Nascida a 30 de Março de 1904 no lugar de Gresufes, em pleno meio católico e rural de Balazar, para frequentar a escola primária, Alexandrina mudou-se em 1911 para o meio urbano da Póvoa de Varzim, onde viveu na pensão de um marceneiro, na Rua da Junqueira. Ao fim de dezoito meses, regressou à freguesia natal, para o lugar do Calvário, freguesia esta de Santa Eulália de Balazar onde, desde o tempo da sua quarta avó materna Tereza Maria da Costa Carneira — bisneta do Morgado da Santíssima Trindade, Pedro Carneiro da Gram —, é a terra onde viveu toda a sua família.
Começou a trabalhar cedo na lavoura, como era usual na altura. Era uma menina vigorosa, a ponto de afirmar na sua Autobiografia que a equiparavam aos homens no que diz respeito ao rendimento do trabalho. Aos 12 anos adoeceu, provavelmente de febre tifóide, ficando a sua saúde, a partir desse momento, algo comprometida.
Com 14 anos, no dia de Sábado de Aleluia (antes da Páscoa) de 1918, estando a trabalhar em costura com a sua irmã Deolinda e outra menina, deu um salto do quarto onde estava para se defender de agressores que invadiram a casa, numa atitude semelhante à de Santa Maria Goretti que morreu em defesa da sua virgindade.[1]
Até aos seus 19 anos ainda se conseguia movimentar sofrivelmente, tendo gosto em ir à igreja. Contudo, a paralisia foi-se agravando até 14 de Abril de 1925, data em que ficou, definitivamente, de cama, durante trinta anos.
A sua intenção inicial era tornar-se missionária e, por isso, orava à Santíssima Virgem Maria para que ficasse curada. Em 1928, chegou à conclusão de que a sua vocação era compartilhar misticamente o sofrimento de Cristo, oferecendo-se então como vítima pelos pecadores.
De 3 de Outubro de 1938 a 24 de Março de 1942, todas as sextas-feiras, alegou viver os sofrimentos da Paixão de Cristo: superando a paralisia, descia da cama e, dando mostras de sofrimento físico, repetia, por três horas e meia, as etapas da Via Sacra. Existe um registo filmado de um destes êxtases e um circunstanciado relato de um outro, publicado pelo Padre José Alves Terças nas páginas de A Paixão Dolorosa (este escrito, ilustrado com alguns desenhos, pôs pela primeira vez a Alexandrina nas bocas do mundo, para grande mágoa sua).
O padre jesuíta Mariano Pinho, seu director espiritual de 1933 a 1942, exortou-a a ditar as suas vivências místicas. A sua obra escrita (autobiografia, cartas, diário) enche cerca de 5000 páginas.
A partir 27 de Março de 1942 é alegado que deixou de se alimentar nos seguintes 13 anos de vida, vivendo exclusivamente da comunhão diária.
Para verificar a inédia, em 1943, foi internada no Refúgio de Paralisia Infantil, na Foz do Douro. Foi aí submetida à vigilância de um grupo de médicos, dirigidos pelo Doutor Henrique Gomes de Araújo, membro da Sociedade Portuguesa de Química e da Real Academia de Medicina de Madrid, por um período de 40 dias. No final, asseguraram que era "absolutamente certo" que durante aquele tempo não tinha comido, bebido, defecado ou urinado. O mesmo Doutor Henrique Gomes de Araújo, a quem o Doutor Azevedo pedira "o estudo das faculdades mentais da doente", descreveu-a nestes termos: «A expressão de Alexandrina é viva, perfeita, afectuosa, boa e acariciadora; atitude sincera, sem pretensões, natural. Não há nela ascetismo, nada untuoso, nem voz tímida, melíflua, rítmica; não é exaltada nem fácil a dar conselhos. Fala de modo natural, inteligente, mesmo subtil; responde sem hesitações, até com convicção, sempre em harmonia com a sua estrutura psíquica e a construção sólida de juízos bem delineados em si e pelo ambiente, mas sempre, repetimo-lo, com ar de espontânea bondade que o clima místico que desde há tempos a circunda e que, parece, não foi por ela provocado, não modificaram.»
