Piper Maru
"Piper Maru" é o décimo-quinto episódio da terceira temporada do seriado televisivo de ficção científica The X-Files. Sua estreia ocorreu em 9 de fevereiro de 1996, na emissora de televisão norte-americana Fox. Escrito por Chris Carter e Frank Spotnitz e dirigido por Rob Bowman, é a primeira parte de uma sequência de dois episódios que apresentam ao público o "óleo negro", entidade biológica capaz de adentrar o corpo de seres humanos. Sua continuação é o episódio Apocrypha. O desenvolvimento do script foi feito inicialmente por Carter com base em duas imagens que ele tinha visto e que desejava incluir em um dos episódios da série "desde seu início". No episódio, Mulder (David Duchovny) e Scully (Gillian Anderson) investigam os misteriosos acontecimentos que levaram a tripulação do navio francês Piper Maru a um estado crítico de saúde, ocasionado por exposição direta à radiação. Os investigadores descobrem que, durante a busca que faziam no oceano pacífico pelos destroços de um avião da Segunda Guerra Mundial, os marinheiros mantiveram contato com um material de alta radioatividade, que acabou levando-os a morte. Em meio a investigação, Mulder acaba descobrindo que Krycek (Nicholas Lea) obteve acesso a fita digital que contém informações sobre as atividades paranormais ocorridas em todo o planeta e que está vendendo esses arquivos a um informante em Hong Kong. Logo após o lançamento, "Piper Maru" obteve resposta favorável tanto por parte da crítica especializada quanto por parte dos telespectadores. O episódio foi elogiado e destacado por muitos resenhistas em suas publicações, e obteve uma das maiores audiências do show durante seu período original de transmissão. Nos Estados Unidos, cerca de 16 milhões de americanos assistiram a estreia do capítulo em fevereiro de 1996, o que deu ao mesmo uma média de 10.6 na Nielsen Ratings. ProduçãoConcepçãoO conceito do episódio foi desenvolvido com base em duas imagens que o autor Chris Carter quis incluir em um dos episódios da série "desde seu início". A primeira delas mostrava um mergulhador encontrando um piloto ainda vivo preso aos destroços de um avião de combate da Segunda Guerra Mundial; a segunda mostrava um flashback em preto-e-branco de um submarino. A inspiração partiu ainda de um momento no qual o diretor Rob Bowman compartilhou suas experiências de mergulho com Carter e afirmou que um episódio baseado no achado de algo "arrepiante" no fundo do mar seria uma boa ideia.[1] Além disso, Carter também queria que o episódio fizesse uma reapresentação dos "Documentos MJ" que haviam sido exibidos anteriormente em "Paper Clip".[2] Frank Spotnitz começou a trabalhar no capítulo imediatamente após ter produzido o episódio "731", concluindo o restante do conceito durante um voo para Mineápolis. Spotnitz incluiu ao conceito pré-produzido por Carter a investigação do assassinato da irmã de Scully e o ressurgimento de Alex Krycek. Essas ideias foram inicialmente escritas dentro de uma revista, já que, durante a viagem, o autor não levava papel consigo. O título do capítulo é uma homenagem à filha da atriz Gillian Anderson, que nasceu durante o desenvolvimento da temporada anterior. Foram utilizados tanto o primeiro quanto o segundo nome da jovem Piper Maru para compor o título do episódio. O nome do personagem Gauthier é uma homenagem ao nome do produtor de efeitos especiais David Gauthier.[1] Filmagens e pós-produçãoO trecho inicial do episódio foi gravado em um tanque de água, utilizando uma réplica do P-51 Mustang que foi criada pelo diretor de arte.[1] Robert Maier, o homem que aparece dentro do avião no fundo do oceano, havia trabalhado como coordenador de construção da série antes de atuar na mesma.[3] Maier revelou que sua participação no show fez com que se realizasse um de seus "sonhos de longa data", que era o de trabalhar como dublê.[4] A cena na qual Scully relembra as brincadeiras de infância que teve com sua irmã foi filmada utilizando um recurso para inserir as crianças em um plano digital paralelo a imagem de Anderson como a versão adulta da personagem.[1] O diretor Rob Bowman pediu que a atriz direcionasse sua atuação e olhares para uma árvore que colocada no cenário, que servia para simular as crianças. Durante a gravação, Bowman brincou com Anderson afirmando que "iria contar a todos que pudesse" que ela havia feito aquela "excelente reação emotiva para uma árvore". Houve ainda uma refilmagem da cena final do episódio, na qual Duchovny e Nicholas Lea andavam em direção à câmera, e ao passarem por ela, a cena continuava. Na segunda versão, quando os atores se aproximam, a imagem é cortada. Ao término da gravação, o diretor brincou mais uma vez com o elenco, em especial com Lea, afirmando que este "pularia na frente de um caminhão se conseguisse fazer uma cena melhor".