Pedro de Portugal, conde de Urgel
Pedro Sanches de Portugal ou Pedro I de Urgel (em catalão Pere de Portugal ou Pere I de Urgell; Coimbra, 23 de Fevereiro de 1187[1] – Maiorca, 2 de Junho de 1258) foi um Infante de Portugal, Conde consorte (1229-1231) e conde titular de Urgel (1231-1236), e por fim, senhor das Baleares, desde 1236 até à sua morte. Primeiros anosPedro era o segundo filho varão[2] do Rei Sancho I de Portugal, filho de Afonso I de Portugal e Mafalda de Saboia, que por sua vez era a segunda ou terceira filha do conde Amadeu III de Saboia e Mafalda d'Albon.[3][4] A mãe de Pedro era Dulce de Aragão, filha da rainha Petronila de Aragão e do conde Raimundo Berengário IV de Barcelona,[5] portanto irmã do rei Afonso II de Aragão. Pedro nasceu 23 de março, (X kalendas Aprilis) de 1187 após o herdeiro do trono, o Infante Afonso.[2] O problema sucessório de Sancho IA 26 de março de 1211, falecia em Coimbra Sancho I.[6] O seu testamento, de outubro de 1209[7] era claroː dividia as suas maiores porções entre o herdeiro, Afonso II de Portugal, e as suas irmãs Teresa, Sancha e Mafalda,[8] legando às três, sob o título de rainhas, a posse de alguns castelos no centro do país - Montemor-o-Velho, Seia e Alenquer -, com as respectivas vilas, termos, alcaidarias e rendimentos). Este testamento provocou violentos conflitos internos (1211-1216) entre Afonso II e as suas irmãs, pois Afonso recusava cumprir o testamento[9] numa tentativa de centralizar o poder régio e impedir a acumulação exagerada de bens pela Igreja e pela Ordens onde as suas irmãs ingressaram. Pedro terá tomado, juntamente com uma boa parte da nobreza, o partido das irmãs Mafalda, Sancha e Teresa,[9][10] às quais o pai entregara em herança a posse de três castelos (os de Seia, Alenquer e castelo de Montemor-o-Velho) e o título de rainhas nos seus domínios, contra o novo soberano, o irmão Afonso II. Pedro acolheu-se no reino que fora da sua irmã Teresa, o Reino de Leão,[8] e foi mordomo-mor e alferes.[11] A partir daí lançou ataques às fronteiras do reino, tendo inclusivamente tomado algumas praças transmontanas, mas acabou por sair derrotado. A disputa teria tido alcance internacional, pois interveio o rei Afonso IX de Leão, que veio defender a ex-mulher, Teresa, a pedido desta, conquistando Coimbra.[9] Para equilíbrio de forças, interveio também, a favor de Afonso II, o rei Afonso VIII de Castela.[9] Após uma guerra de cinco anos, o partido luso-castelhano declarou-se vencedor.[9] Entre Leão, Marrocos e AragãoA mordomia leonesaA vitória de Afonso fez com que Pedro se refugiasse no Reino de Leão, onde a sua irmã Teresa (uma das aguerridas opositoras de Afonso II) fora rainha, e onde governava o seu ex-cunhado, Afonso IX de Leão, seu aliado no conflito sucessório. Obtém dele o cargo de Mordomo-mor (que cuida da residência régia), que retém de 23 de setembro de 1223 a 18 de agosto de 1230.[12] De mercenário em Marrocos a conde de UrgelÀ morte do rei Afonso IX de Leão, partiu para servir como mercenário em Marrocos, ao serviço do Miramolim almóada[13][14] (Amir al-Mu'minin, comandante dos crentes).[15] Continuou as suas funções no Reino de Aragão e no Principado da Catalunha, na altura governados pelo sobrinho, Jaime I de Aragão, que o acolhe benevolentemente.[15] O rei concede-lhe uma propriedade em Camp de Tarragona.[16] Dando sequência a tradição familiar de procurar casamento na Catalunha, Pedro contraiu matrimónio, a 11 de julho de 1229,[17] em Valls, com Aurembiaix, condessa de Urgel,[13] a única filha do conde Ermengol VIII e Elvira Nunes de Lara, por sua vez filha do conde Nuno Peres de Lara[18] e de sua esposa a condessa Teresa Fernandes de Trava, filha do conde Fernão Peres de Trava e de Teresa de Leão.