Acquária
Acquária é um filme brasileiro de aventura e ficção científica dirigido por Flávia Moraes e lançado pela Fox Film do Brasil em dezembro de 2003. É protagonizado pela então dupla de cantores Sandy e Junior Lima.[3] O filme teve sucesso comercial abaixo do esperado,[4] atraindo cerca de 900 mil espectadores.[5] O roteiro foi recebido com críticas negativas, enquanto a produção e direção foram elogiadas e a performance do elenco recebida com críticas mistas ou positivas. SinopseO planeta Terra está devastado pela falta de água. Deserto e árido, restam neste lugar poucos seres vivos, que tiveram que se adequar ao novo bioma.[6] Isolados em pequenas comunidades, que vivem separadas por imensos desertos, está um grupo de pessoas que sobrevivem com a pesca e a água captada por um reservatório "ultra-moderno". Num passado não distante (cerca de 15 anos antes), este mesmo local era uma vila onde Bártok e Nara, dois importantes cientistas, trabalhavam no desenvolvimento de uma máquina que gerava água. Porém, seu plano foi abortado por um grupo de nômades mutantes que mataram o casal de cientistas e destruíram a vila, ficando nela somente o assistente do casal, Gaspar, e o filho do casal, Kim. A vila se tornou ponto de referência entre viajantes e músicos (Bártok também construía instrumentos musicais muito bons) e, às vezes, algumas comitivas paravam por lá para descansar ou fazer trocas. Numa dessas comitivas, o pequeno Guili foi deixado por seus pais que estavam muito doentes. Kim encontra Sarah no meio do deserto e a leva para casa. A aventura do filme acontece a partir daí. Elenco
Antecedentes e produçãoEm 2000, a diretora Flávia Moraes dirigiu a turnê Quatro Estações, da dupla Sandy & Junior, além de produzir outros dois videoclipes dos cantores.[8] Ali, surgiu a vontade de fazerem um filme juntos. Moraes entregou à dupla dois roteiros, um mais "romântico" e "poético" e outro mais focado na "aventura" e "animação"; os irmãos sentiram que, para que ambos pudessem se identificar, deveriam misturar o romance com aventura.[8] Em 2002, ela entregou o roteiro de Acquária, que foi aprovado pela dupla.[8] Moraes tem muitos prêmios de publicidade na carreira, porém, Acquária foi sua primeira produção cinematográfica.[9][10] "A gente não queria interpretar a gente mesmo. A gente não é ator. Dei o meu melhor nisso, mas nós somos cantores", disse Sandy.[2] Além de Sandy e Junior, integram o elenco de Acquária Emilio Orciollo Netto, Igor Rudolf, Milton Gonçalves, Alexandre Borges, Julia Lemmertz, Daniel Ribeiro e Serafim Gonzalez.[2] Moraes comentou sobre o enredo do filme:
As filmagens de Acquária duraram oito semanas e ocorreram em três estúdios construídos especialmente para o filme, fora as locações no deserto de Atacama, no Chile.[11] Foram utilizadas mais de mil toneladas de areia nos estúdios, além de muitos litros d'água e barras de gelo de dois metros de altura.[11] A equipe técnica era composta por 203 profissionais, que se dividiam entre cenografia, figurino, produção e marcenaria - a última devido aos cenários do filme serem feitos de madeira e a tecnologia aplicada os transformar em cenários imponentes.[11] Aproximadamente 35% das imagens foram manipuladas digitalmente. Por exemplo, Sandy e Junior nunca foram ao deserto do Atacama, devido a compromissos da agenda de shows. As cenas dos irmãos no planeta desolado foram todas gravadas em estúdio, reproduzindo o ambiente hostil com toneladas e mais toneladas de areia. "Muitos dos efeitos especiais de Acquária estão lá para não serem percebidos", afirma Flavia.[2] O orçamento total da produção foi de dez milhões de reais. Sete milhões foram para a produção, e o restante para mídia e divulgação.[12] Sandy descreveu sua personagem Sarah como "guerreira, cheia de habilidades e misteriosa."[8] Sandy aprendeu a manusear o bumerangue; Junior, Emilio Orciolo e Ígor Rudolf tiveram treinamento especial para interpretar seus personagens e atuar em cenários de fundo azul e fora da ordem cronológica dos fatos.