NRP Afonso de Albuquerque

NRP Afonso de Albuquerque
NRP Afonso de Albuquerque
NRP Afonso de Albuquerque em 1935
   Bandeira da marinha que serviu
Construção Hawthorn Leslie and Company
Lançamento 1935
Patrono Afonso de Albuquerque
Período de serviço 1935 - 1961
Estado Destruído em combate
Destino 18 de dezembro de 1961
Características gerais
Deslocamento 1780 t (padrão)
2440 t (máximo)
Comprimento 100 m
Boca 13,49 m
Calado 3,81 m
Propulsão 2 caldeiras Yarrow e 2 turbinas acopladas Parsons, com 2 eixos
Velocidade 20 nós
Autonomia 18 000 km a 10 nós
Tripulação 189

O NRP Afonso de Albuquerque foi um navio da Marinha Portuguesa, destruído, em combate, durante a Invasão de Goa em 1961.

O navio foi o primeiro dos avisos de 1ª classe da classe Afonso de Albuquerque, construídos para a Marinha Portuguesa, em 1935. Como aviso colonial a sua função principal era a defesa da soberania de Portugal no seu Império Ultramarino. Nessa função, o navio estava sobretudo, vocacionado para apoiar desembarques anfíbios e a ação de tropas em terra.

Depois da Segunda Guerra Mundial, o Afonso de Albuquerque foi equiparado a uma fragata, recebendo o número de amura "F470".

O navio passou a maioria da sua carreira em serviço nos oceanos Índico e no Pacífico, patrulhando os territórios portugueses do Oriente.

O último combate

Foi justamente numa missão no Índico que a carreira do Afonso de Albuquerque chegou ao fim, defendendo Goa da invasão da União Indiana. No final de 1961 o navio, sob o comando do capitão de mar e guerra António da Cunha Aragão, encontrava-se na dependência do Comando Naval da Índia Portuguesa, baseado em Goa. Era, naquela altura, a única unidade naval significativa da Marinha Portuguesa na Índia, já que, algum tempo antes, tinham sido retirados da área os três outros escoltadores oceânicos que a acompanhavam, inclusive o seu irmão gémeo, o NRP Bartolomeu Dias.

Na madrugada do dia 18 de dezembro de 1961, estando no porto do Mormugão, o navio recebe a comunicação de que tinha sido iniciada a invasão inimiga de Goa, entrando em postos de combate. Durante a manhã, o Afonso de Albuquerque assegura as comunicações entre as Forças Portuguesas na Índia e Lisboa, em virtude da destruição das infraestruturas de telecomunicações em terra, duramente bombardeadas pela Força Aérea Indiana.

Às 09h00 o Afonso de Albuquerque detecta, ao largo do porto do Mormugão, um grupo de três fragatas, que constitue a ponta de lança da força naval da União Indiana, que inclui o porta-aviões Vikrant e mais de uma dezena de cruzadores, contratorpedeiros, fragatas e outros navios. Às 11h00 o porto do Mormugão e o vizinho aeroporto são bombardeados, a grande altitude, pela Força Aérea Indiana.

Às 12h00, as fragatas da Marinha Indiana entram no porto e abrem fogo de artilharia. Ao mesmo tempo, o comandante do Afonso de Albquerque ordena que o navio levante âncora e se dirija aos navios inimigos para os enfrentar, não sem antes agarrar nos retratos de Oliveira Salazar e Américo Thomaz, que estavam no navio, e, atirando-os borda fora, diz: "Vamo-nos bater por Portugal, não por estes gajos", tendo este gesto custado-lhe as estrelas de Almirante[1]. Entretanto, para Lisboa, o navio transmite a sua última mensagem "Estamos a ser atacados. Respondemos.".

A artilharia do Afonso de Albuquerque atinge uma das fragatas indianas, que se retira do combate. No entanto, a fragata indiana é logo rendida por um contratorpedeiro que entra também no combate. Entretanto, o Afonso de Albuquerque é também atingido pelo fogo inimigo.

Às 12h20, quando tentava manobrar no espaço confinado do porto, de modo a poder utilizar toda a sua artilharia, o Afonso de Albquerque é, novamente, atingido, ocorrendo uma explosão em que fica gravemente ferido o seu comandante. Cunha Aragão manda o imediato assumir o comando do navio e ordena-lhe que não se renda.

Às 12h35, já com as caldeiras e as máquinas atingidas, a guarnição do Afonso de Albuquerque encalha-o na praia de Bambolim para ser usado como bataria de artilharia fixa.

Continuando o navio a ser duramente atingido, às 12h50 é dada ordem para o pessoal não essencial para o abandonar. O resto da guarnição continua em combate até cerca das 13h10.

Durante o combate calcula-se que o Afonso de Albuquerque tenha disparado quase 400 tiros de artilharia, sofrendo, a sua guarnição, 5 mortos e 13 feridos. O navio enfrentou um inimigo que, face ao maior número de navios e à maior rapidez de tiro das suas armas, tinha uma vantagem de cerca de 90 para 1. A heroicidade da guarnição do Afonso de Albuquerque foi reconhecida pelo próprio inimigo, sendo Cunha Aragão visitado no hospital, pelos comandantes dos navios que enfrentou.

Depois de capurado, o navio foi rebatizado "Saravasti" pelos indianos, sendo rebocado para Bombaim.

Referências gerais

Ver também