Alexandrina Maria da Costa foi membro notável da Associação dos Salesianos Cooperadores. Sobretudo nos anos finais da sua vida, começou a desenvolver-se em torno de Alexandrina um fenómeno de popularidade, que levou muita gente em peregrinação até ao seu leito em busca de aconselhamento espiritual.
Nas Suas aparições e revelações à Beata Alexandrina de Balazar, Jesus apresentou-lhe duas grandes e prodigiosas promessas:
Devoção das 6 Primeiras Quintas-feiras
«Minha filha, minha esposa querida, faz com que Eu seja amado, consolado e reparado na Minha Eucaristia. Diz, em Meu nome, que todos aqueles que comungarem bem, com sinceridade e humildade, fervor e amor em seis primeiras quintas-feiras seguidas e junto do Meu sacrário passarem uma hora de adoração e íntima união Comigo, lhes prometo o Céu. É para honrarem pela Eucaristia as Minhas Santas Chagas, honrando primeiro a do Meu sagrado ombro tão pouco lembrada. Quem isto fizer, quem às Santas Chagas juntar as dores da Minha Bendita Mãe e em nome delas nos pedir graças, quer espirituais, quer corporais, Eu lhas prometo, a não ser que sejam de prejuízo à sua alma. No momento da morte trarei coMigo Minha Mãe Santíssima para defendê-lo.»[2]
Visita ao túmulo da Beata Alexandrina
«Prometo-te — confia — que depois da tua morte todas as almas que visitarem o teu túmulo serão salvas, a não ser que o visitem para prevalecer no pecado, abusando da grande graça que por ti lhes dei. Para todas as que visitarem o teu túmulo se salvarem, necessitam doutras graças, que não são precisas às que o teu leito visitarem, mas por ti lhes serão dadas.»[3]
Entre os estudiosos da sua vida e escritos, que tornaram viável a abertura, desenvolvimento e conclusão do Processo Diocesano para a beatificação e canonização, destacam-se, além do já citado Padre Mariano Pinho, o italiano Padre Humberto Pasquale e o Casal Signorile. Os livros escritos por este Casal (os professores Chiaffredo e Eugénia Signorile) são referência importante para o conhecimento da obra da Alexandrina de Balazar (alguns deles, como a recorrentemente citada «Figlia del Dolore Madre di Amore» estão disponíveis on-line).
A divulgação da sua vida iniciou-se em Balazar, mas atingiu larga escala a partir do Norte de Itália, onde trabalhou o Padre Humberto Pasquale, e da organização irlandesa «Alexandrina Society», cujo boletim é, ainda hoje, publicado para vários países de todos os continentes. Em Balazar publicou-se um boletim durante duas décadas e meia. Hoje, a sua divulgação faz-se em larga medida pela Internet.
A beatificação de Alexandrina Maria da Costa assentou numa cura ocorrida em Estrasburgo com uma emigrante oriunda da freguesia de Esmeriz, Vila Nova de Famalicão; esta cura foi declarada inexplicável à luz dos actuais conhecimentos da medicina.
As obras do Casal Signorile dedicadas à Beata Alexandrina de Balazar podem ser encontradas aqui.
O Doutor Manuel Augusto Dias de Azevedo, seu médico assistente desde Janeiro de 1941, até à morte de Alexandrina, foi também um dos seus mais activos defensores e o criador e redactor do boletim que se publicou em Balazar.
Bibliografia elementar
PASQUALE, Padre Humberto; Beata Alexandrina, Edições Salesianas, Lisboa, 400 pp. (9ª edição).
SILVA, Padre Manuel Fernando Sousa; Caminhos de Balasar, Paulinas Editora, 424 pp., Prior Velho (1ª edição).
PINHO, Padre Mariano; No Calvário de Balasar, Editorial Apostolado da Oração, Braga, 360 pp., 2005 (2ª edição).
PINHO, Padre Mariano; Vítima da Eucaristia, Edição da Paróquia de Balazar, Póvoa de Varzim, 106 pp. (6ª edição).