[13] Sandy e Junior se prepararam para o filme com a ajuda do preparador de elenco Sérgio Penna.[8] Sandy comentou os treinos dizendo: "A gente fazia exercícios de correr, de respirar, de parar, de mudar ritmo de respiração, de se pegar, de se empurrar, de se arrastar, de rolar no chão."[8] A cenografia e o figurino de Acquária foram feitos exclusivamente para o longa. Fator incomum no Brasil, uma vez que vários cenários são repetidos em diferentes filmes alterando detalhes. Isto permitiu diversas possibilidades à equipe que, inclusive, fez bastante uso da reciclagem na produção de Acquária, principalmente de papelão, alumínio e madeira.[13] RecepçãoCrítica
A performance de Sandy e Junior, bem como do elenco como um todo, recebeu críticas geralmente positivas, assim como a produção e direção do filme. A maioria das críticas apontou como maior defeito do filme o seu roteiro; a história foi considerada "sem propósito" e "arrastada". Marcelo Hessel, do site Omelete, classificou a atuação de Junior como "boa" e disse que Sandy se saiu "muito bem no papel da bad-girl."[14] Hessel criticou o roteiro do filme dizendo: "[...] a impressão é ótima na primeira metade de Acquaria. Acontece que a introdução se estende demais. O conflito final pela água, previsto desde o início, demora a acontecer."[14] Pablo Villaça, do Cinema em Cena, afirmou que os irmãos "falharam" em "tentar fazer algo mais ambicioso", porém, elogiou a performance deles dizendo que "a dupla tem carisma e boa presença em cena". Villaça disse que os efeitos visuais "são apenas corretos" mas elogiou a direção de arte e sugeriu que o filme tomou influência de produções como Star Wars, O Senhor dos Anéis e Mad Max. Villaça criticou o roteiro: "[...] o fato é que Acquária é um filme sem propósito: os personagens ficam em um abrigo situado no meio do deserto e, ocasionalmente, saem para pescar ou jogar bola de gude, e só."[15] Villaça terminou a crítica dizendo:
Para Tony Pugliese, do Cineplayers, "quase tudo na película é descartável". Pugliese disse que o filme foi um pequeno avanço em se tratando de ficção científica no Brasil, mas criticou o desenvolvimento da história, o descrevendo como "bem lento". Ele destacou alguns pontos positivos, como cenário e maquiagem. Pugliese terminou dizendo que a produção "possuía um bom potencial", mas não "o aproveita em quase nada."[16] Felipe Bragança, da revista de cinema ContraCampo, descreveu Acquária como "corajoso" mas, "de certa forma, covarde e cínico na forma de se apresentar ao público". Ele descreveu Sandy e Junior como "no máximo, esforçados" e resumiu sua crítica afirmando: "[...] com um roteiro funcional, uma direção esmerada em mostrar habilidades desnecessárias e uma bela fotografia de Lauro Escorel, Acquária não consegue passar de um filme banal, básico, elementar de ficção científica, que repete (sem qualquer brilho de novidade) uma meia-dúzia de clichês do gênero, não se colocando diante deles com qualquer postura de interação senão a mimese canhestra".[17] Renato Marafon, do CinePOP, disse que "O filme é carregado de efeitos especiais, alguns bem feitos, alguns nem tanto" e que "a história é fraca e mal estruturada; eles não se preocupam em utilizar um tema tão importante para fazer uma história complexa e ficam parados no mesmo ponto do início ao fim do filme". Marafon avaliou a atuação dos irmãos dizendo que "Sandy está ótima como uma bad girl, e consegue segurar grande parte do filme. Junior fica meio perdido em frente à câmera, mas não prejudica a película". Ele finalizou a crítica chamando Acquária de "um marco no cinema nacional. Uma produção ao estilo Hollywoodiano coberta de efeitos especiais".[18] O site Cineclick afirmou que Acquária "tem enredo justificável e é tecnicamente impecável". Na resenha, o roteiro foi criticado: "Faltam os conhecidos pontos de virada do paradigma de Syd Field, ou seja, aquelas famosas mudanças no rumo da história responsáveis por manter a atenção do espectador".