Afonso, Duque de Anjou e Cádis
Afonso, Duque de Anjou e Cádis, Grande da Espanha (nascido Alfonso Jaime Marcelino Victor Manuel Maria de Borbón y Dampierre, como cidadão francês Alphonse de Bourbon; 20 de abril de 1936 – 30 de janeiro de 1989) foi neto de Afonso XIII da Espanha, e um potencial herdeiro do trono no caso de restauração da monarquia espanhola e um pretendente legitimista ao extinto trono francês como Afonso II. VidaAfonso nasceu na Clínica Sant’Ana em Roma,[1] sendo o filho mais velho do Infante Jaime, Duque de Segóvia, o segundo de quatro filhos do rei Afonso XIII, com Dona Emmanuelle de Dampierre, filha de Roger, Duque de San Lorenzo e Dona Vittoria Ruspoli dos príncipes de Poggio Suasa. Os Segóvia viviam em Roma, onde o pai de Jaime mantinha uma corte desde que a família real espanhola havia fugido em exílio após a eleição de republicanos e socialistas na maiores cidades da Espanha de 1931.[2] Afonso foi batizado pelo Cardeal Eugenio Pacelli, que mais tarde se tornaria o Papa Pio XII, no Palazzo Ruspoli na Via del Corso em Roma, casa de sua avó materna.[1][3] Em 1941, Afonso e seus pais seguiram sua avó inglesa, a rainha Vitória Eugênia, para Lausana na Suíça. Eles viveram no Hotel Royal, antes de Afonso e seu irmão mais novo, Gonzalo, Duque da Aquitânia, serem enviados para o Collège Saint-Jean, que mais tarde se tornou a Escola Internacional Villa St. Jean, em Friburgo.[3] Em 8 de dezembro de 1946, Afonso e Gonzalo fizeram sua primeira comunhão, sendo crismados no mesmo dia pelo Cardeal Pedro Segura y Sáenz, Arcebispo de Sevilha.[3] Direito de sucessão ao trono espanholO filho mais velho do rei, Afonso, Príncipe das Astúrias, herdou a hemofilia de sua bisavó materna, a rainha Vitória do Reino Unido, mas mesmo assim foi considerado o herdeiro aparente da Espanha até a república ser estabelecida em 1931.[4] Em 1933, ele renunciou a qualquer reivindicação de herdar o trono espanhol, em caso de restauração, para se casar com uma plebeia cubana, Edelmira Sampedro-Ocejo, e mais tarde morreu de hemorragia interna após um pequeno acidente de carro em setembro de 1938.[4] O próximo na linha de sucessão, Infante Jaime, surdo e mudo, foi nesse mesmo dia persuadido a renunciar a sua pretensão e a de seus futuros descendentes ao lado de seu irmão mais velho, assumindo assim o título de Duque de Segóvia e abrindo caminho para que o terceiro filho do rei, Dom João, Conde de Barcelona, assumisse o primeiro lugar na linha de sucessão da dinastia exilada.[5] Não havendo necessidade de Segóvia obter uma aliança dinástica através do casamento, o passado nobre, porém não real de Emmanuelle de Dampierre foi visto com aprovação pelo rei e a rainha quando eles se casaram em Roma em 1935, e nenhum estilo ou título foram atribuídos a Afonso de Borbón-Segóvia y Dampierre na edição de 1944 do Almanaque de Gota.[6] Durante a guerra civil espanhola, que começou em julho de 1936, Francisco Franco emergiu como o caudilho do movimento falangista, derrubando a república e prometendo a restauração da monarquia, mas consolidando seu controle no poder. Após a morte de Afonso XIII em Roma em fevereiro de 1941, Franco escreveu a Dom João, Conde de Barcelona, reconhecendo-o como legítimo herdeiro do trono, embora sem convidá-lo a ocupa-lo, confirmando implicitamente que considerava Segóvia e seus filhos como excluídos da linha de sucessão.[5] Embora em 1947, após a derrubada das monarquias no Leste Europeu e na Itália, Franco tenha promulgado e os eleitores aprovado uma lei de sucessão que definia a Espanha como um reino, essa lei também autorizou Franco a decidir quem entronizar e quando.