Agostinho Fernandes
Joaquim Agostinho Fernandes, igualmente conhecido como Agostinho Fernandes CvIP (Mexilhoeira Grande, 1886 — Lisboa, 1972), foi um empresário e coleccionador de arte português. BiografiaInfância e instruçãoAgostinho Fernandes nasceu no seio de uma família rural, tendo sido o único de nove irmãos que se salvou de uma pandemia de pneumónica. Para que sobrevivesse, a sua mãe, desesperada, enviou o filho para Lisboa, quando tinha treze anos. Na capital viria a empregar-se em várias casas comerciais, num alfaiate e como escriturário de uma empresa britânica que importava maquinaria para fábricas de conservas. Frequentou um curso noturno do Ateneu Comercial, onde obteve vários prémios literários. Carreira comercial e industrialEm 1901, estabelece-se como contabilista numa empresa britânica que vendia máquinas para fábricas de conservas. Tem a partir daí um contacto com o sector conserveiro, que o fará aspirar a estabelecer-se no mesmo ramo, mas como empresário. Em 1914 torna-se gerente da firma "Eduardo Gomes Cardoso", evoluindo depois para sócio-gerente na Portuguese Corporation of Commerce. Durante este período, apoiou José Francisco Trindade Coelho na Liga Nacional de Instrução. Em 1920 funda a empresa Algarve Exportador, que importava materiais para a indústria conserveira e apoiava a actividade piscatória.[carece de fontes] A empresa teve um grande sucesso financeiro, possuindo unidades fabris em Lagos, Setúbal, Lisboa, Peniche, Nazaré e Matosinhos.[1] Tinha várias marcas próprias que se tornaram muito famosas entre o público português, como as Nice, de conservas e atum e sardinhas, os chocolates Favorita, e as bolachas e biscoitos Confiança.[1] As atividades da empresa, além do peixe enlatado, irão estender-se ao azeite, óleos vegetais, embalagens, chocolates, bolachas, estanho, contraplacados e siderugia. Constroem-se fábricas de conservas em Lagos, Matosinhos, Nazaré, Peniche, Lisboa e Setúbal.[carece de fontes] Agostinho Fernandes fundou as fábricas de chocolocates Africana e Favorita em Castelo Branco, a refinaria Prazol para azeite e óleos vegetais na Vila do Conde, as fábricas de farinha de peixe Spof e Sadop em Matosinhos e Setúbal, a fábrica para processamento de estanho Yolanda em Setúbal, e uma fábrica de embalagens em Matosinhos. Também foi um dos sócios na fábrica de contraplacados Ciam, na na fábrica de manequins de Estrela de Faria, e na fábrica de brinquedos Arte e Bonecos. Também foi um dos fundadores da Siderurgia Nacional em Setúbal, junto com António Champalimaud. Para a produção de pescado e exportação dos produtos manufacturados, a empresa também empreendeu a construção de uma frota, chegando a ter 48 embarcações, onde laboravam 1200 trabalhadores. A empresa exportava para os Estados Unidos da América, Reino Unido, França, Suíça, Bélgica, Suécia, Finlândia, Alemanha, Hungria, Polónia e Checoslováquia. Na década de 1930, a empresa Algarve Exportador torna-se no maior produtor e exportador de produtos piscícolas em Portugal. Nos anos 40, Agostinho Fernandes é eleito presidente do Grémio dos Industriais de Conservas do Centro e representante da indústria conserveira na Câmara Corporativa. Nos finais dos anos 60, a indústria conserveira portuguesa entra em declínio, incluindo a Algarve Exportador. Em 1972, Agostinho Fernandes afasta-se da presidência da firma, entregando ao seu neto, Diniz Nazareth Fernandes, a maior parte dos seus negócios. Actividades culturaisAmigo e testamenteiro de José Malhoa, colaborou na fundação do museu dedicado a este artista[2], tendo, igualmente, cedido vários quadros. Entre 1922 e 1923, editou a revista Contemporânea, sendo a sua edição louvada pelo Ministério da Instrução Pública, por difundir a literatura portuguesa. Neste período, iniciou a sua colecção de arte, com obras de Almada Negreiros e José Malhoa. Em 1942 funda a Portugália Editora,[1] e em 1945 abre a Livraria Portugália, no Porto. Devido às suas boas relações com o Estado Novo, pôde visitar o exilado Manuel Teixeira Gomes, na Argélia, e publicar as suas obras na Portugália Editora. Também fundou a empresa cinematográfica Cinelândia, que posteriormente deu lugar à Rádio Televisão Portuguesa.[1] HomenagensFoi homenageado com o grau de cavaleiro da Ordem da Instrução Pública em 15 de Janeiro de 1945.[3] O nome de Agostinho Fernandes foi colocado em ruas nas localidades de Lagos,[4] Portimão e Mexilhoeira Grande. Referências
Bibliografia
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