Ácron

Imagem da região anterior de um anelídeo. O prostômio está apontado em azul, e o peristômio está apontado em vermelho.

O prostômio é a região mais anterior do corpo de um anelídeo, sendo identificada como o primeiro “anel” no corpo desses seres. Essa região, normalmente, comporta o gânglio cerebral desses animais, mas em Clitellata esse gânglio pode aparecer em outros segmentos. Nos indivíduos com desenvolvimento indireto, o prostômio surge a partir da metamorfose da larva trocófora, sendo derivado da porção chamada episfera.[1][2][3][4]

Os anelídeos possuem uma boca ventral, e essa, geralmente, pode ser encontrada entre o prostômio e o peristômio, ou apenas no peristômio. Dorsalmente, também entre prostômio e peristômio, podem ser encontrados um par de órgãos nucais com função sensorial, os quais podem apresentar-se em longas projeções, ou como um robusto lobo carnoso.[5][6]

O prostômio pode ou não apresentar apêndices. Quando presentes, esses apêndices podem ser antenas e palpos. As antenas apresentam função sensorial, enquanto os palpos podem variar entre função sensorial e de alimentação. A presença desses apêndices, seja de ambos os tipos, ou de apenas um, é de grande importância para a classificação dos anelídeos. A posição e morfologia dessas estruturas, quando presentes, também são de grande valor para análises filogenéticas desses indivíduos.[7]

Por não ser uma estrutura derivada da zona de crescimento, o prostômio não é considerado um metâmero (ou segmento) verdadeiro. Pela definição, apenas aneis com câmara celômica derivados da zona de crescimento podem ser classificados como metâmeros verdadeiros. Esse é o mesmo caso para o peristômio e o pigídio, que se originam de porções diferentes da hiposfera, a região basal da larva trocófora.[1]

Note que prostômio e ácron são estruturas diferentes. O ácron é um pré-segmento na região mais anterior do corpo do organismo, que antecede o primeiro segmento verdadeiro. Enquanto que o prostômio é uma estrutura descrita apenas em anelídeos[3][8][9], apesar de também ser sucintamente citada em moluscos[10], o ácron está presente nos onicóforos e nos artrópodes, dois filos dos Panarthropoda[3][8][9][10]. Dentre os artrópodes, estão inclusos os crustáceos, os hexápodes (como os insetos) e os quelicerados (como as aranhas), e não consta nos miriápodes (como a centopeia), embora estes últimos apresentem ácron.[3][8][9][10]

Referências

  1. a b BLEIDORN, Christoph; HELM, Conrad; WEIGERT, Anne; AGUADO, Maria T. (2015). «Capítulo 9 Annelida». Evolutionary Developmental Biology of Invertebrates 2: Lophotrochozoa (Spiralia). Viena, Áustria: Springer-Verlag 
  2. BULLOCK, Theodore H. (1965). «Annelida». In: BULLOCK, Theodore H.; HORRIDGE, G. Adrian. Structure and function in the nervous system of invertebrates - Volume 1. São Francisco, EUA: Freeman  line feed character character in |título= at position 45 (ajuda)
  3. a b c d BRUSCA, Richard C.; MOORE, Wendy; SHUSTER, Stephen M. (2018). «Capítulo 14 Filo Annelida | Vermes Segmentados (e Alguns Não Segmentados)». Invertebrados. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan 
  4. Fauchald, Kristian; Rouse, Greg (1997). «Polychaete systematics: Past and present». Zoologica Scripta 
  5. Nogueira, João M. de M. (2011). Tese de Livre-Docência. «Taxonomia e Morfologia de Annelida Polychaeta, com ênfase em Sabellidae, Serpulidae, Syllidae e Terebellidae» 
  6. Purschke, Günter (1997). «Ultrastructure of Nuchal Organs in Polychaetes (Annelida) — New Results and Review». Acta Zoologica 
  7. FAUCHALD, Kristian (1977). The Polychaete Worms Definitions and Keys to the Orders, Families and Genera. Los Angeles, EUA: Natural History Museum of Los Angeles County 
  8. a b c PECHENIK, Jan A. (2016). «Capítulo 13 Anelídeos». Biologia dos Invertebrados. Porto Alegre: Artmed 
  9. a b c STEINER, Tatiana M.; NOGUEIRA, João M. de M.; AMARAL, Antonia C. Z. (2016). «Capítulo 19 Annelida». In: FRANSOZO, Adilson; NEGREIROS-FRANSOZO, Maria Lucia. Zoologia dos Invertebrados. Rio de Janeiro: ROCA 
  10. a b c FERREIRA, Aurélio B. de H. (1999). FERREIRA, Marina B.; dos ANJOS, Margarida, eds. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. pp. 44 e 1653 
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