unidos. Wilder ofereceu ajuda, desde que o casal se convertesse ao cristianismo, o que não foi aceito pelo casal.[3] O missionário publicou a carta no Princeton's Missionary Review e Theodicia Carpenter, residente em Roselle, Nova Jersey, leu o apelo de Gopalrao para a esposa Anandi, e ela escreveu ao casal oferecendo acomodações nos Estados Unidos. O casal trocou várias correspondências com Theodicia, em especial sobre religião e cultura hindu.[3] Enquanto o casal ainda morava em Calcutá, a saúde de Anani começou a deteriorar. Ela tinha fraqueza, constantes enxaquecas, febres ocasionais e, algumas vezes, falta de ar. Theodicia enviou remédios para ela, sem efeito. Em 1883, Gopalrao foi transferido para Serampore e decidiu enviar Anandi por conta própria para estudar medicina no Ocidente, apesar de sua saúde fragilizada. Ele queria que o exemplo da esposa encorajasse outras mulheres a estudar.[3] Ao saber da decisão de Anandi de estudar nos Estados Unidos, a sociedade hindu ortodoxa protestou veementemente. Muitos cristãos a apoiaram, mas queriam que ela se convertesse. Ela então discursou para a comunidade no Serampore College, explicando sua decisão de obter uma formação em medicina, da perseguição que ela e seu marido sofriam por isso e reiterou a necessidade do país formar mulheres médicas. Seu objetivo era abrir uma faculdade de medicina para mulheres quando voltasse para a Índia. O discurso acabou ganhando repercussão no país e contribuições vieram de várias províncias para sua viagem.[3] No OcidenteA viagem de Anandi para Nova York foi feita de navio, patrocinada por amigas do casal. Ao chegar, Theodicia Carpenter a recebeu em junho de 1883. Anandi escreveu para a Women's Medical College of Pennsylvania, pedindo para ser admitia em seu programa médico, um dos dois programas existentes no mundo na época.[5] Anandi começou seus estudos aos 19 anos, mas sua saúde piorou consideravelmente devido ao tempo consideravelmente mais frio e à dieta. Assim, ela contraiu tuberculose, mas conseguiu se formar e colar grau em 11 de março de 1886, com as congratulações da Rainha Vitória. Seu trabalho de conclusão de curso intitulava-se "Obstetrics among the Aryan Hindoos".[3] Retorno à ÍndiaNo final de 1886, Anandi voltou para a Índia e foi recebida como uma heroína nacional. O governador da província de Kolhapur a indicou como médica-chefe da enfermaria feminina do hospital local Albert Edward.[3][5] MorteAnandi faleceu precocemente em 26 de fevereiro de 1887, pouco antes de completar 22 anos. Sua morte foi lamentada por toda a Índia. Suas cinzas foram enviadas para os Estados Unidos, onde Theodicia Carpenter a enterrou em seu jazigo em Poughkeepsie, estado de Nova York.[6] LegadoO Instituto de Pesquisa e Documentação em Ciências Sociais, uma organização não-governamental, em Lucknow, Índia, criou o prêmio Anandibai Joshi Award for Medicine em sua homenagem e por suas contribuições para o avanço das ciências médicas no país.[7] Referências
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