[19][20] Aurembiaix havia assinado anteriormente um acordo de concubinato com Jaime I, que pretendia queo condado revertesse para a coroa caso a condessa não tivesse filhos[21] (o contrato é publicado em Historia de los condes de Urgel, Tomo I).[22] Pedro torna-se assim conde consorte de Urgel. Mas Pedro não era o primeiro marido de Aurembiaix; esta já havia sido antes casada, mas havia-se separado do primeiro marido, Álvaro Peres de Castro O Castelhano,[13][23] com quem esteve casada entre 1212 e 1228, para ter apoio na reconquista de Urgel, afugentando as pretensões Guerau IV de Cabrera.[24] Em 1228, Álvaro separara-se da sua mulher, mas, casará de novo; e aqui surge a mais improvável das coincidências: a segunda esposa foi de Álvaro foi Mécia Lopes de Haro, que mais tarde desposaria Sancho II de Portugal.[23] Conde de UrgelEm 1230, fez um juramento de fidelidade ao agora seu suserano e rei de Aragão, Jaime I.[25] Ajudou, ainda nesse ano, o bispo de Tarragona a conquistar a ilha de Ibiza aos mouros. Por morte da sua esposa em setembro de 1231,[26] e de acordo com a vontade testamentária da condessa,[27][28] Pedro tornou-se no conde de facto de Urgel, herdando os bens da esposa que em seu testamento de 11 de agosto de 1231 cedeu a seu esposo totius terre nostre et comitatus Urgelli cum omni iure quod in eo habeo, e seus herdades em Valladolid e na Galiza.[27] Para além de começar a enfrentar uma disputa do filho de Guerau (anterior pretendente ao condado) Ponçe IV de Cabrera, teve de enfrentar o próprio rei aragonês, uma vez que a vontade de Aurembiaix ia contra o acordo de concubinato assinado anos antes. Uma vez que Pedro também não teve filhos de Aurembiaix, o condado deveria reverter para a Coroa, e tal não aconteceu.[29] Senhor das BalearesO escambo com UrgelChegou-se a um acordo contratual entre ambos, em 29 de setembro de 1231,[30] tendo o rei Jaime I entregue o seu domínio feudal do reino de Maiorca[27] (após a sua conquista aos mouros com as ilhas de Menorca,[26] Ibiza e Formentera, e ainda os castelos de Pollença, Alaró (ambos nas Baleares) e Almudaina (em Alicante), ao jovem príncipe português que assumiu o título de Senhor das Baleares.[31] (em seu testamento de 9 outubro de 1255, diz Die gratia regni maioricarum domini), escambando-os pela posse do condado de Urgel. Urgel acabaria por reverter, em 21 de janeiro de 1236, para Ponçe IV de Cabrera.[26] Desta forma a casa real de Barcelona incrementou a sua influência sobre o condado de Urgel, vindo cerca de um século mais tarde a apoderar-se deste condado. O governo das BalearesEste escambo foi notável para a Casal Real Portuguesa, que via assim um seu membro governar as Ilhas Baleares. Até em França, o seu sobrinho, o conde Afonso de Bolonha o cita como senhor de Maiorca (patruus noster P. dominus regni Majoricarum).[32] Até 1244, ocupou-se do seu senhorio, participando em nova conquista de Ibiza, em 1235.[16] Sabe-se que nessa data ganhou alguns senhorios a norte de Valência: Morella, Almenara, Castelló e Segorbe, por participa com Jaime I na conquista de Valência (1245).[16] Entre Portugal e MaiorcaEm 1247, voltou a Portugal para ajudar o novo rei, Afonso III de Portugal, nas suas conquistas, como o cerco de Sevilha. Os que defendem que perdeu Maiorca, referem que a voltou a obter entre 1250 e 1251.[16] Faleceu em 1258, restituindo Maiorca ao rei de Aragão, Jaime I. Pedro foi sepultado na Igreja de São Francisco de Maiorca.[12] DescendênciaApesar de não ter tido descendência legítima de Aurembiaix, Pedro teve dois filhos bastardos:[33]
Referências
Bibliografia
Ligações externas
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