[1] As aparições do "óleo negro" nas cenas do capítulo foram produzidas através de efeitos visuais, através dos quais o efeito deste cintilando nos olhos dos atores foi desenvolvido e inserido na pós-produção. A equipe de produção realizou testes de forma repetida a fim de encontrar a forma certa do fluido negro. De acordo com o funcionário David Gauthier, que trabalhou na criação dos efeitos visuais físicos, foi utilizada uma mistura de óleo e acetona, que ele acreditava ter dado a substância uma aparência mais semelhante a globular.[5] Quando o conteúdo físico foi desenvolvido, o técnico em efeitos visuais digitais Mat Beck pode inserir o óleo no glóbulo do elenco.[4] Nos créditos, o nome de Nicholas Lea foi colocado em último lugar, a fim de manter a surpresa a respeito de sua participação. Durante uma entrevista, Gillian Anderson afirmou ter achado esses um dos episódios mais complexos da série em termos emocionais. Ela declarou: "'Piper Maru' foi um desafio. Havia algo nele - ter que reviver o passado... o modo como ele colocou o presente e o passado juntos. Foi simplesmente muito bom gravá-lo".[6] Em resposta, o diretor Kim Manners elogiou o trabalho da atriz no capítulo, afirmando: "Você olha para a primeira temporada, depois olha para a terceira temporada e vê que aquela garota cresceu em termos de capacidade e talento".[7] EnredoPiper Maru, um navio de resgate francês, está em uma expedição de busca no Oceano Pacífico. Gauthier (Ari Solomon), um dos membros da tripulação, mergulha no mar e descobre os destroços um avião de combate da Segunda Guerra Mundial a alguns metros de profundidade. No interior do avião, Gauthier avista um homem ainda vivo com uma substância preta percorrendo seus olhos. A câmera através da qual o marinheiro transmitia imagens aos tripulantes da embarcação tem sua transmissão cortada no mesmo momento, e algumas horas depois, o marinheiro retorna ao barco, completamente confuso e com a mesma substância preta do homem no fundo do mar em seus olhos.[8] Em Washington, o diretor-assistente Skinner (Mitch Pileggi) avisa a Scully (Gillian Anderson) que as investigações sobre o assassinato de sua irmã foram suspensas, devido a falta de provas. A notícia causa revolta na agente federal. Na seção dos Arquivos-X, Mulder (David Duchovny) conta a Scully sobre a história do Piper Maru, que ao atracar em um porto em San Diego trouxe consigo uma tripulação completamente ferida pelo que acredita-se que tenha sido uma exposição à radiação. Mulder crê que o acidente com os marinheiros tem algo a ver com uma nave espacial que supostamente foi localizada pelo governo no mesmo local. A dupla de agentes decide então investigar o caso, e descobre que apenas um dos homens que estavam a bordo ficou ileso aos efeitos da radiação: Gauthier. Em seguida eles visitam o navio e descobrem algumas pistas importantes, como uma substância oleosa em torno dos trajes de mergulho de Gauthier e que os tripulantes haviam localizado um P-51 Mustang. Simultaneamente, Gauthier retorna a sua casa e, enquanto procura desesperadamente por um papel, é surpreendido por sua esposa, Joan. A mulher se assusta com o comportamento do marido, e quando o questiona sobre o motivo de suas ações, é atacada por ele, que transfere o misterioso óleo para seu corpo.[8] Na sequência, Scully visita um dos ex-colegas de exército de seu falecido pai, em busca de mais informações sobre o P-51 Mustang. Ao ser questionado sobre seu conhecimento a respeito do avião, o Comandante Johansen (Robert Clothier) diz não saber nada sobre o mesmo. Ao mesmo tempo, Mulder vai a casa de Gauthier e o encontra caído ao chão da cozinha, coberto pela mesma substância oleosa encontrada no traje de mergulho. Ele também encontra o papel de uma corretora em meio a vários documentos revirados, e decide visitar o local em busca de informações. Ao chegar lá, ele conhece a "secretária" Jeraldine, a quem questiona sobre o paradeiro do "Sr. Kallenchuk", suposto dono do local. Jeraldine diz que o "patrão" está no exterior, e quando Mulder deixa o escritório, foge. Ele a segue, e logo em seguida a corretora é