[5] Dom João respondeu emitindo o Manifesto do Estoril que afirmava a ordem tradicional de sucessão, e seguiu com comentários abraçando uma monarquia democrática.[5][7] A nova lei permitia que Franco ou seu sucessor escolhesse qualquer homem que fosse de linhagem real como rei, e Afonso foi mencionado naquele ano como uma possível alternativa a Dom João e seu filho, Juan Carlos, caso Franco considerasse o primeiro liberal demais para reinar sobre uma Espanha falangista.[5] Em dezembro de 1949, Segóvia retirou sua renúncia por coerção e alegou que era o legítimo pretendente à coroa espanhola.[5] As relações entre Dom João e Franco continuaram a se deteriorar e, em 1952, o ditador convenceu Segóvia a enviar seu filho mais velho à Espanha para ser educado sob sua orientação.[5] Relutantemente, Afonso mudou-se da Suíça para a Espanha, inicialmente para estudar direito na Universidade de Deusto e, em 1955, para frequentar o elitista Centro de Estúdios Universitarios (CEU).[5] Em 1956, Franco estava desviando patrocinadores de alguns eventos cívicos de Juan Carlos, que também estava sendo educado na Espanha sob a supervisão do caudilho, para Afonso.[5] Em 1964, Franco considerou Juan Carlos seu candidato preferido ao trono acima de seu pai, Dom João, mas também considerou que se ele desviasse da obediência à Franco ou da lealdade a seu Movimento Nacional, Afonso era uma alternativa adequada.[5] O maior apoiador de Afonso no governo de Franco foi José Solis, ministro e secretário-geral do Movimento Nacional.[5] Antecipando que Franco logo se ofereceria para declará-lo o próximo Rei da Espanha em vez de Dom João, em junho de 1969, Juan Carlos avisou seu pai que se ele recusasse a oferta de Franco, Afonso seria convidado a aceitar a coroa, no entanto Dom João recusou-se a consentir por sentir que o trono estava sendo usurpado de suas mãos.[5] Convidado por Juan Carlos para ser a principal testemunha na cerimônia que o declararia como sucessor e Príncipe da Espanha, Afonso imediatamente concordou e enviou alguns de seus apoiadores para visitar seu pai em Paris para persuadi-lo a não expressar nenhuma oposição publicamente.[5] Em troca de seu total apoio, Franco mais tarde nomeou-o como Embaixador da Espanha na Suécia.[5] Mas em junho de 1972, depois de assumir o cargo, Afonso informou ao ministro de relações exteriores de Franco, Laureano López Rodó, que considerava seu apoio condicional à lealdade contínua de seu primo à Espanha franquista. Ele sugeriu ainda que a lei de sucessão da Espanha deveria ser alterada para facilitar a substituição de Afonso ou a sucessão de Juan Carlos como herdeiro de Franco se as circunstâncias exigissem tal mudança.[5] Em 8 de março de 1972, no Palácio Real d'O Pardo em Madri, Afonso casou-se com Dona Maria del Carlen Martínez-Bordiú y Franco, filha de Dom Cristóbal Martínez-Bordíu, 10º Marquês de Villaverde, e de sua esposa, Dona Carmen Franco y Polo, sendo esta filha única de Franco e recebendo um título em 1975, tornando-se a 1ª Duquesa de Franco após a morte de seu pai. Afonso e Maria se separaram em 1979, receberam o divórcio civil em 1982 e a anulação eclesiástica em 1986. Em 22 de novembro de 1972, Franco concedeu a Afonso o título espanhol de Duque de Cádis com a dignidade Grandeza da Espanha, e ele recebeu o estilo de Sua Alteza Real. O título de Cádis pertencia ao tataravô de Afonso, o Infante Francisco de Asís. Direito de sucessão ao trono francêsComo a mãe de Afonso não nasceu princesa de ascendência real, seu avô, Afonso XIII, não considerou o jovem Afonso na linha de sucessão ao trono espanhol de acordo com a Sanção Pragmática de 1830. O pai de Afonso, Jaime, no entanto, chegou a afirmar que seus filhos eram de dinastia francesa com direito ao estilo de Sua Alteza Real, que Afonso apenas recebeu o direito em 1972 do ditador Francisco Franco.