[19] Nelson Hoineff, do criticos.com.br, disse que Acquária tem o "mérito de ser um dos bons filmes estrangeiros feitos no Brasil".[21] Escrevendo para o Universo Online, o crítico de cinema Rubens Ewald Filho afirmou que "o filme apesar de [ser] bem realizado, não satisfaz o espectador". Rubens descreveu como "competente" e "precisa" a direção do filme e notou que, embora a escassez de água seja o tema central do longa, nunca chega "a ser um problema dentro do roteiro". Ele também justificou sua crítica negativa dizendo que "pouca coisa acontece" durante o filme: "Não basta ter uma direção competente e uma produção milionária, sem uma história que interesse e convença".[10] O crítico resumiu sua resenha dizendo:
Sandro Macedo, da Folha de S.Paulo, opinou: "Apesar das boas intenções dos protagonistas – que não fazem um produto de apelo fácil, como Xuxa e seus duendes –, o resultado final fica devendo. O elenco de apoio, que conta ainda com Milton Gonçalves, é subaproveitado. Não há conflitos ou clímax, fica tudo na ameaça".[22] Em outra contribuição à Folha de S.Paulo, Sérgio Dávila deu ao filme 3 de 5 estrelas e apontou defeitos e qualidades. Dávila disse que o longa tem "qualidades técnicas" e que "a obra cumpre com muito talento seu papel de representante [brasileira] no gênero de Solaris – o cenário desolado, aliás, lembra o do filme de [Andrei] Tarkovski. Assim, seria injusto classificar o filme como apenas um veículo para a dupla de irmãos e ícones pós-teen Sandy e Junior. OK, quase não há cena em que um deles não apareça, mas o seu desempenho dramático não compromete o todo." Dávila terminou afirmando: "Há problemas, claro: a diretora cai em alguns vícios da sci-fi, como o estereótipo do velho-sábio-que-fala-estranho (o Obi-Wan Kenobi aqui é Milton Gonçalves), os diálogos forçados (todo o linguajar do gênero, já ridículo em inglês, parece ficar ainda mais inverossímil em português), e o ator-mirim, que por vezes pode ser irritante. E há músicas. Mas mesmo elas não chegam a incomodar de todo. São não mais do que cinco, incluindo uma bonita versão de 'Planeta Água', de Guilherme Arantes".[20] O Guia da Semana escreveu: "O enredo de Acquária é meio que uma mistura de Mad Max com um Waterworld ao contrário, com doses de sabedoria de Star Wars".[1] Em uma crônica bem humorada ao seu blog, Lola Aronovich afirmou que "Tirando as partes complicadíssimas da trama, o filme é assistível".[23] BilheteriaEm sua estreia, foi exibido em 340 salas para 148.787 pessoas, enquanto o primeiro colocado, Irmão Urso, foi exibido em 265 salas para 161.862 pessoas.[13] Foi o oitavo filme nacional mais visto no Brasil em 2004.[24] Segundo O Estado de S. Paulo, o filme atraiu cerca de 800 mil espectadores.[24] A Quem citou o número de 850 mil,[4] enquanto algumas fontes afirmam que ele tenha atingido a marca de 1 milhão[25][26] e outras falam em até 1,5 milhão de espectadores.[27] Prêmios e indicações
ProdutosEm dezembro de 2003, chegaram às lojas de brinquedos do Brasil bonecas inspiradas em Sarah, personagem de Sandy. O brinquedo, que foi produzido pela Baby Brink, tem 1,05m de altura e um mecanismo que a permite andar.[28] Também foram lançados outros produtos relacionados ao filme, como revista, livro, álbum de figurinhas, "volta às aulas", acessórios, confecção, calçados, promoções, brinquedos, alimentos e cosméticos.[29] Na época, Malu Moreira, diretora de novos negócios da Imagine Action, estimava fechar ao redor de 20 contratos, que iriam resultar em cerca de 150 itens relacionados ao filme.[29] A pretensão era de que o logo Acquária extrapolasse o filme e virasse uma "grife ecológica". A marca também não teria relação com a imagem dos irmãos, sendo independente da marca Sandy & Junior.[29] Acquária: O Jogo foi desenvolvido pela Green Land Studios para PC. No jogo, há a opção de escolher entre Sarah e Kim para percorrer as dez fases.[30] Referências
Ligações externas
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