invadida por um grupo de homens. Enquanto se dirige a saída do local onde mora o Comandande Johansen, Scully é parada pelo mesmo, que lhe revela saber sobre o P-51 Mustang. Johansen conta a ela que durante a Segunda Guerra Mundial ele e outros oficiais foram encarregados de localizar um avião de bombardeio que estava a bordo do submarino Zeus Faber. A aeronave carregava uma bomba atômica com poder de fogo semelhante ao da bomba explodida em Hiroshima durante a Guerra, e estava sendo escoltado por diversos P-51's, incluindo o que foi localizado pelo Piper Maru. Ele recorda-se de como seus colegas ficaram feridos ao serem expostos ao composto e de um motim dos mesmos contra seu capitão, que não queria permitir a saída dos tripulantes do navio. Ao descobrir a informação, Scully avisa Mulder, que está em Hong Kong atrás de Jeraldine. Além dos dois, a esposa de Gauthier também viaja para o país.[8] Em Hong Kong, Mulder descobre que Jeraldine é uma informante que vende arquivos secretos do governo americano. Ele força a traidora a levá-lo ao seu escritório, onde descobre que Krycek (Nicholas Lea) é sócio de Jeraldine, e que ele está tentando vender a fita digital que contém informações sobre a existência de vida extraterrestre. Um grupo de homens invade o prédio, e no mesmo momento, Krycek consegue escapar e Mulder se desprende de Jeraldine, com quem havia se algemado pouco antes. A mulher é baleada, e quando os homens que a perseguem entram no escritório, avistam Mulder fugindo pela janela. Enquanto eles o olham, Joan entra no local e expõe todos a luz brilhante, que os deixa com queimaduras iguais aos dos tripulantes expostos à radiação. Nos Estados Unidos, Skinner é baleado por um homem em um café. Scully é avisada sobre o incidente e dirige-se ao hospital. De volta a Hong Kong, Mulder encontra Krycek no aeroporto e obriga a levá-lo até a fita digital. Krycek pede para antes de levá-lo ao local ir ao banheiro. No local, ele depara-se com Joan, que transmite o óleo negro para seu corpo. Ao sair do banheiro, Krycek deixa o aeroporto na companhia de Mulder e infectado pelo organismo.[8] RepercussãoRecepção da crítica, audiência e legado
No geral, "Piper Maru" foi recepcionado de forma positiva pela crítica contemporânea. Em uma análise da terceira temporada, o Entertainment Weekly destacou o episódio como um dos melhores do terceiro ano de série, pontuando-lhe com um A. A análise afirmou que o trabalho de Mulder como detetive ao longo da trama é "repleto de ação" e destacando sua complementação em meio a "um cenário já crepitante".[9] Todd VanDerWerff do The A.V. Club também pontuou o capítulo com um A, definindo ele e sua continuação como o melhor conjunto de episódios duplos feito para o seriado. VanDerWerff estabeleceu uma diferença entre esse segmento e a sequência "Nisei" / "731", afirmando que o primeiro apresenta-se algo "mais emocional, [...] que permite a Scully lamentar a morte de sua irmã e trazer de volta o maior vilão de Mulder, Alex Krycek". O resenhista destacou também a criação do "óleo negro", definindo-a como possivelmente "a mais original e assustadora" criação da mitologia de The X-Files.[10] O site Den of Geek's também destacou o "óleo negro" como um dos pontos altos do seriado, listando-o em segundo lugar em seu top 10 dos "malvadões" da saga.[11] Além de revisões positivas, "Piper Maru" também conquistou uma alta audiência durante sua exibição original nos Estados Unidos. Transmitido pela primeira vez em 9 de fevereiro de 1996 através da Fox Broadcasting Company, o episódio registrou uma audiência de 16.44 milhões de telespectadores, com share de 10,6% segundo a Nielsen Ratings. No momento da transmissão, o share total era de 18%, o que indica que a maior parte dos televisores ligados no momento estavam assistindo a série.[6] A história desse capítulo teve grande importância na construção do legado de The X-Files. O "óleo negro", que tornou-se extremamente significativo para a mitologia do seriado, foi apresentado pela primeira vez neste capítulo, o que contou como ponto positivo para o desenvolvimento de sua popularidade em meio aos fãs.[10] A trama serviu ainda de inspiração para a criação de outros projetos de arte e cinema, entre eles o filme Alien Vs. Predator, no qual um navio com o mesmo nome do que aparece na história foi utilizado, em homenagem a série.[12] Histórico de transmissão
Notas
Referências
Ligações externas
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