[8] Na Espanha, até 1972, Afonso era geralmente chamado de Dom Afonso de Borbón y Dampierre, mas em outros lugares, ele era frequentemente tratado como um príncipe.[6] Desde o seu nascimento, Afonso foi considerado um príncipe de sangue por aqueles legitimistas que acreditavam que Afonso XIII também era o herdeiro do trono francês. Quando seu avô morreu em 28 de fevereiro de 1941, o pai de Afonso, Jaime, o sucedeu nesta reivindicação francesa, e Afonso foi então reconhecido pelos legitimistas como Delfim da França. Em 25 de novembro de 1950, Afonso recebeu o título de Duque de Bourbon de seu pai. Em 1963, Alonso contratou o historiador francês e ardente monarquista Hervé Pinoteau como seu secretário particular. Pinoteau permaneceu com ele até sua morte.[9] Em 20 de março de 1975, o pai de Afonso, Jaime, morreu, e ele foi imediatamente reconhecido por seus apoiadores como Afonso II da França. Em 3 de agosto de 1975, ele recebeu o título de Duque de Anjou. Em 21 de janeiro de 1985, no 192º aniversário da morte de Luís XVI, Afonso esteve presente para a missa de réquiem na Chapelle expiatoire em Paris. Descendentes
Em 7 de fevereiro de 1984, Afonso estava dirigindo-se para casa com seus filhos, depois de uma visita aos Pirenéus. O seu carro colidiu com um caminhão. O seu filho mais velho, Francisco, morreu no acidente; o seu filho mais novo, Luís Afonso esteve no hospital durante um mês; Afonso foi submetido a seis operações. Um juiz decidiu que Afonso tinha sido negligente e retirou-lhe a custódia de Luís Afonso. Processo do Conde de Clermont contra o Duque de AnjouEm 1987, Henrique, Conde de Clermont, filho mais velho de Henrique de Orléans, Conde de Paris, o então pretendente orleanista ao extinto trono francês, iniciou uma ação judicial contra Afonso pelo uso do título de Duque de Anjou e da heráldica France Moderne, também conhecida como flor-de-lis. Henrique pediu ao tribunal que multasse Afonso em 50.000 francos franceses para cada violação futura. Em 1988, o Fernando, Duque de Castro e o Sixto Henrique de Bourbon-Parma juntaram-se ao processo de Henrique em referência ao uso do título de Duque de Anjou, mas não em relação ao brasão de armas. Em 21 de dezembro de 1988, o Tribunal de Primeira Instância de Paris decidiu que o processo era inadmissível porque a existência legal do título não pôde ser provada; que nem o demandante, Henrique, nem os intervenientes, Fernando e Sixto, estabeleceram suas reivindicações ao título; e que Henrique não foi ferido pelo uso da heráldica da França pelo ramo espanhol da família Bourbon.[10] Em março de 1989, após a morte de Afonso, os príncipes Henrique e Sixto apelaram da sentença no processo sobre o uso do título e heráldica por Afonso, mas a decisão original em favor de Afonso foi mantida. MorteDe 1977 a 1984, Afonso foi presidente da Federação Espanhola de Esqui e, de 1984 a 1987, presidente do Comitê Olímpico Espanhol.[11] Afonso morreu em um acidente de esqui em Beaver Creek Resort, Eagle County, Colorado, em 30 de janeiro de 1989,[11] decapitado por um cabo com o qual colidiu quando estava sendo erguido para apoiar uma faixa na linha de chegada no Campeonato Mundial de Esqui Alpino da FIS.[11] Referências
Bibliografia
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